Érico Castro. Um tanque inspirado em Adriano no ataque do Petro de Luanda

Avançado Érico Castro vai estrear-se no Girabola

Um dos avançados que vinha a marcar mais golos nas últimas épocas no Campeonato de Portugal, mas que por uma razão ou por outra não chegou às ligas profissionais, o possante Érico Castro é reforço do vice-campeão angolano Petro de Luanda para 2021-22.

 

A menos de um mês de comemorar o 29.º aniversário, este atacante superou a dezena de golos nas duas últimas épocas (14 em 2019-20 e 12 em 2020-21), ambas ao serviço do Louletano, clube que acreditou nele depois de um ano praticamente sem jogar no Felgueiras, devido a uma gravíssima lesão. Em temporadas anteriores já tinha chegado aos dois dígitos com as camisolas de Mineiro Aljustrelense (15 em 2014-15) e Real SC (13 em 2016-17).

 

Nos dois anos que passou em Loulé, fez da robustez física (1,85 m e 80 kg) uma das suas principais armas. Autêntico tanque, utiliza o corpo para aguentar as cargas e segurar bem a bola, o que lhe dá mais possibilidades de encontrar linhas de passe ou de enquadrar-se com a baliza.

 

Dotado de grande facilidade de remate, não precisa de grandes cerimónias para disferir um potente pontapé na bola com o seu pé esquerdo bem calibrado. De fora da área ou à boca da baliza, está sempre preparado para armar o remate, mostrando-se muito oportuno e com os olhos na baliza.

 

Agressivo no ataque à bola, trabalha muito e dá muito trabalho a quem está pela frente. Luta pela conquista da bola até à última gota de suor e pressiona os defesas da equipa adversária durante a fase inicial da construção de jogo, reduzindo-lhes o espaço e obrigando-os a decidir rapidamente. Não é difícil de imaginar que os marcadores diretos suspirem de alívio aquando do apito final.

 

Por terem algumas características idênticas, Érico faz questão de ver vídeos do antigo ponta de lança brasileiro Adriano para procurar inspiração. “Tenho um jogador que ainda hoje vejo vídeos dele, que é o Adriano, ponta de lança brasileiro que jogou no Inter, porque a nível de características acho que temos algumas semelhanças. Mas aprecio vários pontas de lança, principalmente aqueles que têm faro de golo. Para mim essa é a diferença entre um bom ponta de lança e um ponta de lança banal”, confessou, em entrevista a O Blog do David.

 

 

 

Sobrinho de Freddy e à espera de um convite da seleção

Embora tenha nascido em Lisboa, Érico Castro é filho de pais angolanos – pai de Malanje e mãe de Lobito –  e entre os três e os 14 anos viveu em Luanda, tendo deixado o país após apanhar malária. No final da época passada, numa altura em que o Girabola esteve vários meses parados e havia poucos avançados angolanos a marcar golos, o agora reforço do Petro alimentou a possibilidade de representar os Palancas Negras.

 

“Confesso que acompanhei de forma muito atenta estas convocatórias e vi que foram convocados alguns jogadores do Campeonato de Portugal. Também vi que tiveram alguns casos de covid-19 que obrigaram a algumas mudanças de última hora. Fiquei bastante atento porque pensei que poderia ter uma oportunidade de mostrar que consigo ser útil para a seleção nacional. Mas infelizmente não aconteceu. Portanto só me resta continuar a trabalhar, estar bem no meu clube e, se o selecionador me chamar, mostrar que estou pronto e posso ser útil à seleção nacional”, revelou o atacante, que agora terá a oportunidade de mostrar mais de perto o que vale a Pedro Gonçalves, naquela será a sua primeira experiência fora de Portugal.

 

Caso venha a somar internacionalizações, vai seguir as pisadas do tio, Freddy. “Quando era mais novo lembro-me de a família juntar-se toda na sala para ver o meu tio Freddy a jogar pela seleção. Quando fui fazer de apanha-bolas no Estádio da Cidadela no treino da seleção, ia com o meu pai para ver a seleção treinar e já naquela altura dizia que um dia iria estar ali”, afirmou, em entrevista ao O Blog do David.

 

 

Um bom indicador para Érico é o facto de já ter sido contactado pela Federação Angolana, que se quis inteirar da documentação angolana do jogador. “Poucas pessoas sabiam da minha dupla nacionalidade. Sei que acompanham o meu trabalho aqui em Portugal, a mim só me cabe trabalhar muito e bem no clube, estar bem no campeonato e esperar que a minha oportunidade chegue”, afirmou na altura.

 

Na mesma entrevista, o agora ex-avançado do Louletano admitiu que gostava de experimentar o Girabola, um campeonato “bastante duro”, com “equipas muito boas, com muita qualidade”.