Dez jogadores emblemáticos da história dos Palancas Negras |
Nação independente desde 11 de
novembro de 1975, Angola
é representada por uma seleção
nacional de futebol desde 8 de fevereiro de 1976, quando os Palancas
Negras disputaram o primeiro jogo da sua história, numa derrota com o
Congo em Brazzaville (2-3).
No ano seguinte, a 26 de junho de
1977, a seleção
angolana defrontou pela primeira vez uma congénere não africana, Cuba,
tendo vencido por 1-0.
Porém, foram necessários mais ano
para ver Angola
disputar uma qualificação para um Campeonato
do Mundo, no caso o de 1986, tendo sido eliminada pela Argélia.
Ainda assim, havia ainda mais e
melhor para conseguir. Em 1996, a seleção
angolana participou pela primeira vez numa Taça
das Nações Africanas, tendo repetido a presença em 1998, 2006, 2008, 2010,
2012, 2013 e 2019.
Em 2008 e 2010, neste último ano na condição de anfitriã, logrou os melhores
desempenhos no CAN:
os quartos de final.
Antes, em 2006, viveu o momento
mais alto da sua história ao participar no Campeonato
do Mundo da Alemanha, despedindo-se dignamente com dois empates e uma
derrota (diante de Portugal) nos três jogos da fase de grupos.
Em pouco mais de 44 anos de
história, Angola
construiu a maior vitória da sua história em 23 de abril de 2000, quando goleou
a Suazilândia por 7-1 em Luanda. Três meses depois ascendeu ao 45.º lugar do
ranking FIFA, a posição mais alta que alguma vez ocupou na hierarquia do
futebol mundial.
No total, mais de três centenas
de futebolistas vestiram a camisola dos Palancas
Negras. Vale por isso a pena recordar os dez que o fizeram por mais
vezes.
10. António Neto (59 jogos)
António Neto |
Defesa que fez toda a carreira no
1º de Agosto, desde o início da década de 1990 até pouco depois da viragem do
milénio, teve um percurso paralelo ao serviço da seleção
angolana, tendo somado 59 internacionalizações entre 1992 e 2001.
A estreia aconteceu no Cairo, a
11 de outubro de 1992, numa derrota entre o Egito (0-1) durante a fase de
qualificação para o Mundial
1994. Já a despedida aconteceu nove anos depois, a 14 de novembro de 2001, numa
derrota com Portugal em Lisboa (1-5), num encontro que terminou mais cedo do
que o previsto por escassez de jogadores angolanos
em campo – o que aconteceu também por culpa de António Neto, um dos quatro
jogadores expulsos.
Pelo meio, marcou um golo com a
camisola dos Palancas
Negras numa visita ao Zimbabué (2-1) em 31 de janeiro de 1993, numa
partida relativa ao apuramento para o Mundial
1994, e esteve em todos os jogos que Angola
disputou nas Taças
das Nações Africanas de 1996 e 1998.
9. Job (64 jogos)
Job |
Ricardo Job Estevão tinha apenas
19 anos e ainda jogava no ASA quando se estreou pela seleção
angolana a 4 de abril de 2007, numa receção em Cabinda ao Congo, num
encontro que terminou empatado a zero.
Depois o extremo transferiu-se
para o Petro de Luanda e tornou-se num jogador emblemático do emblema tricolor,
ao qual já está vinculado desde 2008, e somou mais 63 internacionalizações.
Durante este período apontou sete
golos pelos Palancas
Negras, o primeiro dos quais ao Benim a 1 de junho de 2008, num
encontro de qualificação para o Mundial
2010.
Embora se mantenha no ativo e
tenha protagonismo no Petro de Luanda, já não joga pela seleção
desde 9 de setembro de 2018, quando defrontou o Botsuana em Luanda numa partida
da fase de apuramento para o CAN
2019.
Em 2010, o “miúdo maravilha”
efetuou dois jogos na Taça
das Nações Africanas que se disputou em solo africano, numa altura em que
estava a ser apontado ao Benfica.
8. Mateus Galiano (68 jogos)
Mateus Galiano |
Outro atacante que ainda está no
ativo, mas este com um histórico maior na seleção
angolana e também no futebol europeu. A data da estreia pela equipa
nacional não é consensual, uma vez que as várias bases de dados remetem para
diferentes jogos e porque há dúvidas sobre o reconhecimento oficial de algumas
competições em que as seleções angolanas participam.
O zerozero
considera que a estreia aconteceu a 18 de julho de 2004, num duelo com o
Botsuana para a Taça COSAFA 2004, quando o avançado estava vinculado ao
Sporting. Já o transfermarkt
refere que o primeiro jogo foi numa receção ao Zimbabué em outubro desse ano,
quando Mateus representava o Casa Pia, da II Divisão B portuguesa. Por outro
lado, as bases de dados RSSSF e
National
Football Teams dizem que a estreia aconteceu somente a 29 de abril de
2006, frente às Maurícias, numa goleada por 5-1 em que até marcou, numa fase em
que já jogava na I Liga lusa com a camisola do Gil Vicente.
Os dados, como se pode ver,
carecem da confirmação de uma entidade oficial, mas de acordo com as bases de
dados que consideramos mais fidedignas, Mateus terá um total de 67
internacionalizações e 12 golos pelos Palancas
Negras.
O que é certo é que Mateus participou
no Mundial
2006 e nas edições de 2008, 2012, 2013 e 2019
da Taça
das Nações Africanas. Com 15 encontros disputados, é o futebolista angolano
com mais jogos em fases finais.
7. André Macanga (70 jogos)
André Macanga |
Internacional pela primeira vez a
26 de setembro de 1999, numa vitória sobre a Namíbia (1-0) em Luanda na
primeira mão da final da Taça COSAFA, que os Palancas
Negras viriam a conquistar. Nessa altura, o médio representava o
Salgueiros, na I Liga portuguesa.
Seguiram-se mais 69
internacionalizações e dois golos, à Costa do Marfim em novembro de 2007 e a
Malta em outubro de 2009.
Entretanto, participou no Campeonato
do Mundo de 2006 e nas edições de 2006, 2008 e 2012 da Taça
das Nações Africanas. Foi precisamente no CAN
2012 que se despediu da seleção
angolana, com uma derrota às mãos da Costa do Marfim, a 30 de janeiro.
No ano seguinte pendurou as botas
e tornou-se treinador, tendo feito parte da equipa técnica da Angola
em 2014 e 2016, chegando a assumir interinamente o cargo de selecionador.
Atualmente orienta o Recreativo do Libolo.
6. Kali (73 jogos)
Kali |
Central possante, que começou a
carreira nas divisões secundárias de Portugal, no Montijo e no Barreirense,
chegou à I Liga portuguesa e à seleção
angolana quase em simultâneo, no segundo semestre de 2001. A 14 de novembro
desse ano, já na condição de jogador do Santa Clara, estreou-se pelos Palancas
Negras num jogo diante de Portugal que não chegou ao fim.
Entretanto estabeleceu-se como um
titular indiscutível na equipa nacional de Angola,
tendo vencido a Taça COSAFA 2004 e marcado presença no Mundial
2006 e nas edições de 2006, 2008, 2010 e 2012 da Taça
das Nações Africanas.
Em 73 internacionalizações, não
marcou qualquer golo. O último jogo foi a 22 de dezembro de 2011, com a
Namíbia, mas ainda foi chamado para o CAN
2012, prova em que não foi utilizado.
5. Yamba Asha (77 jogos)
Yamba Asha |
Lateral esquerdo que se
evidenciou no 1º Maio Benguela (1995 a 1999), ASA (2000 a 2006) e Petro Luanda
(2007 e 2011), estreou-se pela seleção
angolana a 9 de abril de 2000 numa vitória no Suazilândia (1-0) em jogo a
contar para a fase de qualificação do Mundial
2002.
A partir daí estabeleceu-se como uma
peça importante nos Palancas
Negras, tendo contribuído para as conquistas da Taça COSAFA em 2001 e
2004. Também foi influente no apuramento para o Campeonato
do Mundo de 2006, mas falhou a fase final após um teste antidoping
positivo.
Voltaria à seleção
após o Mundial
e ajudou a carimbar a qualificação para o CAN
2008, a única fase final em que viria a participar, tendo disputado os quatro
jogos de Angola.
Despediu-se da equipa nacional
num empate a zero com os Camarões em Portugal a 14 de outubro de 2009,
encerrando aí um percurso de 77 internacionalizações e um golo, apontado ao
Níger a 8 de junho de 2008, num jogo da fase de qualificação do Mundial
2010.
4. Akwá (78 jogos)
Akwá |
Um dos principais rostos da
ascensão da seleção
angolana desde a segunda metade da década de 1990 até à participação no Mundial
2006. Tanto assim foi que que Akwá estreou-se pelos Palancas
Negras durante a qualificação para o CAN
1996, o primeiro em que Angola
marcou presença, e despediu-se após o último jogo no Campeonato
do Mundo.
Este avançado tinha apenas 17
anos e tinha acabado de trocar o Nacional de Benguela pelo Benfica
quando se estreou pela seleção
angolana, a 8 de janeiro de 1995, numa vitória sobre Moçambique em Luanda
(1-0). Três meses depois, marcou os dois primeiros golos pela equipa nacional
num triunfo caseiro sobre a Guiné Conacri (3-0).
Depois de ter estado no CAN
1996 quando representava o Alverca
por empréstimo de águias,
também esteve no de 1998, numa fase em que estava vinculado à Académica, e
contribuiu para o triunfo na Taça COSAFA 2001, já depois de se ter mudado para
o futebol do Qatar, onde permaneceu durante oito anos.
A 8 de outubro de 2005 escreveu a
página mais bonita da história do futebol
angolano ao apontar o golo de uma vitória no Ruanda que assegurou o apuramento
para o Mundial
2006, despedindo-se da seleção
na fase final do torneio, tendo sido titular nos três jogos.
14 anos volvidos, é ainda o
melhor marcador de sempre dos Palancas
Negras, com 39 golos.
3. Love Cabungula (79 jogos)
Love Cabungula |
Love serviu a seleção
entre 2001 e 2016, o que faz dele um dos jogadores com maior longevidade de
sempre na equipa nacional de Angola.
Afinal, foram 15 anos e 82 dias entre a primeira e a última internacionalização.
Ainda assim, foi sempre uma espécie de eterno suplente, por culpa da feroz
concorrência de Akwá, Flávio, Mantorras ou Manucho.
A estreia pelos Palancas
Negras aconteceu a 7 de janeiro de 2001, numa vitória sobre o Lesoto no
Essuatíni (2-0). Seguiram-se mais 78 internacionalizações e 11 golos, tendo
vencido a Taça COSAFA 2004 e marcado presença nas edições de 2006, 2008, 2010 e
2012 da Taça
das Nações Africanas, assim como no Campeonato
do Mundo 2006.
Despediu-se aos 37 anos, a 29 de
março de 2016, numa derrota às mãos da RD Congo (0-2) num jogo de qualificação
para a CAN
2017. Paralelamente, fez carreira no Girabola
com as camisolas de ASA, 1º de Agosto, Petro de Luanda, Kabuscorp, Recreativo
de Caála e Sagrada Esperança.
Após pendurar as botas tornou-se
treinador e desde 2018 que integra os quadros da Federação Angolana de Futebol.
2. Gilberto (89 jogos)
Gilberto |
16 anos e 14 dias foi o tempo que
passou entre a primeira e a 89.ª e última internacionalização do médio/extremo
esquerdo Gilberto. A estreia aconteceu a 20 de junho de 1999, quando tinha
apenas 16 anos, num empate em Luanda diante da África do Sul (2-2), a contar
para o CAN
2000.
Dois anos depois venceu a CAN
sub-20 e a Taça COSAFA e participou no Campeonato
do Mundo de sub-20, numa campanha que só terminou nos oitavos de final aos
pés da Holanda de Van der Vaart, Huntelaar e Arjen Robben.
Entretanto trocou o Petro de
Luanda pela melhor equipa africana da altura, os egípcios do Al Ahly, e
tornou-se um dos imprescindíveis da seleção
angolana, tendo feito grande parte do apuramento para o Mundial
2006. Porém, sofreu uma grave lesão no tendão de Aquiles que o fez falhar não
só a fase final do Campeonato
do Mundo como a do CAN
2006.
Ainda assim, foi a tempo de
participar por quatro vezes na Taça
das Nações Africanas, em 2008, 2010, 2012 e 2013. O percurso de 16 anos, 89
internacionalizações e 10 golos foi encerrado a 4 de julho de 2015, numa
vitória sobre a Suazilândia (2-0) em Luanda.
22 dias depois, num jogo do seu
Benfica de Luanda frente ao Progresso do Sambizanga, caiu repentinamente
inanimado, ficou inconsciente durante 20 minutos e acabou por pendurar as botas
na sequência desse incidente. Entretanto trocou o relvado pelo gabinete e é
atualmente o coordenador da formação do Petro de Luanda.
1. Flávio (91 jogos)
Flávio |
Mais um avançado que participou
ativamente nos anos dourados da seleção
angolana. Após ter despontado no Petro de Luanda, Flávio estreou-se pela
equipa nacional num empate diante de Argélia (2-2) em Luanda a 8 de outubro de
2000, a contar para a fase de qualificação para o CAN
2002.
Entretanto foi conquistando
progressivamente o seu espaço, apesar da concorrência de Akwá, Mantorras e
Love, tendo participado ativamente na qualificação para o Mundial
2006, no qual fez história ao tornar-se o primeiro – e por enquanto único –
jogador angolano
a marcar um golo num Campeonato
do Mundo, e logo no único jogo que disputou. Em Leipzig, na Alemanha,
Flávio entrou aos 51 minutos e apenas precisou de nove em campo para marcar ao
Irão, disferindo um bom golpe de cabeça ao segundo poste na sequência de um
cruzamento de Zé Kalanga a partir do flanco direito.
Antes já tinha brilhado no CAN
2006, prova em que marcou três golos. Repetiu esse registo no CAN
2010. No currículo conta ainda com participações nas edições de 2008 e 2012 da Taça
das Nações Africanas. Foi precisamente no último CAN
que disputou, em 2012, que encerrou a sua carreira internacional de 91 jogos e
34 golos, despedindo-se num empate (2-2) com o Sudão.
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