Zé Tiago é um daqueles casos de
um jogador com grande talento mas que não consegue aparecer na I Liga. Chegou
aos 26 anos ao segundo escalão pela porta do Sp. Covilhã, passou por Desp. Aves
e Académica, mas é no Mafra que desde a época passada me divirto a vê-lo
jogar.
Canhoto, experiente (31 anos) e
dotado de baixo centro de gravidade (1,67 m), qualidade técnica apurada e visão
de jogo periférica, é o organizador de jogo da formação do oeste. Depois de ter
atuado quase sempre a extremo às ordens de Filipe Martins durante a temporada
transata, ainda que com grande tendência para aparecer por dentro, com Vasco
Seabra passou definitivamente para a zona central, onde goza de grande
liberdade de movimentos.
Com um toque de bola açucarado e grande
critério na tomada de decisão, aparece muito no chamado espaço entrelinhas, a
zona cinzenta entre a linha defensiva e a linha média do adversário, onde não
precisa de muito tempo para definir com qualidade numa fase já adiantada das
jogadas de ataque. Porém, o seu raio de ação não se esgota nos últimos 40
metros da faixa central. Bem pelo contrário. Também gosta de recuar para
procurar a bola, tocá-la, ganhar confiança e começar a organizar o jogo a
partir de uma zona mais recuada. Mas também aparece nos flancos a criar
superioridade numérica junto do lateral e do extremo, assim como na área a dar
uma alternativa às movimentações do ponta de lança em plena zona de
finalização. No fundo, dá a ideia de estar em todo o lado, como se fosse
omnipresente.
Embora se sinta bastante
confortável em ataque posicional, contexto que lhe permite desfrutar mais do talento
e cultura tática que possui, também tem uma participação importante nas saídas
rápidas da equipa mafrense para o ataque, conduzindo a bola com qualidade e
entregando-a no timing ideal ao
companheiro mais adequado com grande precisão.
Por o Mafra precisar dele com as
ideias e as pernas fresca, Vasco Seabra poupa-o um pouco das tarefas
defensivas, colocando-o ao lado do ponta de lança no sistema de 4x4x2 que adota
para o processo defensivo, não o obrigando a correrias desenfreadas, ainda que
Zé Tiago não se alheie completamente da missão coletiva de defender. É o que
acontece com os craques.
Sem comentários:
Enviar um comentário