Cinco dos sete espanhóis que representaram o Vitória FC |
A amostra da presença de
espanhóis no Vitória
de Setúbal ainda é curta e remonta a dois períodos: início da década de 1960 e final da de 1990, com ventos e casamentos para todos os gostos para os lados do Bonfim.
Antes de Julio
Velázquez, apresentado esta segunda-feira como novo treinador
dos sadinos, houve um treinador e seis jogadores que passaram pelo
emblema sadino, um com mais sucesso do que os outros.
Embora os setubalenses
tenham mais de um século de história, só no início da década de 1960 entre 1997 e 1999 contou
realmente com representantes do país de nuestros hermanos.
Curiosamente, dois deles naturais das canárias. Vale a
pena recordá-los.
José Antonio Barrios |
22
anos antes de Velázquez, o Vitória
foi orientado por José
Antonio Barrios, antigo
jogador de Tenerife, Granada, Barcelona, Hércules e Levante, que
chegou à beira-Sado com 58 anos. Após pendurar as botas, Barrios
dedicou-se aos trabalhos de campo e de gabinete, tendo dado um forte
contributo para o ressurgimento do Tenerife na década de 1980, que
culminou com a promoção à I Liga espanhola em 1989, e passado por
clubes mais modestos como San Lorenzo, Orotava, Mensajero e Atlético
Arona.
Foi
treinador dos sadinos
entre novembro de 1997 e abril de 2008, tendo recebido e entregado a
equipa em 14.º lugar. Entre suceder a Manuel
Fernandes após a 9.ª jornada e ser substituído por Carlos
Cardoso depois da 28.ª, somou seis vitórias, quatro empates e nove
derrotas (e um saldo 21-24 em golos) em 19 jogos para o campeonato,
numa fase em que o conjunto vitoriano já tinha sido eliminado da
Taça de Portugal. El Tigre,
como é carinhosamente tratado em Santa Cruz de Tenerife, deixou o
cargo após duas derrotas consecutivas fora de casa, às mãos de
Belenenses e Académica. Teve como principal destaque, pela positiva,
uma vitória no Bonfim
sobre o Sporting (2-0), com golos de Carlos Manuel e Chiquinho Conde.
Toñito |
Uns
meses antes de Barrios, chegou a Setúbal outro canário, António
Jesús García González, mais conhecido por Toñito.
Médio ofensivo de 20 anos descoberto por Manuel
Fernandes na equipa B do Tenerife, teve algumas dificuldades em
impor-se durante a primeira época, 1997-98, tendo atuado em 22 jogos
em todas as condições, mas apenas 12 na condição de titular,
tendo apontado dois golos. Na temporada seguinte deu nas vistas pela
garra, polivalência e velocidade e assumiu-se como titular
indiscutível e marcou cinco golos, um dos quais numa vitória sobre
o Benfica no Bonfim
em maio de 1999. No total, efetuou 47 partidas e faturou por sete
vezes com a camisola sadina.
Depois,
transferiu-se de forma polémica para o Sporting, pois o Tenerife
reclamava ser detentor dos direitos desportivos do futebolista e
vendeu-os aos leões, enquanto o Vitória estava a negociar com o FC
Porto por entender que tinha direito de opção sobre o jogador e que
este tinha assinado por quatro anos. Na altura, o presidente sadino
José Sousa e Silva estimou em “mais de um milhão de contos [cerca
de cinco milhões de euros]” os prejuízos decorrentes da perda do
médio. O processo arrastou-se pelos tribunais nos anos seguintes,
mas o jogador mostrou-se grato ao clube, em declarações
proferidas ao Record em setembro de 2014: “O Vitória
de Setúbal foi muito importante para a minha carreira e nunca me
esqueço do clube.”
Arroyo |
Já
com Barrios à frente da equipa, o Vitória
recrutou o central Arroyo,
que atuava no Granada, na II Divisão B espanhola. Natural de
Alicante, apenas disputado cinco partidas pelos sadinos, mas quase
todas de seguida, entre 25 de janeiro e 1 de março de 1998. Nesses
cinco jogos, os setubalenses somaram quatro derrotas, salvando-se um
ponto no empate caseiro com o Varzim. A gota de água para o defesa
de 24 anos foi uma expulsão por acumulação de amarelos nas Antas,
não tendo voltado a jogar até final da época. Depois prosseguiu a
carreira nas divisões inferiores espanholas, em clubes como
Benidorm, Novelda, Lanzarote, Mazarrón, Dénia e Dolores.
Carlos Gómez |
Na
época seguinte, já sem Barrios e Arroyo mas ainda com Toñito, a
formação então orientada por Carlos Cardoso recrutou Carlos
Gómez, guarda-redes
espanhol mas filho do antigo guarda-redes internacional português
Carlos Gomes, que se notabilizou no Sporting antes de defender as
balizas de Granada e Oviedo. Ainda que sem grande currículo, o
portero de 25 anos
chegou ao Bonfim depois de ter passado pelos juniores do Sporting,
pelos espanhóis de Granada, Jaén e Córdoba, todos na II Divisão B
espanhola, e pelo Trofense, na II B portuguesa. Pelos sadinos
disputou somente três encontros, os três primeiros do campeonato de
1998-99. após oito golos sofridos e apenas um pontosomado, Carlos
Cardoso decidiu dar a titularidade a um jovem chamado Marco Tábuas.
Depois de um ano em Setúbal, Gómez voltou a Espanha para
representar o Motril (II B).
Mais difícil de descortinar foi a presença espanhola no Vitória no início da década de 1960, uma vez que não existem registos na Internet de três jogadores que representaram o clube nesse período. Vale-nos esse enorme arquivo que é a memória de Fernando Tomé.
Victoriano Suárez |
O mais mediático desse tempo é Victoriano Suárez, que jogou em Setúbal em 1961-62, depois de ter brilhado no Sp. Covilhã. Natural de Redondela, nos arredores de Vigo, terá marcado oito golos em 21 jogos à beira-Sado, ajudando a equipa a subir à I Divisão e a chegar à final da Taça de Portugal, jogo que Suárez não disputou. Antes de chegar aos serranos em 1955-56, este possante avançado representou o Hércules na I Liga espanhola.
Também em 1961-62 representaram o emblema vitoriano os espanhóis Faustino (guarda-redes) e Liz.
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