Foi o único distrito de Portugal
continental a gerar um Bola de Ouro, Luís Figo, mas não se ficou pelo antigo
extremo de Sporting, Barcelona, Real Madrid e Inter de Milão. Também Albano e António
Simões (Seixal), Octávio Machado (Palmela), Paulo Futre e Ricardo (Montijo), José
Augusto e Fernando Chalana (Barreiro), Carlos Manuel, Diamantino Miranda e Manuel
Fernandes (Moita), entre outros, foram alguns dos que nasceram naquele que outrora
foi considerado um viveiro de craques.
O futebol no distrito
de Setúbal perdeu força ao longo das décadas. O Vitória
de Setúbal deixou de ser um crónico candidato às competições europeias, os
dois históricos do Barreiro
andam num constante sobe e desce entre campeonatos nacionais e distritais, Montijo
e Seixal reergueram-se recentemente nas cinzas sob nova designação e o Amora
procura consolidar um lugar no Campeonato de Portugal. O Cova
da Piedade tem dado recentemente um ar de sua graça, mas o sonho de
promoção à I Liga torna-se rapidamente uma miragem a cada época desportiva.
Porém, desengane-se quem pensa
que deixaram de nascer craques no distrito de Setúbal. Eles andam aí. Eis a
lista dos 11 jogadores mais valiosos da atualidade, segundo o transfermarkt. No total, é um conjunto
de futebolistas que está avaliado em 132,5 milhões de euros.
Aylton Boa Morte |
11. Aylton Boa Morte (1,5 milhões de euros)
Natural do Laranjeiro, em Almada,
este sobrinho do antigo internacional português Luís Boa Morte tem vindo a dar
cartas no Portimonense, equipa em que vai assumindo o papel de titular
indiscutível, aos 26 anos. Extremo tal como o tio, deu os primeiros passos no
futebol federado no Cova
da Piedade, tendo ainda representado Amora e Beira-Mar
de Almada nas camadas jovens. Iniciou-se no futebol sénior noutro emblema
do distrito
de Setúbal, o Pinhalnovense,
mas foi evoluindo noutras paragens até atingir a I Liga ao serviço do Estoril.
No entanto, mudou-se para Portimão em janeiro de 2019.
10. Gonçalo Silva (1,5 milhões de euros)
Gonçalo Silva |
Formado no Barreirense
quando o Campo da Verderena ainda era um duro pelado e servia várias vezes por
semana de superfície de um mercado de levante, este defesa central foi
percorrendo todos os escalões do clube da terra até chegar à equipa principal
ainda com idade de júnior, em 2009-10. Porém, o Vitória
de Guimarães mostrou estar atento e recrutou-o na época seguinte,
emprestando-o em seguida ao Lousada. Seguiram-se várias temporadas na II Liga
ao serviço de Atlético e Sp. Braga B, mas depois de duas temporadas sem
oportunidades no plantel principal dos minhotos, rumo ao Belenenses
(SAD), onde se estabeleceu no patamar maior do futebol português e conquistou
o estatuto de capitão que hoje enverga, aos 28 anos.
9. Marco Matias (1,5 milhões de euros)
Marco Matias |
Natural do Barreiro
tal como Gonçalo Silva, também se iniciou bem cedo nas camadas jovens do Barreirense.
Porém, este extremo conseguiu captar a atenção do Sporting ainda numa fase
precoce, tendo estado ligado ao emblema de Alvalade até ao segundo ano de sénior.
Após concluir a formação, esteve emprestado a Varzim, Fátima e Real,
mas não conseguiu garantir o bilhete de regresso. À semelhança do conterrâneo,
foi recrutado em 2010-11 pelo Vitória
de Guimarães, onde vingou após dois empréstimos ao Freamunde. No verão de
2014 transferiu-se para o Nacional
da Madeira, onde protagonizou uma temporada brilhante, com 21 golos em
todas as competições. Após uma época na Choupana, rumou ao Sheffield Wednesday,
no segundo
escalão do futebol inglês, onde permaneceu durante quatro temporadas. Depois
de algum tempo sem clube, assinou recentemente pelo… Belenenses
SAD de Gonçalo Silva, aos 30 anos.
8. André Horta (4,5 milhões de euros)
Natural de Almada, não teve o
trajeto habitual de começar no clube da terra antes de chegar a um grande. André
Horta começou a jogar no futebol de formação do Benfica antes de completar
10 anos, mas saiu do centro de estágios do Seixal após o primeiro ano de
juvenil e assinou pelo Vitória
de Setúbal, clube que o catapultou para o futebol profissional ainda com
idade de júnior. Após época e meia na equipa principal dos sadinos, regressou
ao Benfica, onde foi campeão nacional. Depois foi cedido ao Sp. Braga e
transferiu-se para os norte-americanos dos Los Angeles FC, mas no verão de 2019
deixou o soccer para regressar aos minhotos. Aos 23 anos, vai brilhando nos
relvados portugueses.
Rúben Vezo |
7. Rúben Vezo (6 milhões de euros)
Com ascendência cabo-verdiana,
Rúben Vezo nasceu em Setúbal e foi lá que se iniciou no futebol, nas escolas de
Os
Pelezinhos. Dois anos depois, chegou ao principal clube da cidade, o Vitória,
onde prosseguiu a sua formação até atingir a equipa sénior. Tinha acabado de
completar 18 anos quando José Mota o convocou pela primeira vez, mas teve de
esperar mais ano e meio para ser lançado às feras. Meia temporada no plantel
principal dos sadinos,
logo no primeiro ano de sénior, foi o que bastou para que o jovem central
captasse o interesse do Valencia, que o contratou em janeiro de 2004. Desde
então que permanece no futebol espanhol, estando agora, aos 25 anos, ao serviço
do Levante.
6. Bruno Martins Indi (6,5 milhões de euros)
Bruno Martins Indi |
Filho de um guineense e de uma
portuguesa, nasceu no Barreiro a 8 de fevereiro de 1992, mas aos três meses
emigrou com os pais para Roterdão, na Holanda. E foi nesse país que se fez
futebolista, primeiro no Spartaan ’20, depois no gigante Feyenoord, clube que o
catapultou para o futebol profissional e para a seleção holandesa, pela qual se
estreou aos 20 anos. Quis o destino que em 2014 este central canhoto tivesse regressado
a Portugal para exercer a sua profissão, pela porta do FC Porto, então
orientado por Julen Lopetegui, que o contratou por 7,7 milhões de euros. Porém,
após duas épocas abaixo das expetativas no Dragão
foi emprestado aos ingleses do Stoke City, que em 2017 o contrataram em
definitivo também por 7,7 milhões de euros.
5. Ricardo Horta (9 milhões de euros)
Ricardo Horta |
Irmão mais velho de André
Horta, nasceu na Sobreda, no concelho de Almada, mas foi no Ginásio
Corroios onde se iniciou no futebol. Tal como o mano, também foi muito cedo
para o Benfica e acabou igualmente por rumar ao Vitória
de Setúbal quando as oportunidades escassearam no centro de estágios do
Seixal. Após duas boas temporadas nos juniores, foi entrando aos poucos na
equipa sénior e revelou-se na época 2013-14, sob a orientação de José
Couceiro, tendo apontado sete golos no campeonato. Seguiram-se duas épocas
nos espanhóis do Málaga, teve dificuldades em afirmar-se, e depois regressou a
Portugal pela porta do Sp. Braga. Aos 25 anos, é uma das figuras do emblema
minhoto e reclama um regresso à seleção nacional, pela qual jogou uma vez em
setembro de 2014, num encontro de má memória diante da Albânia (0-1), em
Aveiro.
4. Rúben Vinagre (10 milhões de euros)
Lateral esquerdo de grande
projeção ofensiva natural da Charneca de Caparica, concelho de Almada, deu os
primeiros passos no futebol no Barreirense,
onde não estou muito tempo, pois o Sporting chegou-se à frente. Porém, passou
duas épocas no Belenenses
antes de se afirmar na Academia de Alcochete. Ainda com 16 anos emigra para o Monaco
e duas temporadas depois muda-se para os ingleses do Wolverhampton, clube pelo
qual foi campeão do Championship e pelo qual tem jogado (aos poucos) na Premier
League. Bastante razoável, tendo em conta que tem apenas 20 anos. Pelo meio,
conquistou dois Campeonatos da Europa, o de sub-17
em 2016 e o de sub-19 em 2018.
3. Mário Rui (15 milhões de euros)
Mário Rui |
Os craques do distrito de Setúbal
não se esgotam na chamada margem sul, também os há no litoral alentejano. Natural
de Sines, Mário Rui tem sido presença regular nas convocatórias de Fernando
Santos e, depois de ter estado no Mundial 2018, ao que tudo indica estará
igualmente no Euro 2020. O lateral esquerdo iniciou-se no clube da terra, o Vasco
da Gama, mas rapidamente foi recrutado pelo Sporting. Após cinco anos em
Alcochete, transferiu-se para o Valencia e de lá para o Benfica, onde concluiu
a formação. Estreou-se no futebol sénior pela porta do Fátima e no final dessa
época, em 2011, sagrou-se vice-campeão mundial de sub-20 e rumou ao futebol
italiano. Vinculou-se ao Parma,
que o emprestou a Gubbio 1910, Spezia e Empoli, clube pelo qual haveria de
assinar em definitivo. Seguiram-se aventuras na AS Roma e no Nápoles, onde é
opção regular de Carlo Ancelotti.
2. Rafael Leão (22 milhões de euros)
Rafael Leão |
Nascido em Almada, este avançado
de ascendência angolana deu os primeiros toques na bola no Amora e de lá seguiu
para a Associação Foot 21, um clube da Damaia que existiu durante apenas cinco
anos. Num ápice, saltou para o Sporting, apesar da cobiça do Benfica, tendo
feito praticamente toda a formação no emblema de Alvalade. Em
2016 sagra-se campeão europeu de sub-17 e no ano a seguir estreia-se pela
equipa B e pela equipa principal, tendo marcado na estreia, num jogo diante do
Oleiros para a Taça de Portugal. No final da época 2017-18 alega justa causa
para rescindir unilateralmente com os leões na sequência da invasão à Academia
do clube, em Alcochete, e assina pelos franceses do Lille. Após ter sido uma
das revelações da liga francesa, transferiu-se para o AC Milan, onde procura
afirmar-se, aos 20 anos.
1. João Cancelo (55 milhões de euros)
João Cancelo |
Natural do Barreiro,
João Cancelo foi dos tais que se iniciou no futebol federado no campo pelado da
Verderena, propriedade do Barreirense.
Foi lá que o lateral cresceu até 2007, quando se mudou para o Benfica. Após ter
percorrido vários escalões jovens das águias, estreou-se pela equipa B ainda
com idade de júnior. Numa fase em que já tinha sido convocado por Jorge
Jesus para alguns jogos do plantel principal, viu a mãe praticamente morrer
ao lado dele num acidente de viação e ficou afastado dos relvados durante algum
tempo. Voltou forte, estreou-se pela equipa principal do Benfica, mas face à
escassez de oportunidades transferiu-se para o Valencia, onde despontou. Tornou-se
internacional AA, jogou na Liga dos Campeões e depois de um empréstimo ao Inter
de Milão transferiu-se para a Juventus, clube pelo qual foi campeão italiano ao
lado de Cristiano
Ronaldo. Durou apenas uma temporada em Turim porque Pep Guardiola levou-o
para o Manchester City. Aos 25 anos, já jogou em três das principais ligas
europeias e movimentou 120 milhões de euros em transferências.
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