Só um jogador com muito
valor consegue chegar a um clube grande e obrigar o treinador a
abdicar de um sistema tático há muito enraizado na equipa para o
fazer coabitar no onze com outras peças importantes. Foi assim com
Filip Krovinovic, que chegou à Luz como alternativa a Pizzi num
4x1x3x2 que remontava aos tempos de Jorge Jesus, mas cuja qualidade
trocou as voltas a Rui Vitória, que implementou um 4x3x3 (ou
4x1x4x1) que há muito tempo não era visto para aqueles lados.
Ao lado do internacional
português e à frente do sérvio Fejsa, o médio croata exibiu um
transporte de bola e uma chegada à área que faziam lembrar os bons
tempos de Renato Sanches e ofereceu uma qualidade técnica aos
últimos 30 metros encarnados similar à de Pizzi. Demorou um pouco a
impor-se e nem sequer foi inscrito na Liga dos Campeões, mas agarrou
um lugar no onze que só perdeu quando sofreu uma rutura do ligamento
cruzado anterior do joelho direito, em janeiro do ano passado.
Quando regressou, 10
meses depois, foi incapaz de exibir o mesmo nível futebolístico que
tinha apresentado antes da grave lesão. No entanto, na retina
ficaram exibições da época 2017-18 como a de um dérbi diante do
Sporting no início de janeiro em que se agigantou. Com aquela
irreverência típica dos balcânicos – que também foi
transportada para a zona de entrevistas rápidas ao falar em
“massacre” para descrever o domínio sobre o rival durante a
partida -, assumiu a batuta, foi para cima dos adversários e assumiu
decisões importantes com a bola nos pés. E foi precisamente pelos
seus pés que passou muito do que foi o consensualmente considerado o
grande desempenho das águias. Nem sempre a definição das jogadas
foi a melhor e terá faltado alguma calma num ou outro momento, algo
natural para um jovem jogador, que tem apenas 23 anos.
É precisamente com essa
idade, ainda com muitos anos de futebol pela frente, que Krovinovic
vai procurar relançar a carreira no West Bromwich Albion, clube que
milita na II liga inglesa, um campeonato que em nada fica a dever a
muitas primeiras ligas europeias. No emblema de Birmingham será
orientado pelo compatriota Slaven Bilic e terá a oportunidade de
lutar por um objetivo ambicioso, o da subida à Premier League. Na
época passada os baggies terminaram a fase regular em quarto
lugar e foram afastados nas meias-finais do playoff apenas nas
grandes penalidades pelo Aston Villa, precisamente a equipa que viria
a ser promovida. Este ano vão certamente querer fazer melhor:
regressar à elite do futebol inglês, de onde caíram em 2018.
Sinónimo de passe certeiro
As estatísticas do
GoalPoint comprovam que o internacional sub-21 pela Croácia
se revelou uma peça fundamental na circulação de bola,
nomeadamente nas fases de construção e definição dos ataques
durante a primeira época na Luz. Em 13 jogos disputados na I Liga em
2017-18, nove dos quais - precisamente os nove últimos, cumprindo os
90 minutos - a titular, o médio balcânico revelou uma eficácia de
passe de 88,6%. Contudo, para se ter uma ideia mais concreta, foi o
jogador do Benfica com mais eficácia de passe no meio-campo
adversário (86,6%) - e também de toda a I Liga - e no último terço
do terreno (84,7%) à data da grave lesão que sofreu.
Entre o plantel encarnado
- contabilizando apenas os jogadores com pelo menos 855 minutos
disputados no campeonato até essa data -, era também o que tinha
mais dribles eficazes (58,8%) e ações defensivas completas por 90
minutos (2,7), o que demonstra a sua utilidade no momento de
recuperar a bola.
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