O que João Pedro tem mostrado
dentro de campo já seria suficientemente impressionante se tivesse uma idade
mais avançada, mas tendo em conta que tem uns meros 17 anos, é de esbugalhar os
olhos. Comecemos pelos números: entre Campeonato Carioca, Brasileirão, Copa do
Brasil e Copa Sul-Americana, leva nove golos em 576 minutos, o que em média se
traduz em um golo a cada… 64 minutos (!).
Quem não estiver atento ao que se
passa no Brasil até poderá pensar que este registo é influenciado por jogos com
grau de dificuldade pouco elevado no estadual do Rio de Janeiro ou na Copa, mas
a verdade é que três desses golos foram apontados num só jogo aos prestigiados
colombianos do Atlético Nacional na Sul-Americana, outros três no campeonato (dois
ao Cruzeiro e um ao Bahia), um na Copa ao Cruzeiro e outro no Cariocão ao rival
Flamengo.
Agora que a atenção do leitor já
foi captada através destes números demolidores, vamos falar do tipo de jogador
que é este jovem avançado do Fluminense
mas que já se comprometeu com os ingleses do Watford a partir de 1 de janeiro
de 2010. Antes de mais, é um matador, um atacante que apesar da tenra idade
sabe bem os terrenos que tem de pisar, é rápido a reagir e não treme na zona
das grandes decisões. Por outras palavras, tem o killer instinct que caracteriza os grandes goleadores e impressiona
pela forma como não tem tido dificuldades em aplica-lo nestes primeiros meses
no futebol de alta competição. Afinal, fez a estreia oficial no futebol sénior
a 19 de janeiro deste ano.
Se João Pedro tem um talento nato
para o golo, também é verdade que reúne aspetos físicos, técnicos e táticos que
fazem dele um avançado recheado de diversas qualidades. A velocidade é uma das
suas principais armas, mas a velocidade por si só no futebol de pouco vale. Não
é o caso deste produto da formação do Fluminense,
que alia essa rapidez a um timing de
desmarcação a roçar a perfeição e uma grande capacidade para atacar a profundidade,
fugindo bem à marcação e aparecendo com relativa facilidade nas costas dos
defesas.
Por ter 17 anos – completa 18 a
26 de setembro -, certamente que ainda vai ganhar alguns centímetros, mas já
vai impondo o seu 1,82 m nas alturas. Foi precisamente de cabeça que fez o
primeiro de três golos ao Atlético Nacional no Maracanã, a 23 de maio, mas não
foi um caso isolado nem uma simples cabeçada na bola: foi um daqueles
cabeceamentos como ensinam os livros, de cima para baixo, fazendo a bola
embater no relvado antes de beijar a rede da baliza dos colombianos.
Quando não está perto do golo, a
coqueluche do tricolor
carioca gosta de descair para os flancos, sobretudo o esquerdo, para
estar de frente para o jogo (pois é destro), auxiliar na criação dos ataques e,
se for necessário, ir sem medo para cima dos defesas. Defensivamente, funciona
como o primeiro defensor da equipa, pressionando constantemente os defesas
adversários, algo que provavelmente deixará de fazer com tanta frequência e
intensidade com o passar dos anos.
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