quarta-feira, 9 de janeiro de 2019

Como encaixar Pepe neste FC Porto? Solução deve passar por... Militão

Pepe assinou pelo FC Porto até 30 de junho de 2021
Felipe e Éder Militão constituem a dupla de centrais da defesa menos batida da I Liga - dez golos sofridos, dos quais apenas quatro com ambos em campo, em 12 jogos - e aquela que, para muitos, é mesmo a melhor a atuar em Portugal. No entanto, uma oportunidade de mercado e a vontade do jogador trouxeram um peso-pesado para fazer concorrência aos dois brasileiros no eixo defensivo do FC Porto: Pepe.


Terá o internacional português de 35 anos dificuldades em entrar no onze ou Sérgio Conceição irá desfazer o duo que tão bem tem funcionado? "Pepe não terá nenhuma dificuldade em entrar diretamente no onze. Não acho que o Felipe nem o Militão sejam melhores do que o Pepe. Pela melhor ordem, Pepe e Militão são melhores do que o Felipe. O Pepe, à partida, vem para jogar, devido ao salário, mas isso vale o que vale", começou por frisar ao DN o antigo lateral esquerdo Pedro Henriques, que esteve vinculado aos dragões em 1997.

Nas cinco principais ligas europeias, não existem equipas com menos golos sofridos do que o FC Porto - Liverpool e Paris Saint-Germain também têm dez -, mas tal não significa que, aos olhos do agora comentador da Sport TV, a defesa azul e branca não possa sofrer ajustes. "Acredito que, para vir para o FC Porto, o Pepe terá falado com o Sérgio Conceição e as coisas estarão relativamente esclarecidas. Em condições normais, estando o Pepe em bom nível, treinando muito bem e tendo a produtividade que habitualmente tem, não vejo porque não possa jogar logo. Acredito que vá entrar rapidamente na equipa, porque é um jogador claramente acima da média", acrescentou o antigo defesa de 44 anos.

Já o antigo médio António Sousa, que fez parte da equipa portista que em 1987 venceu a Taça dos Campeões Europeus, considera que o luso-brasileiro "provavelmente não entrará de início" nos primeiros jogos, mas não vê nisso um problema. "De qualquer das formas, o FC Porto está inserido em várias competições e o Pepe certamente que será um trunfo e uma mais-valia importante para fazer a rotatividade. É mais um central de qualidade", sublinhou ao DN, admitindo o desvio de Éder Militão para o lado direito da defesa.

Comparativo 2018/19 entre Pepe e Éder Militão
"Penso que Militão joga em qualquer lugar neste momento. Não terá qualquer problema, pois já o fez no Brasil e pode fazê-lo pelas qualidades que apresenta, e está em grande forma", frisou a glória portista, de 61 anos, corroborado por Pedro Henriques: "Não sei se a ideia do Sérgio Conceição é empurrar em alguns momentos o Militão para a direita, e se essa for a ideia, o FC Porto ficará mais forte defensivamente. Ofensivamente não sei como é que irá funcionar, porque em Portugal ainda não vi o Militão a jogar a lateral direito. Mas os jogadores de qualidade são sempre bem-vindos, não penso que o excesso de jogadores de qualidade faça mal às equipas. Como o FC Porto tem três centrais de grande qualidade, pode ser um problema, mas aí entra ou não a arte do treinador de conseguir gerir isso."

Questionado sobre os possíveis ajustes no setor defensivo, Sérgio Conceição recordou que o lado direito da defesa também está bem entregue. "Vem um central, Militão passa para a direita e o Maxi, não joga?", questionou o treinador na conferência de imprensa após o triunfo de segunda-feira sobre o Nacional (3-1), no Dragão.

Regresso quase 12 anos depois

Considerado "um central de qualidade" pelos antigos futebolistas, apesar dos 35 anos, Pepe estará "até melhor e mais forte" do que há uns anos e tem a vantagem de conhecer "os cantos à casa", frisa Sousa, em alusão à primeira passagem do jogador pelo Dragão, entre 2004 e 2007.

Na Invicta, Pepe teve algumas dificuldades iniciais para se impor face à concorrência de Pedro Emanuel, Jorge Costa e Ricardo Costa durante a primeira época, em que foi orientado pelo espanhol Víctor Fernández e por José Couceiro. No entanto, agarrou o lugar com Co Adriaanse no cargo e explodiu com Jesualdo Ferreira. No total, vestiu a camisola azul e branca por 89 vezes e apontou oito golos, tendo conquistado a Taça Intercontinental em 2004, para além de dois campeonatos nacionais, uma Taça de Portugal e duas Supertaças.

A campanha no Dragão também o ajudou a chegar à seleção nacional, embora tenha somado a internacionalização a 21 de novembro de 2007, quatro meses depois de ter assinado pelo Real Madrid. No entanto, não o poderia ter feito antes, uma vez que só nessa altura o processo de naturalização ficou concluído.













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