Ao cabo de mais de quatro anos em
Portugal, Ryan Gauld já é visto por muitos como uma promessa adiada, que tarda
em singrar apesar dos diversos contextos em que esteve inserido. Para reforçar
essa tese, o empréstimo desta época ao Farense, da II Liga, soa a despromoção.
Afinal, o médio escocês já teve períodos em que apareceu a espaços (e sem
propriamente desiludir) na equipa principal do Sporting e duas cedências a
equipas de I Liga, o Vitória de Setúbal (2016/17) e o Desportivo das Aves
(2017/18). Olhando para os seus números e para o seu currículo, é o que se conclui.
No
entanto, o outrora apelidado de Baby
Messi ou de Scottish Messi completa
apenas 23 anos a 16 de dezembro de 2018 e, agora que volta a ter alguma
sequência de jogos e muitos minutos de competição, torna a exibir uma qualidade
que não cabe no contexto qualitativo do segundo escalão do futebol nacional.
O toque
de bola e aquilo a que o antigo defesa sportinguista José Eduardo um dia chamou
de “andar dos predestinados” vai entusiasmando as bancadas do São Luís, tal
como chegou a entusiasmar as do Bonfim, depois de também ter feito crescer água
na boca às de Alvalade.
O pé
esquerdo requintado, a condução de bola em velocidade, a precisão de passe, a
criatividade para se desenvencilhar de situações complicadas, a visão de jogo, a
classe e os pormenores deliciosos continuam a fazer parte do (arrisco eu…)
ainda promissor internacional sub-21 escocês, que não se demite de tarefas
defensivas.
De
baixa estatura (1,65 m), viveu a melhor fase da curta carreira na segunda
metade de 2016, quando José
Couceiro apostou nele como médio interior num sistema de 4x2x3x1, fazendo
valer os seus atributos mais de frente para o jogo, chegando à área com
qualidade – entretanto Bruno de Carvalho ordenou o seu regresso após uma
derrota do Sporting ante os sadinos na Taça da Liga. Agora com Rui Duarte em
Faro voltou um pouco às origens, atuando nas alas, até porque no estilo de jogo
muito vertical dos algarvios os médios que compõem o duplo pivot (como Markovic e Nuno Borges) têm um perfil mais físico e
estabilizador e é exigida qualidade técnica e velocidade aos homens mais
adiantados.
Seja
como for, estamos perante um talento que serve várias posições – todas do
meio-campo para a frente à exceção de trinco e ponta de lança -, sistemas e ideias
de jogo mas que não merece ser desperdiçado. De pedra e cal no onze da formação
da capital do Algarve, poderá estar a ganhar balanço para a afirmação que há
mais de quatro anos é esperada.
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