Se dúvidas houvessem acerca do
seu valor, estão a ser dissipadas esta época ao serviço do Leicester City. Tal
como Cédric Soares quando há três anos e meio trocou o Sporting pelo Southampton,
também Ricardo Pereira cresceu muito em poucos meses enquanto lateral direito
no futebol inglês.
Se o ex-FC Porto já tinha
evidenciado qualidade para fazer a posição no Nice – onde foi orientado pela
primeira vez por Claude Puel, seu atual treinador - e no Dragão, juntando capacidade
ofensiva a asserto posicional, em Inglaterra ganhou intensidade, agressividade,
rapidez de pensamento e mais experiência a fazer a posição numa equipa que
oferece um contexto em que nem sempre pode fazer vaivéns de área a área.
Em jogos em que lhe é exigido
mais defensivamente e tem menos margem de erro, como foi o caso do recente
confronto com o Manchester City, nem parecia um extremo de origem pela forma
como colocava agressividade em todos os duelos, ganhando muitos, e por não se
deixar embalar pela tentação de atacar desenfreadamente, respeitando a oposição
de Leroy Sané e dos médios que eventualmente pudessem cair no seu raio de ação.
E quando tinha a bola, mesmo sob
a pressão alta exercida pelos citizens,
encontrava maneira de se desenvencilhar de situações de aperto, mantendo-a
jogável nos próprios pés ou nos dos companheiros. O belíssimo golo que marcou,
já numa fase em que atuava como extremo, acabou por ser apenas um pormenor naquele
que foi um belíssimo desempenho na abordagem a diferentes situações.
E porque apenas tem 25 anos e começa
a provar também na Premier League que consegue aliar agressividade, intensidade,
disciplina tática e consistência exibicional a uma relação com bola de grande
qualidade num contexto competitivo muito elevado, reúne os atributos
necessários para… não ficar muito tempo em Leicester.
Uma pena que Ricardo Pereira,
João Cancelo, Nélson Semedo e Cédric Soares - e já agora André Almeida e Bruno Gaspar - coincidiam na mesma altura e só
dois possam ser convocados de uma vez para a seleção nacional.
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