William Carvalho assinou pelo Betis até junho de 2023 |
Causou estranheza a escolha Betis
por parte de William
Carvalho. Afinal, estamos a falar de um jogador com quase meia centena de
internacionalizações por Portugal, titular indiscutível no Sporting há cinco
temporadas, habituado a jogar na Liga dos Campeões e que (supostamente) tem
estado na mira de alguns colossos europeus; e de um clube espanhol que, apesar
do sexto lugar da época passada, nem sequer é presença assídua nas competições da
UEFA.
É difícil entender a decisão do médio
defensivo de 26 anos, mas é fácil perceber que encaixa na perfeição na
ideia de jogo do treinador Quique Setién, que um pouco à imagem de Luís Castro
também quer ver as suas equipas com um estilo bem mais atrativo do que “uns
chutos para a frente e três à pesca”.
O técnico espanhol de 59 anos,
que antes dos verdiblancos orientou
Lugo e Las Palmas, é um apreciador do futebol apoiado e da posse de bola, gostando
de implementar esse estilo em qualquer campo e diante de qualquer adversário.
Para esse modelo, William
é o jogador ideal para ter à frente da defesa, para recuar até entre os
centrais e iniciar a construção dos ataques. Do alto do seu 1,87 m, faz da
visão de jogo e da capacidade de tomar decisões um dos principais atributos. Vê
muito mais do que a floresta de perna, como se estivesse a observar o jogo a
partir do topo de uma torre e, com o tempo parado, como se estivesse a jogar PlayStation e colocasse o jogo em modo
pausa. Numa fração de segundos, percebe o que tem em seu redor, onde estão os
espaços vazios, quais vão ser as movimentações dos companheiros e em seguida
desmarca um atacante, queima linhas a conduzir o esférico ou toma outra decisão
bastante adequada. A sua supersónica rapidez de pensamento contrasta com a
aparente lentidão de movimentos.
Essa aparente lentidão de
movimentos, porém, tornam William
um jogador muitas vezes incompreendido, como se lhe faltasse sangue na guelra e
agressividade, características sempre muito apreciadas pelos adeptos de
qualquer clube do mundo – precisamente os principais atributos do seu futuro
companheiro Javi Garcia. Mesmo que esteja bem posicionado ou a ser bem-sucedido
numa marcação mais apertada a um adversário, o estilo ‘pezinhos de lã’ nem
sempre chega para convencer toda a gente.
A curiosidade é grande para o ver
noutro contexto, perante outra afición
e num campeonato com ritmo e competitividade superiores e muitos mais
intérpretes de qualidade pela frente.
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