sábado, 14 de julho de 2018

William no modesto Betis às ordens do ambicioso Quique Setién

William Carvalho assinou pelo Betis até junho de 2023
Causou estranheza a escolha Betis por parte de William Carvalho. Afinal, estamos a falar de um jogador com quase meia centena de internacionalizações por Portugal, titular indiscutível no Sporting há cinco temporadas, habituado a jogar na Liga dos Campeões e que (supostamente) tem estado na mira de alguns colossos europeus; e de um clube espanhol que, apesar do sexto lugar da época passada, nem sequer é presença assídua nas competições da UEFA. 

É difícil entender a decisão do médio defensivo de 26 anos, mas é fácil perceber que encaixa na perfeição na ideia de jogo do treinador Quique Setién, que um pouco à imagem de Luís Castro também quer ver as suas equipas com um estilo bem mais atrativo do que “uns chutos para a frente e três à pesca”. 

O técnico espanhol de 59 anos, que antes dos verdiblancos orientou Lugo e Las Palmas, é um apreciador do futebol apoiado e da posse de bola, gostando de implementar esse estilo em qualquer campo e diante de qualquer adversário.



Para esse modelo, William é o jogador ideal para ter à frente da defesa, para recuar até entre os centrais e iniciar a construção dos ataques. Do alto do seu 1,87 m, faz da visão de jogo e da capacidade de tomar decisões um dos principais atributos. Vê muito mais do que a floresta de perna, como se estivesse a observar o jogo a partir do topo de uma torre e, com o tempo parado, como se estivesse a jogar PlayStation e colocasse o jogo em modo pausa. Numa fração de segundos, percebe o que tem em seu redor, onde estão os espaços vazios, quais vão ser as movimentações dos companheiros e em seguida desmarca um atacante, queima linhas a conduzir o esférico ou toma outra decisão bastante adequada. A sua supersónica rapidez de pensamento contrasta com a aparente lentidão de movimentos.



Essa aparente lentidão de movimentos, porém, tornam William um jogador muitas vezes incompreendido, como se lhe faltasse sangue na guelra e agressividade, características sempre muito apreciadas pelos adeptos de qualquer clube do mundo – precisamente os principais atributos do seu futuro companheiro Javi Garcia. Mesmo que esteja bem posicionado ou a ser bem-sucedido numa marcação mais apertada a um adversário, o estilo ‘pezinhos de lã’ nem sempre chega para convencer toda a gente.

A curiosidade é grande para o ver noutro contexto, perante outra afición e num campeonato com ritmo e competitividade superiores e muitos mais intérpretes de qualidade pela frente.










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