Portistas vencem por goleada
Todas as épocas os há, não há
como evitar. A cada ano que passa, são vários os jogadores com bom currículo
que chegam a determinado clube e ficam abaixo das expetativas. Ou então, os que
se mantém numa equipa, mas não conseguem confirmar atributos.
Guarda-redes:
Chegou a Portugal envolto em
grande mediatismo. Não era para menos. Iker
Casillas tem no currículo um Campeonato do Mundo, dois Campeonatos da
Europa e três Ligas dos Campeões, entre outros títulos. Tinha sido o dono da
baliza do galáctico Real Madrid durante quinze anos mas, numa fase da carreira
em que a crítica era pouco abonatória, tomou a decisão de driblar a pressão da
imprensa e rumar à mais pacata liga portuguesa.
A sua contratação por parte do FC
Porto deu azo a capas de jornais e a um grande interesse por parte dos media
estrangeiros. Pensava-se também que desportivamente podia trazer alguma
liderança e espírito de conquista aos dragões, mas terminou a sua primeira
época de azul e branco sem qualquer título.
Finalizou a I Liga com um registo
de 28 golos sofridos em 32 jogos. Nada impressionante para quem defende a
baliza portista, tendo ficado igualmente na retina alguns ‘frangos’, como
aquele que consentiu a Slimani, no FC Porto-Sporting da antepenúltima jornada.
Centrais:
Nunca foi propriamente o mais
amado dos jogadores do plantel, mas na época que agora findou Maicon divorciou-se definitivamente dos
adeptos portistas. Se já não estava a convencer com o seu desempenho,
integrando uma defesa com muito a desejar em relação a outras que bem
recentemente alinharam pelos dragões, o fim de linha chegou na receção ao
Arouca, na 21.ª jornada. O brasileiro perdeu a bola em zona proibida e permitiu
que os arouquenses chegassem ao 2-1 enquanto se queixava de uma alegada lesão.
Tinha o estatuto de capitão, mas
foi imediatamente emprestado ao São Paulo. Provavelmente não voltará.
Após duas temporadas na II Liga,
ao serviço do Feirense, Tonel foi
repescado para a elite do futebol português pelo antigo colega de equipa Sá
Pinto, que o levou para o Belenenses. A ideia era dar experiência e
consistência à defesa dos azuis do Restelo, mas o que aconteceu foi
precisamente o contrário.
A turma de Belém teve a pior
defesa do campeonato, com 66 golos sofridos, um registo record na história do
clube… pela negativa, claro. Além disso, o antigo central de Académica,
Marítimo, Sporting e Beira-Mar, entre outros, ficou marcado por ter cometido
uma grande penalidade aparentemente escusada diante dos leões, e por ter
apontado um autogolo ridículo em favor do FC Porto.
Laterais:
Uma opção discutível, por não ir
ao encontro daquele que é o tradicional conceito de flop. William Alves chegou no verão passado ao Vitória sem carregar
grandes expetativas para os adeptos. Afinal, vinha de divisões inferiores
brasileiras e tinha como única experiência no futebol europeu uma discretíssima
passagem pelo Feirense de… Quim Machado, que o trouxe para Setúbal.
O central brasileiro, convertido
a lateral desde a 1.ª jornada, até alinhou em 29 das 34 jornadas, 28 das quais
enquanto titular, mas o seu nível exibicional foi quase sempre medíocre. É
daqueles jogadores que aparentam ter um parafuso a menos, não deu qualquer
profundidade ao corredor direito sadino e não revelou particular consistência a
defender.
Com 1,88 m de altura, perdeu nas
alturas para Gaitán (1,74 m) num jogo vencido pelo Benfica, na Luz, já na reta
final do campeonato.
Deixou saudades no futebol
português quando em 2008/09 dividiu a época entre Vitória de Setúbal e FC
Porto, brilhando na Liga dos Campeões, em pleno Old Trafford, ao ponto de ser
transferido para o Lyon por 16 milhões de euros.
Cissokho voltou aos dragões no inicio da época com a missão de
substituir Alex Sandro e desiludiu, fazendo jus ao ditado que não se deve
regressar aonde se foi feliz. Na I Liga, fez apenas dois jogos, e em janeiro
foi devolvido ao Aston Villa, que o tinha cedido por empréstimo.
Médios:
Provavelmente, a maior surpresa
do mercado de inverno. Abel Aguilar,
capitão da seleção da Colômbia, no Belenenses. A julgar pelo currículo, um
autêntico reforço de peso, mas o cafetero
mostrou estar longe da sua forma ideal. Aparentou estar com falta de ritmo,
sempre muito preso de movimentos, não conseguindo explanar o seu melhor
futebol.
Ainda assim, cumpriu nove jogos,
todos como titular.
Chegou ao Dragão como a
contratação mais cara do futebol português: 20 milhões de euros. Mas Imbula, oriundo do Marselha, nunca
justificou tamanho investimento. Para muitos analistas, o que o FC Porto tinha
como prata da casa não ficava em nada a desejar ao que o médio francês ia
mostrando.
Contudo, em mais um negócio com
contornos muito estranhos, foi vendido aos ingleses do Stoke City por €24
milhões. Um caso em que desiludir… valoriza.
Tinha no currículo passagens por
Tottenham, QPR, Fulham e Milan, fazendo antever uma boa oportunidade de negócio
para o Benfica, que o foi buscar a custo-zero. Puro engano. Taarabt mostrou-se sempre fora de
forma, com peso a mais, e os sete jogos em que alinhou em 2015/16 foram… na II
Liga, pela equipa B dos encarnados.
Chegou com rótulo de reforço
sonante e terminou a época sem sequer ter direito a medalha de campeão ou de
vencedor da Taça da Liga.
Avançados:
A forma como Tello terminou a época anterior deixava antever um grande 2015/16.
Tinha apontado um hat-trick ao
Sporting e decidido um jogo dificílimo frente ao Braga em semanas consecutivas,
além de outras boas exibições no último semestre.
Contudo, na segunda temporada de
dragão ao peito desiludiu, não conseguindo mostrar o brilho exibido a espaços
no ano precedente. Saiu do Porto em janeiro, para rumar à Fiorentina de Paulo
Sousa, também por empréstimo do Barcelona.
Com 14 internacionalizações pela
seleção italiana no currículo e passagens por clubes como Fiorentina, Roma,
Juventus ou Inter, Osvaldo prometia ser um reforço de peso para um FC Porto que tinha perdido Jackson
Martínez no defeso.
Mas o avançado ítalo-argentino,
com fama de problemático, desiludiu. Apenas um golo em sete jogos na I Liga,
cinco das quais como suplente. Despediu-se dos dragões ainda em janeiro, e fê-lo
ao seu estilo: após ter visto o cartão vermelho direto, numa partida diante do
União da Madeira.
Goleador de créditos firmados na
América do Sul e internacional argentino por quatro vezes, Barcos chegou ao Sporting com a missão de substituir Montero e de
fazer sombra a Slimani, numa fase em que Teo Gutiérrez estava com alguns
problemas físicos. Mas o antigo avançado de Palmeiras e Grêmio, entre outros,
mostrou-se sempre com falta de ritmo e terminou a época sem qualquer golo
marcado, em oito partidas. Valeu aos leões a boa ponta final de Teo, entretanto
recuperado.
Treinador:
Já tinha desiludido na época de
estreia do futebol português. Julgou-se que já tinha aprendido a lição, mas
afinal não foi capaz de transformar numa equipa um grupo de jogadores a que
muitos apontavam grande qualidade. Julen
Lopetegui teve à sua disposição vários jogadores internacionais por
seleções de nomeada como Casillas, Maxi Pereira, Bruno Martins Indi, Brahimi,
Osvaldo e Cissokho, o caríssimo Imbula e os promissores Bueno, Tello e Corona,
mas não conseguiu tirar o melhor partido de estes e de outros.
Seguidor cego da posse de bola e
do 4x3x3, nunca conseguiu perceber o campeonato português. Revelou teimosia ao
praticamente nunca ter apostado num ‘10’ ou num sistema de dois avançados, algo
que os treinadores rivais, que por cá andam há muito mais tempo, não abdicaram
em toda a época.
Saiu em janeiro, com o FC Porto
em 2.º lugar, a quatro pontos do líder Sporting e em igualdade pontual com o
Benfica. É verdade que quem veio a seguir ainda piorou a situação, mas foi o
espanhol que começou a época e não teve o arranque que se exigia.
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