domingo, 5 de junho de 2016

I Liga 2015/16 | Flops

Portistas vencem por goleada


Osvaldo e Casillas: duas desilusões de dragão ao peito

Todas as épocas os há, não há como evitar. A cada ano que passa, são vários os jogadores com bom currículo que chegam a determinado clube e ficam abaixo das expetativas. Ou então, os que se mantém numa equipa, mas não conseguem confirmar atributos.




Guarda-redes:


Chegou a Portugal envolto em grande mediatismo. Não era para menos. Iker Casillas tem no currículo um Campeonato do Mundo, dois Campeonatos da Europa e três Ligas dos Campeões, entre outros títulos. Tinha sido o dono da baliza do galáctico Real Madrid durante quinze anos mas, numa fase da carreira em que a crítica era pouco abonatória, tomou a decisão de driblar a pressão da imprensa e rumar à mais pacata liga portuguesa.
A sua contratação por parte do FC Porto deu azo a capas de jornais e a um grande interesse por parte dos media estrangeiros. Pensava-se também que desportivamente podia trazer alguma liderança e espírito de conquista aos dragões, mas terminou a sua primeira época de azul e branco sem qualquer título.
Finalizou a I Liga com um registo de 28 golos sofridos em 32 jogos. Nada impressionante para quem defende a baliza portista, tendo ficado igualmente na retina alguns ‘frangos’, como aquele que consentiu a Slimani, no FC Porto-Sporting da antepenúltima jornada.


Centrais:


Nunca foi propriamente o mais amado dos jogadores do plantel, mas na época que agora findou Maicon divorciou-se definitivamente dos adeptos portistas. Se já não estava a convencer com o seu desempenho, integrando uma defesa com muito a desejar em relação a outras que bem recentemente alinharam pelos dragões, o fim de linha chegou na receção ao Arouca, na 21.ª jornada. O brasileiro perdeu a bola em zona proibida e permitiu que os arouquenses chegassem ao 2-1 enquanto se queixava de uma alegada lesão.
Tinha o estatuto de capitão, mas foi imediatamente emprestado ao São Paulo. Provavelmente não voltará.



Após duas temporadas na II Liga, ao serviço do Feirense, Tonel foi repescado para a elite do futebol português pelo antigo colega de equipa Sá Pinto, que o levou para o Belenenses. A ideia era dar experiência e consistência à defesa dos azuis do Restelo, mas o que aconteceu foi precisamente o contrário.
A turma de Belém teve a pior defesa do campeonato, com 66 golos sofridos, um registo record na história do clube… pela negativa, claro. Além disso, o antigo central de Académica, Marítimo, Sporting e Beira-Mar, entre outros, ficou marcado por ter cometido uma grande penalidade aparentemente escusada diante dos leões, e por ter apontado um autogolo ridículo em favor do FC Porto.


Laterais:


Uma opção discutível, por não ir ao encontro daquele que é o tradicional conceito de flop. William Alves chegou no verão passado ao Vitória sem carregar grandes expetativas para os adeptos. Afinal, vinha de divisões inferiores brasileiras e tinha como única experiência no futebol europeu uma discretíssima passagem pelo Feirense de… Quim Machado, que o trouxe para Setúbal.
O central brasileiro, convertido a lateral desde a 1.ª jornada, até alinhou em 29 das 34 jornadas, 28 das quais enquanto titular, mas o seu nível exibicional foi quase sempre medíocre. É daqueles jogadores que aparentam ter um parafuso a menos, não deu qualquer profundidade ao corredor direito sadino e não revelou particular consistência a defender.
Com 1,88 m de altura, perdeu nas alturas para Gaitán (1,74 m) num jogo vencido pelo Benfica, na Luz, já na reta final do campeonato.  



Deixou saudades no futebol português quando em 2008/09 dividiu a época entre Vitória de Setúbal e FC Porto, brilhando na Liga dos Campeões, em pleno Old Trafford, ao ponto de ser transferido para o Lyon por 16 milhões de euros.
Cissokho voltou aos dragões no inicio da época com a missão de substituir Alex Sandro e desiludiu, fazendo jus ao ditado que não se deve regressar aonde se foi feliz. Na I Liga, fez apenas dois jogos, e em janeiro foi devolvido ao Aston Villa, que o tinha cedido por empréstimo.


Médios:


Provavelmente, a maior surpresa do mercado de inverno. Abel Aguilar, capitão da seleção da Colômbia, no Belenenses. A julgar pelo currículo, um autêntico reforço de peso, mas o cafetero mostrou estar longe da sua forma ideal. Aparentou estar com falta de ritmo, sempre muito preso de movimentos, não conseguindo explanar o seu melhor futebol.
Ainda assim, cumpriu nove jogos, todos como titular.



Chegou ao Dragão como a contratação mais cara do futebol português: 20 milhões de euros. Mas Imbula, oriundo do Marselha, nunca justificou tamanho investimento. Para muitos analistas, o que o FC Porto tinha como prata da casa não ficava em nada a desejar ao que o médio francês ia mostrando.
Contudo, em mais um negócio com contornos muito estranhos, foi vendido aos ingleses do Stoke City por €24 milhões. Um caso em que desiludir… valoriza.



Tinha no currículo passagens por Tottenham, QPR, Fulham e Milan, fazendo antever uma boa oportunidade de negócio para o Benfica, que o foi buscar a custo-zero. Puro engano. Taarabt mostrou-se sempre fora de forma, com peso a mais, e os sete jogos em que alinhou em 2015/16 foram… na II Liga, pela equipa B dos encarnados.
Chegou com rótulo de reforço sonante e terminou a época sem sequer ter direito a medalha de campeão ou de vencedor da Taça da Liga.


Avançados:


A forma como Tello terminou a época anterior deixava antever um grande 2015/16. Tinha apontado um hat-trick ao Sporting e decidido um jogo dificílimo frente ao Braga em semanas consecutivas, além de outras boas exibições no último semestre.
Contudo, na segunda temporada de dragão ao peito desiludiu, não conseguindo mostrar o brilho exibido a espaços no ano precedente. Saiu do Porto em janeiro, para rumar à Fiorentina de Paulo Sousa, também por empréstimo do Barcelona.



Com 14 internacionalizações pela seleção italiana no currículo e passagens por clubes como Fiorentina, Roma, Juventus ou Inter, Osvaldo prometia ser um reforço de peso para um FC Porto que tinha perdido Jackson Martínez no defeso.
Mas o avançado ítalo-argentino, com fama de problemático, desiludiu. Apenas um golo em sete jogos na I Liga, cinco das quais como suplente. Despediu-se dos dragões ainda em janeiro, e fê-lo ao seu estilo: após ter visto o cartão vermelho direto, numa partida diante do União da Madeira.



Goleador de créditos firmados na América do Sul e internacional argentino por quatro vezes, Barcos chegou ao Sporting com a missão de substituir Montero e de fazer sombra a Slimani, numa fase em que Teo Gutiérrez estava com alguns problemas físicos. Mas o antigo avançado de Palmeiras e Grêmio, entre outros, mostrou-se sempre com falta de ritmo e terminou a época sem qualquer golo marcado, em oito partidas. Valeu aos leões a boa ponta final de Teo, entretanto recuperado.


Treinador:


Já tinha desiludido na época de estreia do futebol português. Julgou-se que já tinha aprendido a lição, mas afinal não foi capaz de transformar numa equipa um grupo de jogadores a que muitos apontavam grande qualidade. Julen Lopetegui teve à sua disposição vários jogadores internacionais por seleções de nomeada como Casillas, Maxi Pereira, Bruno Martins Indi, Brahimi, Osvaldo e Cissokho, o caríssimo Imbula e os promissores Bueno, Tello e Corona, mas não conseguiu tirar o melhor partido de estes e de outros.
Seguidor cego da posse de bola e do 4x3x3, nunca conseguiu perceber o campeonato português. Revelou teimosia ao praticamente nunca ter apostado num ‘10’ ou num sistema de dois avançados, algo que os treinadores rivais, que por cá andam há muito mais tempo, não abdicaram em toda a época.

Saiu em janeiro, com o FC Porto em 2.º lugar, a quatro pontos do líder Sporting e em igualdade pontual com o Benfica. É verdade que quem veio a seguir ainda piorou a situação, mas foi o espanhol que começou a época e não teve o arranque que se exigia.






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