Kiessling e Chicharito formam uma dupla temível |
Para
reforçar o histórico pouco favorável, em quatro confrontos com estes leões da Renânia
do Norte-Vestfália, nenhuma vitória e três derrotas para os leões de Lisboa.
Contudo, isto pouco contará para o experiente Jorge Jesus, que pelo Benfica até já venceu em Leverkusen e eliminou esta mesma equipa na caminhada até à final da Liga Europa em 2012/13.
Para o
técnico sportinguista, contará mais o que o atual 3.º classificado da
Bundesliga - já eliminado da Taça da Alemanha e repescado da Liga dos Campeões –
fará dentro das quatro linhas.
Caracterização coletiva
O
título deste artigo justifica-se pelo casamento entre jogadores tecnicistas e
possantes que o treinador Roger Schmidt, 48 anos, promove no onze inicial. Homens
como Tah, Toprak, Kramer ou Kiessling representam a técnica da força, enquanto
Bellarabi, Kampl, Çalhanoglu ou Javier Hernández fazem valer a força da
técnica.
Como
qualquer casamento, este também não é perfeito ou 100 por cento feliz. Pode
dizer-se que funciona bem melhor na hora de atacar do que na de defender.
Ofensivamente, o Leverkusen é uma equipa que gosta de assumir os jogos, ter
a posse de bola e de a circular de forma paciente, por vezes até com alguma falta
de objetividade. Embora a equipa se distribua geometricamente em 4x4x2 e tenha
esse estilo de posse, os avançados não são muito participativos na construção
dos ataques, fixando-se na área, à espera de uma situação de finalização.
Avançados não participam na construção dos ataques |
Durante
a manobra ofensiva, é possível ver movimentos como o recuo de Kampl para
receber a bola e a transportar para o meio-campo ofensivo ou a incursão de
Çalhanoglu da esquerda para o meio com o esférico dominando, com Wendell a
aparecer-lhe nas costas.
Wendell a aparecer nas costas de Çalhanoglu, que leva a bola |
Quando
esse futebol de posse não é possível, as transições tornam-se soluções. Quem
tem uma viga como Stefan Kiessling (1,91 m) na frente de ataque, tem que a
aproveitar da melhor forma, bombeando bolas diretamente da zona defensiva para
a cabeça do avançado alemão, através de um estilo mais vertical mas nem por
isso mais vistoso ou eficaz.
Mas o
perigo para a baliza de Rui Patrício não vai chegar apenas de bola corrida, bem
pelo contrário. O Leverkusen é uma equipa fortíssima em lances de bola parada,
com Çalhanoglu sempre a assumir o papel de executante. O médio turco é um dos
grandes especialistas do futebol europeu em livres diretos, e é com igual
qualidade que coloca a redondinha na área adversária através de livres laterais
e cantos. Nestas ocasiões, emergem na área as torres da equipa, todas elas
bastante difíceis de bater no jogo aéreo.
Já no plano
defensivo, a força dos germânicos diminui. Trata-se de uma equipa algo
macia a defender, sem grande pressão ao portador da bola e que passa por
calafrios a mais para o gabarito que tem. Embora os defesas sejam lentos e se
deem mal com bolas nas costas, as fragilidades que o coletivo apresenta na sua
organização defensiva são responsabilidade sobretudo dos homens do meio-campo,
que não são suficientemente agressivos.
Essas
fraquezas são também visíveis nas transições defensivas. A equipa não se
prepara suficientemente bem para a perda da bola, e quando a perde acaba por
estar demasiado exposta atrás, com vários jogadores – sobretudo os laterais – a
demorarem a recuperar as posições.
Quanto
à forma como defende nas bolas paradas, nomeadamente nos cantos, há um misto de
marcações individuais – para tentar condicionar as movimentações dos
adversários – e uma defesa à zona, junto à linha da área de baliza.
Marcações mistas nos cantos defensivos |
Caracterização individual
O onze-tipo de Roger Schmidt |
Embora não
tenha ainda somado qualquer internacionalização pela mannschaft, Bernd Leno é um dos mais conceituados
guarda-redes da atualidade do futebol alemão. Prima pela segurança, reflexos
apurados, qualidade no futebol aéreo e rapidez a sair de entre os postes, para
compensar a falta de velocidade da defesa quando lida com bolas nas costas.
À sua
frente, atuam dois centrais muito possantes. Jonathan Tah é um jovem de
20 anos (feitos no dia 11), muito possante (1,92 m), praticamente impossível de
bater de frente para o jogo e em lutas corpo-a-corpo, mas lento e duro de rins.
Ao seu
lado, o capitão Toprak (no clube desde 2011), uma autêntica voz de
comando da equipa, que assume o papel de patrão da defesa. Apesar de ter apenas
26 anos, tem um comportamento de veterano. É muito forte no futebol aéreo (1,86
m), agressivo, sempre muito concentrado e bem posicionado, mas à imagem do
companheiro de eixo defensivo é algo lento.
O
corredor direito da defesa é a posição que tem sofrido mais rotatividade desde
a paragem de inverno. Por norma, ou atua o mais ofensivo, irreverente e jovem Jedvaj
(20 anos), ou o mais experiente Hilbert (31), não tão vocacionado para
atacar, mas que garante mais consistência e equilíbrio.
No
flanco oposto, Wendell é o dono e senhor do lugar. Não fosse a
concorrência de Marcelo, Filipe Luís, Alex Sandro e Maxwell e seria uma aposta
natural para a seleção brasileira. Tem bastante propensão ofensiva, entende-se
muito bem com Çalhanoglu na esquerda, mas demora a recuperar das suas subidas
pela faixa lateral.
Mais à
frente, na zona central do meio-campo, Kramer assume a função de médio
mais posicional, embora não seja um trinco puro, atuando praticamente como um
n.º 8. É outro elemento muito possante (1,89 m), que utiliza essa mesma estampa
física para ganhar bolas divididas. Campeão mundial pela Alemanha em 2014,
ficou famoso por ter sofrido uma concussão na final diante da Argentina, na
qual até foi titular.
Também
no miolo, o omnipresente Kampl.
Dá
a sensação de estar em todo o lado, tal a forma como recua até perto dos
defesas para receber a bola, a transporta para o meio-campo ofensivo e a
entrega junto da área contrária. Além de ser extremamente trabalhador e de ter
um pulmão enorme, é um jogador tecnicamente fantástico.
Nas
alas, dois dos mais habilidosos jogadores da equipa, a par de Kampl.
Na direita, Bellarabi faz emergir a sua velocidade, dinâmica e qualidade
de drible, aparecendo também na zona central para criar desequilíbrios. Pode
atuar igualmente como n.º 10, e caso Chicharito não esteja apto para os jogos
diante do Sporting, deverá mesmo fazer essa posição.
Já na
esquerda, Çalhanoglu, conhecido pela excelente execução de livres
diretos – o estilo faz lembrar o de Cristiano Ronaldo -, mas que não se esgota
nessa tarefa. É um destro (embora jogue bem com os dois pés), e por isso faz
muitos movimentos de fora para dentro, contando com o apoio de Wendell para
preencher o flanco. É tecnicista, mas pouco veloz.
Possível onze sem Chicharito |
Por
fim, no ataque, uma das duplas mais temíveis do futebol europeu: Javier Chicharito Hernández e Stefan
Kiessling. O primeiro, internacional mexicano, tem estado a relançar a carreira
na Alemanha, depois de vários anos de pouco fulgor no Manchester United, que já
está arrependido de o ter vendido ao Leverkusen por €12 milhões – uma pechincha!
Ainda estamos em fevereiro, mas CH7
está já a viver a melhor época como profissional, com 22 golos (em 26
encontros). Já tem direito a bandeira do México nas bancadas da BayArena, mas
deve mesmo dar o salto para um clube de maior nomeada no final da temporada. É
daqueles avançados pelo qual pouco se dá durante os jogos, mas que a qualquer momento
pode marcar, não precisando de dispor de muitas oportunidades para o fazer. Está
em dúvida para as partidas diante do Sporting - é praticamente certo que falha a 1.ª mão -, devido a uma rotura no glúteo esquerdo.
Quanto
a Kiessling, apesar do seu aspeto franzino e desengonçado, é letal no
futebol aéreo. Funciona como principal referência para ganhar primeiras bolas
em zonas ofensivas, e alia o seu 1,91 m a uma extraordinária capacidade de
impulsão para ser um dos elementos mais perigosos da equipa no seguimento de
cantos ou livres laterais.
Palavra
ainda para o jovem Julian Brandt (19 anos). É um habitual suplente
utilizado, mas caso Chicharito esteja indisponível pode mesmo saltar para o
onze inicial. É um extremo muito rápido e dinâmico, que tanto pode atuar à direita
como à esquerda.
Principais alternativas: Dario Kresic (Guarda-redes), Kyriakos Papadopoulos (Central), André Ramalho (Central/Médio defensivo), Sebastian Boenisch (Lateral esquerdo/Lateral direito), Marlon Frey (Médio defensivo), Lars Bender (Médio defensivo - lesionado no tornozelo), Charles Aránguiz (Médio centro - lesionado no tendão de Aquiles), Admir Mehmedi (Médio ofensivo/Extremo), Vladlen Yurchenko (Médio ofensivo) e Robbie Kruse (Avançado - lesionado num dedo do pé).
Principais alternativas: Dario Kresic (Guarda-redes), Kyriakos Papadopoulos (Central), André Ramalho (Central/Médio defensivo), Sebastian Boenisch (Lateral esquerdo/Lateral direito), Marlon Frey (Médio defensivo), Lars Bender (Médio defensivo - lesionado no tornozelo), Charles Aránguiz (Médio centro - lesionado no tendão de Aquiles), Admir Mehmedi (Médio ofensivo/Extremo), Vladlen Yurchenko (Médio ofensivo) e Robbie Kruse (Avançado - lesionado num dedo do pé).
Roger Schmidt: Uma ascensão a pulso
Roger Schmidt tem tido uma trajetória ascendente na carreira |
Cabelo
até ao pescoço, camisola de gola alta e blazer/sobretudo. É este o estilo de
Roger Schmidt, um treinador alemão de 48 anos que tem subido a pulso na
carreira após um percurso modesto como jogador. Médio de posição, pendurou as
botas em 2004, no Delbrucker, para se iniciar como técnico no mesmo clube (2004-2007).
Passou ainda pelo Preussen Munster (2007-2010) e Paderborn (2011-2012), também nos
escalões secundários germânicos.
Antes
de rumar a Leverkusen, em julho de 2014, notabilizou-se no comando dos
austríacos do Salzburgo (2012-2014), onde implantou o 4x4x2 – sistema que ainda
utiliza -, conquistou a dobradinha e potenciou vários jogadores, com Jonathan
Soriano, Sadio Mané, Kevin Kampl e André Ramalho à cabeça. Os dois últimos voltam
a acompanhá-lo, agora no emblema da Renânia do Norte-Vestfália.
O histórico que nunca foi campeão nacional
Situada
no mais populoso estado da Alemanha, a Renânia do Norte-Vestfália, no oeste
germânico, foi na cidade de Leverkusen que trabalhadores da empresa
farmacêutica Bayer fundaram em 1904 um clube chamado Bayer 04 Leverkusen
Fussball GmbH.
111 anos
volvidos, o emblema rubro-negro contabiliza 37 presenças na Bundesliga, todas consecutivas,
com 1979/80 a ficar na história como a temporada de estreia no primeiro
escalão.
Desde o
final dos anos 1980 que o Leverkusen se tornou num dos mais prestigiados clubes
daquele país, tendo conquistado a Taça UEFA em 1987/88 e a Taça da Alemanha em
1992/93, além de ter chegado à final da Liga dos Campeões em 2001/02. Essa
temporada de 2001/02 foi mesmo a mais agridoce da história do clube, uma vez
que esteve perto de fazer o triplete,
mas na hora de todas as decisões acabou por perder Bundesliga, Taça e
Champions.
Apesar
de ser uma presença assídua na prova milionária, o emblema do oeste germânico
tem ainda uma grande mancha no palmarés: nunca foi campeão nacional. O melhor
que conseguiu foi cinco segundos lugares (1996/97, 1998/99, 1999/00, 2001/02 e
2010/11).
Em
2014/15, terminou na 4.ª posição, que deu acesso ao play-off da Liga dos Campeões. Eliminou a Lazio e seguiu para a
fase de grupos, onde não conseguiu melhor do que um 3.º lugar, atrás de
Barcelona e Roma – os romanos terminaram com os mesmos seis pontos mas gozaram
de vantagem no confronto direto – e à frente do BATE Borisov. Assim sendo, a
turma de Roger Schmidt foi repescada para a Liga Europa, onde vai encontrar os
leões.
O aspeto do reduto do Leverkusen, a BayArena |
Não
será a primeira vez que terá a oposição do Sporting. Já assim tinha sido na
fase de grupos da Champions em 1997/98 (4-1 em Lisboa e 2-0 em Leverkusen para
os alemães) e em 2000/01 (0-0 fora e 3-2 em casa). Mais afortunados que os
verde e brancos foram Benfica (Taça das Taças 1993/94 e Liga Europa 2012/13) e
Belenenses (Taça UEFA 1988/89), que conseguiram eliminar os germânicos.
Com a
1.ª mão a jogar-se em Alvalade, esta quinta-feira, tudo deverá decidir-se para
a semana, na BayArena. Trata-se de um estádio inaugurado em 1958 e remodelado
em 2009, com capacidade para cerca de 30 mil espetadores, registando sempre
casa cheia. Os camarotes instalados no topo sul trazem à memória os estádios
sul-americanos. Na bancada oposta, a norte, é o local de onde a principal
claque do Bayer, a Nordkurve, apoia a equipa.
Olá David,não consigo adicionar o teu ou outros links no meu blog.Uma braço
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