Arnold foi a grande figura da partida, ao marcar dois golos |
Liga | Vitória 2-2 União
Quim Machado tinha pedido
paciência aos seus jogadores para desmontar a teia defensiva do União – seis golos
sofridos em oito partidas da Liga -, dando a entender que o mais difícil seria inaugurar
o marcador. Talvez por isso, quando o 1-0 chegou por intermédio de Arnold, logo
aos 13 minutos, o Vitória se mostrou tão pouco preparado para uma situação de
vantagem num momento tão precoce do encontro.
Se numa primeira instância a
equipa até pareceu galvanizada, circulando a bola de pé para pé (em detrimento
das habituais transições) e aparecendo com facilidade no último terço, depois
entrou numa fase de alguma sonolência. Os sadinos amoleceram, de forma até
presunçosa, visto que os madeirenses pouco ou nenhum perigo conseguiram criar
na etapa inicial.
No segundo tempo, já sem o
lesionado Vasco Costa – a surpresa do onze, no lugar de Costinha, que entretanto
o substituiu -, os setubalenses foram surpreendidos pelo bom arranque dos
insulares, à boleia de Amilton. O atacante brasileiro, 26 anos, esteve em
grande evidência ao fazer o cruzamento para Danilo Dias no tento da igualdade
(49’) e ao apontar o da reviravolta (52’).
Os três pontos que pareciam mais
do que assegurados em Setúbal, aparentemente estavam a voar para o Funchal num
ápice. O Vitória acusou os golos sofridos e só a entrada do sempre agitador
André Horta deu novo ânimo aos sadinos, que sofreram outro revés com a
lesão de Suk.
Para o lugar do coreano entrou o
jovem luso-marroquino Hassan, 21 anos, filho do antigo goleador do Farense, com
o mesmo nome. A missão era ingrata, uma vez que só tinha ainda somado dois
minutos na Liga, diante do Moreirense, mas o recém-entrado avançado nunca se
inibiu de ir ao choque com os centrais nos cruzamentos, o aspeto em que foi mais
solicitado.
«O 2-2 não nos larga», disse Quim Machado após o jogo |
E foi já na fase do desespero,
quando já vários vitorianos descrentes tinham abandonado as bancadas, que o
Vitória alcançou o empate, no minuto 90. A jogada começou com um cruzamento de
Ruca e a finalização de Arnold ao segundo poste, mas pelo meio… um subtil
desvio de Hassan.
Se terá ou nascido aí uma
estrela, os próximos meses da temporada o dirão, mas o que os adeptos do
Vitória sabem é que terminaram o encontro a festejar um pontinho que aos 13
minutos era impensável, tal a confiança em somar um (folgado) triunfo.
E apesar do bom início de época
dos setubalenses, fica também na retina uma certa alergia ao seu próprio
reduto: seis jogos, apenas uma vitória e cinco empates (!), quatro deles 2-2
(!!!). Próxima receção: Sport Lisboa e Benfica.
Ficha de jogo
I Liga – 11.ª jornada
Estádio do Bonfim, em Setúbal (3.597 espectadores)
Vitória (4x4x2): Ricardo; William Alves, Frederico Venâncio c, Rúben Semedo, Ruca;
Arnold, Fábio Pacheco, Dani (André Horta, 63), André Claro; Suk (Hassan, 72) e Vasco
Costa (Costinha, 41)
Suplentes não utilizados: Raeder
(GR), Gorupec, François e Paulo Tavares
Treinador: Quim Machado
Disciplina: Cartão amarelo
a Costinha (77) e Arnold (90+3)
União (4x2x3x1): André Moreira; Paulinho, Paulo Monteiro, Diego
Galo, Joãozinho; Soares c, Gian;
Amilton, Shehu (Tiago Ferreira, 89),
Danilo Dias (Breitner, 83); Jhonder Cádiz (Élio Martins, 80)
Suplentes não utilizados: Rafael
Alves (GR), Diogo Firmino, Miguel Fidalgo e Chaby
Treinador: Norton de Matos
Disciplina: Cartão amarelo
a Gian (43) e Amilton (82)
Árbitro: Manuel Oliveira (AF Porto), assistido por Pedro Ribeiro e Tiago
Leandro e com João Matos como 4.º árbitro
Golos
1-0, por Arnold (13). Suk
descobre Vasco Costa na área, este tenta o golo, mas André Moreira defende.
Vasco Costa retém a bola e assiste Arnold, que à entrada da área remata
rasteiro para o fundo das redes.
1-1, por Danilo Dias (49).
Amilton cruzou pela direita e encontrou Danilo Dias à boca da baliza, que assim
fez o golo do empate.
1-2, por Amilton (52). Danilo
Dias desmarca Amilton, que entra facilmente na área sadina e sem grande oposição
pica a bola sobre Ricardo.
2-2, por Arnold (90). Cruzamento
de Ruca, pela esquerda, sofre um primeiro desvio de Hassan, de cabeça, e a finalização
de Arnold, ao segundo poste.
Estatísticas (Vitória – União)
Posse de bola (%): 55-45
Remates: 11-6
Remates perigosos: 6-4
Remates perigosos: 6-4
Cantos: 4-3
Faltas cometidas: 21-11
Foras de jogo: 2-1
Apreciação individual
Ricardo: Presença (quase sempre) segura entre os postes, é uma mais-valia em relação a Raeder. Não teve responsabilidade nos golos sofridos e, no momento da procura do empate, mostrou espírito de liderança ao levar a equipa para a frente.
Frederico Venâncio em disputa de bola com Élio Martins |
William Alves: Desempenha
cada vez com maior à vontade as funções de lateral direito. Defensivamente
procurou estar sempre bem posicionado, embora fosse o marcador direto de Danilo
Dias, que acabou por ter influência nos dois golos do União (49’ e 52’). Esteve
perto de marcar logo aos 7 minutos, ao cabecear por cima na resposta a um livre
de Ruca.
Frederico Venâncio: Protagonizou
luta interessante Jhonder Cádiz, sempre com puxões de parte a parte. Do
quarteto defensivo, foi o que menos errou, reforçando assim o estatuto de capitão.
Rúben Semedo: Com ele em
campo, já se sabe: vamos ver qualidade a sair a jogar e cortes que parecem
impossíveis, mas também aquelas distrações que colocam os adeptos à beira de um
ataque de nervos. Mas sobre isso, já me debrucei aqui: http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/concentra-te-ruben.html.
Ruca: Como médio-ala, no máximo
dos máximos é mediano. Como lateral, não deixa dúvidas, é de primeiro escalão. Nota-se
que até ataca melhor quando tem mais 20 ou 30 metros para embalar, terminando
geralmente as suas incursões ofensivas com cruzamentos perigosos. Foi assim que
caiu do céu o 2-2 (90’), tendo antes (50’) rematado para boa intervenção de
André Moreira. Curiosamente, foi no aspeto defensivo, no qual até se destacava
como médio, que mais pecou, deixando fugir Amilton nos lances dos golos
unionistas (49’ e 52’).
Na ausência de Nuno Pinto (e de
Costinha na primeira parte), assumiu a execução das bolas paradas, mostrando
ser especialista. Os seus cantos e livres saem sempre puxados e tensos, o que
favorece quem ataca e prejudica quem defende. Na cobrança de um livre lateral,
do lado direito, esteve perto de conseguir enganar o guarda-redes do União (37’),
mas este socou para canto.
Arnold: Repetiu a façanha
da partida diante do V. Guimarães, ao bisar num empate a dois no Bonfim. O
remate do primeiro tento foi forte mas certeiro (13’) e a finalização que deu a
igualdade final foi plena de oportunismo (90’). Foi sempre dos principais
desequilibradores da sua equipa, ora através de drible curto ou de arrancadas.
Fábio Pacheco: Chegou por
várias vezes atrasado às disputas de bola no meio-campo, também amoleceu quando
a equipa ficou com sono, mas não virou a cara à luta. Ajudou a carregar o piano
de um Vitória que praticamente apresentou quatro avançados.
Dani: O que nasce torto
tarde ou nunca se endireita e com Dani foi assim, que começou muito mal o jogo,
falhando vários passes e adornando em demasia no seu meio-campo defensivo. Foi
uma exibição desastrosa e pouco ou nada teve de surpreendente a sua substituição,
aos 63 minutos.
André Claro: Começou como
extremo esquerdo, posição onde não tem sido utilizado, embora descaia várias
vezes para esse flanco. Apareceu muito na zona central, mas quase sempre sem a
clarividência e rapidez de execução de outros jogos. Com a saída de Vasco Costa
e entrada de Costinha voltou para a frente de ataque.
Suk muito perto daquele que seria o 2-0, aos 42 minutos |
Suk: Participou na jogada
do primeiro golo (13’), ao colocar a bola na área em Vasco Costa. Em visto
lance individual, esteve perto de faturar, mas rematou ao lado, já depois de
ter tirado um adversário do caminho (42’). Sempre muito castigado pelos
defesas, saiu lesionado, a contas com uma contusão na coxa esquerda, aos 72 minutos.
Vasco Costa: Foi a grande
novidade do onze sadino, ao aparecer na posição que era de Costinha. Somou a
segunda titularidade da temporada, a primeira na Liga, tendo contribuído com
uma assistência para o lance do 1-0 (13’). Saiu lesionado na perna direita e teve de ser substituído ainda no primeiro tempo
(41’).
Costinha: Foi suplente
pela primeira vez na Liga e o que é certo é que demorou a entrar no jogo, tendo
assinado uma das exibições mais apagadas da temporada. Foi amarelado aos 77
minutos ao travar um contra-ataque adversário conduzido pelo diabólico Amilton.
André Horta: Entrou para
agitar a equipa e o jogo, numa fase em que o Vitória estava a acusar
psicologicamente os dois golos sofridos de rajada. Apareceu um pouco por todo o
lado e sempre a alta rotação, dando linhas de passe e fazendo circular a bola
com velocidade e até com objetividade.
Hassan: Pela equipa
principal apenas tinha estado dois minutos em campo no triunfo em Moreira de Cónegos
(2-0) para a Liga, e foi lançado logo com ingrata tarefa de render Suk, o ídolo
dos adeptos. Ainda assim, entrou desinibido, batalhou com os defesas nos inúmeros
cruzamentos a que foi solicitando, tendo num deles, aos 90’, desviado a bola
que Arnold colocou no fundo das redes.
Outras notas
Nuno Pinto falhou o encontro
devido a castigo, após ter sido expulso por duplo amarelo no encontro diante do
Casa Pia, para a Taça de Portugal (vitória por 1-0 em Pina Manique). É a
segunda vez que tal lhe acontece esta temporada, depois de também ter visto o
cartão vermelho por acumulação na pesada derrota que o Vitória sofreu no
Estádio dos Barreiros (2-5), a 13 de setembro, para a Liga.
Dani não se treinou nos primeiros
dias da semana, devido a uma ligeira entorse num pé.
Suk tem mercado na Bundesliga,
provavelmente sairá em janeiro e o seu substituto deverá ser Meyong. Aos 35
anos, o avançado camaronês, que ainda pertence aos angolanos do Kabuscorp,
prepara-se para viver a sua terceira aventura junto ao Sado. Ontem esteve no Bonfim a assistir ao encontro.
É o segundo jogo em que Ruca atua
como lateral-esquerdo. O primeiro foi diante do V. Guimarães (2-2, na 5.ªjornada da Liga) e até assinou uma das suas melhores exibições desde que chegou
ao Sado.
O campeão romeno, Steaua
Bucareste, está interessado em Nuno Pinto, que alinhou na temporada passada na
Roménia, ao serviço do Astra Giurgiu.
O treinador Luís Norton de Matos
regressou ao Bonfim na pele de treinador visitante. Na terça-feira recebeu um
voto de confiança do presidente do União, Filipe Silva. Atualmente com 61 anos,
o técnico orientou o Vitória no início da temporada 2005/06. Demitiu-se após a
15.ª jornada, devido à situação instável que o clube vivia. Ainda assim, deixou
a equipa em 3.º lugar no campeonato, com 29 pontos e apenas quatro golos
sofridos. Foi aplaudido antes da partida por alguns sócios vitorianos.
Miguel Fidalgo, que chegou ao Vitória
na temporada 2011/12, mas que não realizou um único encontro oficial com a
camisola verde e branca, a contas com uma contusão lateral externa do joelho
esquerdo, regressou ao Bonfim como adversário. Filipe Chaby, natural de
Setúbal, já passou pela formação dos sadinos. Ambos não saíram do banco.
Ricardo Campos e Kisley,
lesionados, desfalcaram o União. Renny Veja, Edder Farias, Carlos Manuel e
Rúben Andrade, todos por opção, foram preteridos por Norton de Matos.
1.900 espectadores já estavam
garantidos para este jogo, pois 1.300 bilhetes foram distribuídos pelos
participantes da Caminhada do Vitória (dia 15) e os restantes 600 a elementos
da Orange The World, um movimento da ONU para erradicar da violência contra as
mulheres. Quim Machado tinha pedido seis mil, mas apresentaram-se no Bonfim
apenas 3.597. Ainda assim, a melhor assistência da época, superando as receções
a Boavista (3.481), Rio Ave (3.079), V. Guimarães (3.510), Estoril (3.018),
Arouca (3.069).
Miguel Lourenço e Nuno Pinto
estiveram na Loja do Vitória antes do encontro a distribuir autógrafos.
Torino, Atalanta, Kansas City, Atlético Madrid, Sporting, Benfica e Belenenses estiveram em Setúbal a espiar.
Torino, Atalanta, Kansas City, Atlético Madrid, Sporting, Benfica e Belenenses estiveram em Setúbal a espiar.
Números
Vitória somou mais um ponto na luta pela permanência |
Frederico Venâncio mantém-se como
o único totalista da equipa: 990 minutos.
André Horta é o suplentes que
Quim Machado mais vezes lançou em campo (6 jogos).
Os quatro anteriores confrontos
entre Vitória e União, todos para a Liga 2, também terminaram empatados
(1995/96 e 2003/04). Este foi o primeiro jogo oficial entre as duas equipas em
mais de onze anos.
Contabilizando apenas as nove
partidas entre ambos para a Liga/I Divisão, a vantagem pertence aos
madeirenses: quatro vitórias, quatro empates e apenas uma derrota. O único
triunfo vitoriano foi precisamente no anterior confronto no principal escalão,
a 28 de maio de 1995. Os sadinos golearam por 4-1, no Bonfim, mas as duas
equipas acabaram por descer de divisão.
O Vitória não somava 15 ou mais
pontos à 11.ª jornada desde 2007/08, com Carlos Carvalhal ao leme. Na temporada
passada só conseguiu atingiu 15 pontos à 18.ª.
Os sadinos também não tinham no
seu registo 18 ou mais golos à 11.ª jornada desde essa saudosa época 2007/08 (também
18). Na época transata só alcançaram 18 à 25.ª.
Desde 2010/11 que o Vitória não
sofria apenas 16 ou menos golos nas primeiras onze jornadas (12).
Outras análises
Vitória – Boavista (1.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/das-boas-transicoes-ao-amargo-empate.html
Académica - Vitória (2.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/o-aleatorio-deu-o-mote-para-goleada.html
Vitória – Rio Ave (3.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/08/tornou-se-frustrante-o-empate-que-antes.html
Vitória – V. Guimarães (5.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/09/em-duelo-de-vitorias-so-o-de-setubal.html
Vitória – Estoril (7.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/10/a-quarta-tentativa-bonfim-viu-vitoria.html
FC Porto – Vitória (10.ª jornada da Liga): http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/resistencia-sadina-no-dragao-durou-70.html
Artigos de opinião
O Pirlo do Bonfim: http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/09/o-pirlo-do-bonfim.html
Concentra-te, Rúben!: http://davidjosepereira.blogspot.pt/2015/11/concentra-te-ruben.html
Sem comentários:
Enviar um comentário