Bem ou mal, o policiamento é um tema que tem passado na
sombra de outros, no que ao desporto em geral e ao futebol em particular diz
respeito.
Em teoria, vivemos num país civilizado e em que as pessoas
têm uma mentalidade ocidental. Já ninguém resolve nada à força e os crimes acontecem
apenas aos outros, em recantos do nosso pequeno Portugal. Somos todos bem
comportados, futuristas e racionais.
Retirar o policiamento do futebol, em jogos de menor relevo
comparativamente aos grandes derbies
e clássicos, é algo visto com alguma naturalidade. A harmonia reina. As
notícias sobre violência em recintos desportivos que se lê de tempos a tempos
nos jornais jamais justificariam um investimento em efetivos da PSP ou GNR em
partidas de caráter distrital e logo nas camadas jovens.
Tudo isto pode ser visto com normalidade, mas nada disto
corresponde à realidade.
As aparências iludem e as decisões são tomadas longe dos
intérpretes desportivos. Os adeptos mais extremistas podem não estar nesses de risco
reduzido, mas está a fação que, quem anda no futebol, trata por ‘paizinhos’. Os
temíveis e incómodos ‘paizinhos’.
Esses, que pagam mensalidades para ver os seus ‘Ronaldos’,
são a ameaça que assombra o futebol juvenil, sobretudo em campos em que a
distância entre adeptos e os intérpretes - jogadores, árbitros e treinadores -
é reduzida, sem que haja, por vezes, uma vedação, muro ou qualquer tipo de
barreira que impeça o contacto físico de acontecer.
A luta começa durante a semana, nos treinos. Os ‘paizinhos’
vão assistir aos ensaios dos filhos, que curiosamente, são os melhores da sua
equipa. Merecem ser convocados para sábado ou domingo. Se não são, é hora de
confrontar os treinadores ou de iniciar teorias da conspiração, que em alguns
casos até podem bater certo. Filhos de progenitores com profissão x, estatuto
y, cargo z… há muito em jogo. Dava tema para um outro artigo.
Aos fins-de-semana, os nervos estão à flor da pele. Qualquer
decisão contrária à equipa do ‘mini-Ronaldo’ é incompetência do árbitro, se
perdem e o descendente joga pouco tempo é culpa do treinador e, na melhor das
hipóteses, as coisas ficam por aí.
Na pior, treinadores com pistolas apontadas à cabeça pelos ‘paizinhos’
como recentemente num encontro de infantis no Montijo, e árbitros intimidados,
ameaçados e até mesmo agredidos. Se a polícia está presente, a probabilidade de
isto acontecer é menor. Se não está, aconteça o que acontecer, há o risco de os
criminosos não serem sequer identificados, quanto mais levados à esquadra e devidamente
julgados.
Quando tanto se fala na importância do futebol de formação e
em verdade desportiva, pergunto-me se serei o único a considerar que a
segurança tem um papel essencial.
A segurança tem que estar sempre presente! Só quem não conhece a realidade, e essa está bem patente nesta crónica, que embora resumida, ilustra bem o que se passa por esses campos e mini estádios de futebol juvenil, e quando digo futebol juvenil, estou a referir-me às escolinhas, benjamins e infantis. Onde a assistência dos pais, avós, tios primos e irmãos enchem recintos que fazem a inveja aos escalões de juniores e seniores, mas cujo comportamento é de uma histeria, peixeirada, arrogância, deselegância e enfim de outros atributos que estragam alguma educação e formação dos meninos, meninos cujos avós nunca o foram, mas que os pais querem que já sejam Figos, Messis e Ronaldos. O mais grave é que o meu filho é o mais pequenino e o da equipa adversária é o matulão. O árbitro, coitado do árbitro, é sempre um ladrão, até pode ser um jovem estagiário, mas é sempre o incompetente não há lugar a compreensão que é um jovem que também precisa de apoio, carinho e atenção e o mais caricato é que aqui todos os agentes desportivos de uma maneira geral não têm um pingo de vergonha e consciência para o apoiarem.
ResponderEliminarNo Brasil, a experiência da falta de policiamento gerou danos gravíssimos na partida em Atlético PR x Vasco na rodada final do Brasileirão 2013.
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