Terminou a 13 de abril o
Campeonato Paulista 2014, que surpreendentemente consagrou o Ituano como
campeão. Agora, é hora de escolher o onze ideal da competição.
Guarda-Redes (Goleiro):
O Palmeiras está de regresso ao
Brasileirão, e está provado que não será pelo seu guarda-redes que terá
problemas no primeiro escalão. Fernando Prass, de 35 anos, passou pela União de
Leiria entre 2005 e 2009, e é o dono da baliza do Verdão. É o capitão de equipa, e à sua experiência junta reflexos
apurados, apesar da idade.
Defesas-Laterais:
Para a posição de lateral-direito
existiam várias opções válidas. Dick, do Ituano, ou Fagner, do Corinthians, são
alguns exemplos. No entanto, a minha escolha recai sobre Cicinho, do Santos.
Curiosamente, Cicinho parece ser nome de lateral, já que há homólogos no
Sevilha e no Sivasspor, justamente na mesma posição.
Este, que veste de alvinegro, tem
25 anos e ainda não atuou na Europa, mas é bem capaz de o fazer num futuro
próximo. É um lateral bastante rápido e ofensivo, mas que ainda precisa de
limar algumas arestas no aspeto defensivo.
Emprestado pelo Inter de Milão ao
São Paulo, em busca de ritmo de jogo para o Mundial 2014, Álvaro Pereira
precisou de apenas dois treinos no novo clube para se tornar titular.
Rapidamente também se tornou o
homem das bolas paradas do Tricolor. Tal
como nos tempos de dragão ao peito, faz todo o corredor esquerdo, permitindo a
que o extremo do seu lado pise terrenos mais interiores.
Defesas-Centrais (Zagueiros):
Rodrigo Caio é um central que me
chamou à atenção. Tem apenas 20 anos, mas a maturidade que exibe não
transparece a tenra idade. Este produto das escolas do São Paulo é um médio de
origem, mas é no eixo defensivo que se está a revelar. É difícil de ultrapassar
e ao contrário de muitos centrais brasileiros, gosta de sair a jogar e fá-lo
bem, em detrimento do “chutão” para a frente.
Ao lado de Caio, mas bem mais
experiente, Antônio Carlos realizou um Paulistão de bom nível. Exceção feita ao
jogo do Corinthians, que não lhe correu de feição, ao marcar por duas vezes na
própria baliza, esteve bem, e revelou veia goleadora. Apontou quatro golos na
competição, o que para um central, é impressionante.
Tem um grande poder de impulsão e
isso torna-o muito forte no jogo aéreo, quer defensivo, quer ofensivo. É muito
competente e na Europa representou o Ajaccio.
Médios (Volantes):
Gostei muito de ver Wellington,
médio-defensivo do São Paulo, sempre no sítio certo, extremamente eficiente nas
tarefas de cobertura, no entanto, não tem grande vocação para a construção de
jogo e preferi alguém mais completo.
Arouca, do Santos, é
internacional brasileiro e é conhecido como o “Predador da Vila”. Porquê? Pela
forma incisiva como pressiona os adversários, reduzindo-lhes os espaços. Uma
tarefa para a qual tem pulmão para os 90 minutos. É combativo, uma referência
na recuperação de bola e cobre muito bem as subidas dos laterais (sobretudo as
de Cicinho, na direita), deixando a equipa equilibrada. Podem também contar com
a sua colaboração para construir os ataques.
Wesley, de 26 anos, foi talvez o
jogador que mais me impressionou no Paulistão. É verdade que já é internacional
canarinho e que até esteve dois anos na Europa, no Werder Bremen, mas não o
conhecia bem e tive essa possibilidade.
Joga numa linha intermédia no
meio-campo do Palmeiras, como ‘8’, tem classe, grande capacidade técnica, tem
um pé esquerdo de qualidade, que executa bons passes e remates, mesmo a
meia-distância.
À porta dos 29 anos, Cícero,
médio-ofensivo do Peixe, foi eleito
pela organização como o melhor jogador do Campeonato Paulista 2014. Considerando
ou não justa essa eleição, a sua qualidade é inquestionável.
É o playmaker na Vila Belmiro, aparece um pouco pelos três corredores e
ainda aparece bem na zona de finalização, onde exibe o seu forte remate. Tem
ainda a responsabilidade de capitanear o histórico clube da Baixada Santista.
Atacantes:
Depois da saída de Neymar, Geuvânio,
um dos “novos meninos da Vila”, dá fantasia ao ataque do Santos. Geralmente
ocupa o flanco direito, de onde parte em diagonais para o meio, puxando a bola
para o seu pé esquerdo. É virtuoso do ponto de vista técnico, forte no 1 vs. 1
e não tem medo de ir para cima dos defesas. Tem 22 anos e ainda vai a tempo de
se afirmar em pleno.
Passou despercebido no empréstimo
ao Sp. Braga de Domingos Paciência, esteve nos Emirados Árabes Unidos e agora
brilha ao serviço do São Paulo. Osvaldo, de 27 anos, soma duas
internacionalizações pelo Brasil e é uma autêntica seta apontada à baliza
adversária. Com o corredor esquerdo completamente entregue a Álvaro Pereira,
apareceu muito na zona central, onde foi um grande apoio a Luís Fabiano durante
o Paulistão.
Tem visão de jogo acima da média,
transporta a bola com velocidade, gosta de partir em movimentos diagonais a
partir do flanco esquerdo e tem capacidade para criar desequilíbrios. Peca por,
por vezes, se agarrar muito o esférico e não o libertar na altura certa.
Poderia escolher Léo Costa (Rio
Claro) ou Luís Fabiano (São Paulo) para ponta-de-lança deste Onze Ideal, mas
opto por Alan Kardec. Os três marcaram nove golos cada no Campeonato Paulista,
e juntamente com Cícero, partilharam o prémio para melhor marcador da
competição.
Ainda emprestado pelo Benfica ao
Palmeiras, o avançado não apresentou quebras de forma e foi uma das referências
do Verdão. Forte no jogo aéreo, foi
muitas vezes alvo de um futebol direto e mostrou qualidade a jogar de costas
para a baliza, distribuindo a bola pelos colegas do setor ofensivo. Está em boa
forma e o seu nome tem sido falado para representar a canarinha.
Entretanto, transferiu-se de
forma polémica para o rival São Paulo.
Treinador:
A escolha nem poderia ser outra. Doriva,
antigo médio do FC Porto e da seleção brasileira, em início de carreira
enquanto treinador, pegou numa modesta equipa do interior de São Paulo e
transformou-a no novo campeão paulista.
E nem se pode falar em fruto do
acaso. Na fase de grupos, superou o Corinthians. Posteriormente, eliminou São
Paulo e Palmeiras. Na final, bateu o Santos. Os quatro grandes do Estado foram
derrubados.
Todos os brasileiros com que falei consideraram que Anderson Salles, do Ituano, deveria estar no onze. Respeito e compreendo a sua opinião, deu nas vistas naquela que foi a equipa vencedora, sobretudo porque cobrava todas as bolas paradas, o que é estranho para um central. Parecido, só André Cruz. No entanto, considero Antônio Carlos mais completo, experiente e com veia goleadora, e Rodrigo Caio mais promissor.
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