Obviamente que uma autobiografia
de Alex Ferguson se iria confundir com a história recente do Manchester United.
O que me levou a comprar o livro foi perceber
que homem estava por detrás daquele treinador, com um ar sempre sereno e a
mascar pastilha elástica, em pé, em frente ao seu banco de suplentes.
Depois, porque saiu primeiro no
Reino Unido do que em Portugal, saber os motivos pela qual esta autobiografia
gerou alguma polémica, nomeadamente com Roy Keane, e compreender as relações do
técnico escocês essencialmente com Cristiano Ronaldo e David Beckham.
Apurei isso e muito mais. Fergie,
como é amavelmente tratado, não se esgota na figura de treinador. É também o
homem de família - marido, pai e avô -, apreciador de vinhos, adepto de
corridas de cavalo e antigo gerente de pubs.
De forma intercalada, esta obra
dedica capítulos a jogadores como Beckham, Ferdinand, Ronaldo, Keane, Van
Nistelrooy e Rooney, mas também de episódios que viveu ao longo dos anos. Das
suas raízes em Glasgow até à decisão de se reformar, em 2013, passando pelos
tempos difíceis que viveu inicialmente em Manchester e os duelos com outras equipas
e treinadores, tudo é contado.
É igualmente curioso o apreço que
tem pelos produtos da «Classe de 92», alguns sempre ligados ao, como Ryan Giggs
e Paulo Scholes, mas também por Bobby Robson, José Mourinho, Carlos Queiroz e a
academia do Sporting. Até para Bebé, atualmente emprestado pelos red devils ao Paços de Ferreira, houve
palavras elogiosas.
É fácil identificar aspetos que o
vêm caracterizando ao longo dos tempos, enquanto treinador. Exige respeito dos
seus jogadores, que o tratam por boss,
e não permite que alguém desafie a sua autoridade. Considera que se um
treinador perde autoridade em função de o comportamento de um jogador, é meio
caminho andado para perder o balneário, e por isso, encaminhou para a saída do
clube vários atletas, como Roy Keane, por exemplo.
Apesar da rivalidade com
Liverpool, Manchester City, Chelsea e Arsenal, não deixa de mostrar todo o seu
respeito por todos, e surpreende ao contar que após os jogos, elementos do staff das duas formações envolvidas
confraternizavam no treinador da equipa da casa.
Tudo isto mas não só, num livro
apaixonante que supera as 300 páginas, que fizeram as minhas viagens de
autocarro, comboio e barco parecerem mais curtas.
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