O boémio checo que brilhou no Itália 90 mas desiludiu no Sporting. Quem se lembra de Skuhravy?
Skuhravy disputou apenas quatro jogos pelo Sporting em 1995-96
Possante (1,93 m) ponta de lança
de cabelos longos internacional pela Checoslováquia
e pela República
Checa e que havia brilhado no Mundial 1990 e com a camisola do Génova nos
cinco anos que se seguiram, não foi além de um total de zero golos em 180
minutos distribuídos por quatro jogos ao serviço do Sporting
no espaço de um mês. Deu mais nas vistas pelo… estilo de vida boémio.
Tomáš Skuhravý nasceu a 7 de
setembro de 1965 em Cesky Brod, na antiga Checoslováquia, e concluiu a formação
no Sparta
Praga, clube que representou enquanto sénior entre 1982 e 1984 e
posteriormente entre 1986 e 1990 – pelo meio, uma passagem de dois anos pelo
modesto RH Cheb, durante a qual se estreou pela seleção
checoslovaca, num particular diante da Polónia
em 1985. Ao serviço do emblema
da capital não só reforçou o estatuto na seleção
nacional como conquistou cinco campeonatos (1983-84, 1986-87, 1987-88,
1988-89 e 1989-90) e três taças (1983-84, 1987-88 e 1988-89) da Checoslováquia.
Em 1990, na sua única participação
numa fase final, o Mundial de Itália, marcou cinco golos que fizeram dele o
segundo melhor marcador do torneio. Às ordens do antigo treinador sportinguista
Jozef
Venglos bisou diante dos Estados
Unidos na fase de grupos (5-1) e apontou um hat trick (de cabeça) à Costa
Rica nos oitavos de final (4-1).
Valorizado, foi contratado pelo Génova
logo após o Campeonato do Mundo, formando uma dupla de ataque temível com o
uruguaio Carlos Aguilera. Terminaram ambos empatados no terceiro lugar da
tabela de artilheiros da Serie
A em 1990-91, com 15 golos, ajudando os genoveses
a alcançar um brilhante quarto lugar no campeonato. Na temporada seguinte
contribuiu para a caminhada dos rossoblu
até às meias-finais da Taça
UEFA.
Depois de 57 golos em cinco épocas
na liga
italiana, registo que fez dele o melhor marcador de sempre do Génova
na prova, despediu-se do conjunto
transalpino após a despromoção à Serie B e, depois de alguns meses sem
clube, assinou pelo Sporting
a convite do presidente Pedro Santana Lopes em dezembro de 1995, quando já
tinha 30 anos. Já massacrado por lesões, nomeadamente
nos joelhos, não foi além de um total de zero golos em 180 minutos distribuídos
por quatro jogos às ordens de Carlos
Queiroz entre 16 de dezembro de 1995 e 11 de janeiro de 1996, com destaque
para o célebre encontro em Chaves interrompido por falta de luz quando faltavam
apenas dois minutos para acabar, no qual enviou uma bola à trave – considerada
a bola à barra mais cara de sempre do futebol português, devido ao elevado
salário que o checo auferia.
Em Portugal ficou conhecido como
um jogador boémio, que faltava aos treinos e gostava de sair à noite e beber
álcool. Chegou mesmo a espatifar um carro na noite lisboeta, incidente que o
afastou dos relvados até ao final da temporada 1995-96 e que o impediu de
sonhar com uma presença no Euro 1996,
no qual a República
Checa (seleção formada em 1994, após a dissolução da Checoslováquia) atingiu
a final. “De Portugal lembro-me da noite e
dos copos, andava numa fase negativa da vida, descontrolado. Mas tenho o Sporting
no coração, toda a gente foi corretíssima comigo”, confessou ao zerozero
em junho de 2024. Na época seguinte regressou ao
seu país para representar o Viktoria Zizkov, tendo pendurado as botas em 1997,
à beira dos 32 anos.
Após terminar a carreira radicou-se
na Celle Ligure, na costa da Ligúria, a cerca de 30 quilómetros de Génova, no noroeste
de Itália. Lá tornou-se dono de um bar, concessionário de uma praia e
comentador televisivo.
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