quinta-feira, 15 de fevereiro de 2024

O mítico presidente do Gil Vicente que viu “um porco a andar de bicicleta”. Quem se lembra de António Fiúsa?

António Fiúsa é presidente honorário do Gil Vicente
Numa altura em que Valentim Loureiro e Pimenta Machado estavam a desaparecer do futebol português, emergia mais um excêntrico presidente de clube a norte, António Fiúsa, que começou a receber palco mediático quando rebentou o Caso Mateus, em 2006.
 
Antes de a despromoção do Gil Vicente na secretaria ficar sentenciada, o campeonato de 2006-07 arrancou numa altura em que não se sabia se seriam os gilistas ou o Belenenses a permanecer no primeiro escalão. Quis o sorteio que, na jornada inaugural, fosse o Benfica a receber o ainda incógnito participante da I Liga. Perante a incerteza, a partida foi adiada, mas o presidente do emblema barcelense insistiu em levar a equipa para Lisboa. “Vou aproveitar e levar os jogadores ao parque Jardim Zoológicus, porque aqui em Lisboa há poucos animais identificados e eles vão gostar de ver as novas espécies no Jardim Zoológicus”, afirmou na altura.
 
 
Se há coisa com que Fiúsa estava bem identificado era com espécies raras de animais, como revelou na antecâmara de um jogo diante do FC Porto para a Taça da Liga em janeiro de 2011: “Desde que eu vi um porco a andar de bicicleta, tudo é possível. Mas temos de ser realistas e pensar que se empatarmos com o FC Porto já é muito bom.”
 
 
E quem é capaz de ver porcos a andar de bicicleta também está apto para antever frangos, como aconteceu durante o Gil Vicente-Sp. Braga das meias-finais da Taça da Liga em 2011-12: “Quando o Sp. Braga estava a ganhar 2-1, disse ao presidente António Salvador que o Quim ia dar um frango e íamos ganhar nos penáltis. Não sou bruxo, atenção! Tenho é um dedo mindinho que adivinha.”
 
Ficou por esclarecer de qual mão era o dedo mindinho, mas dos penáltis das meias-finais Fiúsa passou para uma promessa com champanhe à mistura se o Gil Vicente batesse o Benfica de Jorge Jesus na final. “Se vencermos a Taça da Liga ofereço champanhe durante uma semana aos sem-abrigo de Barcelos”, prometeu.
 
Mais de um ano depois, talvez ainda intrigado por Jorge Jesus ter tirado aos gilistas a possibilidade de erguer um troféu, Fiúsa encheu-se de fé e apostou em João de Deus para treinador: “É Deus, está acima de Jesus.”
 
Entretanto o Gil Vicente acabou por ser novamente despromovido à II Liga, desta feita por fatores meramente desportivos, mas nem por isso deixou de lutar nos tribunais para que lhe fosse dada razão no Caso Mateus, o que, quando se confirmou, ditou o regresso dos barcelenses ao patamar maior do futebol português. E a festa foi tão grande que voltou a meter animais, álcool e Jardim Zoológico à mistura: “Prometi que ia fazer uma grande festa em Barcelos. Foram 10 anos de espera. Vou mandar matar 10 porcos, um por cada ano, e 10 vitelos, com vinho à descrição, cerveja e algum champanhe. Vou fazer uma visita ao Jardim Zoológico, porque quero visitar os elefantes que estão lá com alguma tromba enorme.”
 
 
E, em julho de 2019, em vésperas de o Gil Vicente regressar à I Liga pela via administrativa, cumpriu a promessa, numa altura em que já era presidente honorário do clube. Na verdade, como acabaram por ser 13 anos de espera, disponibilizou 13 porcos – com direito a animação musical por parte de Quim Barreiros.
 
 









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