O mítico presidente do Gil Vicente que viu “um porco a andar de bicicleta”. Quem se lembra de António Fiúsa?
António Fiúsa é presidente honorário do Gil Vicente
Numa altura em que Valentim
Loureiro e Pimenta Machado estavam a desaparecer do futebol português, emergia mais
um excêntrico presidente de clube a norte, António Fiúsa, que começou a receber
palco mediático quando rebentou o Caso Mateus, em 2006.
Antes de a despromoção do Gil
Vicente na secretaria ficar sentenciada, o campeonato de 2006-07 arrancou
numa altura em que não se sabia se seriam os gilistas
ou o Belenenses
a permanecer no primeiro
escalão. Quis o sorteio que, na jornada inaugural, fosse o Benfica
a receber o ainda incógnito participante da I
Liga. Perante a incerteza, a partida foi adiada, mas o presidente do emblema
barcelense insistiu em levar a equipa para Lisboa. “Vou aproveitar e levar
os jogadores ao parque Jardim Zoológicus, porque aqui em Lisboa há poucos
animais identificados e eles vão gostar de ver as novas espécies no Jardim
Zoológicus”, afirmou na altura.
Se há coisa com que Fiúsa estava bem
identificado era com espécies raras de animais, como revelou na antecâmara de
um jogo diante do FC
Porto para a Taça
da Liga em janeiro de 2011: “Desde que eu vi um porco a andar de bicicleta,
tudo é possível. Mas temos de ser realistas e pensar que se empatarmos com o FC
Porto já é muito bom.”
E quem é capaz de ver porcos a
andar de bicicleta também está apto para antever frangos, como aconteceu durante
o Gil
Vicente-Sp. Braga das meias-finais da Taça da Liga em 2011-12: “Quando o Sp.
Braga estava a ganhar 2-1, disse ao presidente António Salvador que o Quim
ia dar um frango e íamos ganhar nos penáltis. Não sou bruxo, atenção! Tenho é
um dedo mindinho que adivinha.” Ficou por esclarecer de qual mão
era o dedo mindinho, mas dos penáltis das meias-finais
Fiúsa passou para uma promessa com champanhe à mistura se o Gil
Vicente batesse o Benfica
de Jorge
Jesus na final.
“Se vencermos a Taça
da Liga ofereço champanhe durante uma semana aos sem-abrigo de Barcelos”,
prometeu. Mais de um ano depois, talvez
ainda intrigado por Jorge
Jesus ter tirado aos gilistas
a possibilidade de erguer um troféu, Fiúsa encheu-se de fé e apostou em João de
Deus para treinador: “É Deus, está acima de Jesus.” Entretanto o Gil
Vicente acabou por ser novamente despromovido à II
Liga, desta feita por fatores meramente desportivos, mas nem por isso
deixou de lutar nos tribunais para que lhe fosse dada razão no Caso Mateus, o
que, quando se confirmou, ditou o regresso dos barcelenses ao patamar
maior do futebol português. E a festa foi tão grande que voltou a meter
animais, álcool e Jardim Zoológico à mistura: “Prometi que ia fazer uma grande
festa em Barcelos. Foram 10 anos de espera. Vou mandar matar 10 porcos, um por
cada ano, e 10 vitelos, com vinho à descrição, cerveja e algum champanhe. Vou
fazer uma visita ao Jardim Zoológico, porque quero visitar os elefantes que
estão lá com alguma tromba enorme.”
E, em julho de 2019, em vésperas
de o Gil
Vicente regressar à I
Liga pela via administrativa, cumpriu a promessa, numa altura em que já era
presidente honorário do clube. Na verdade, como acabaram por ser 13 anos de
espera, disponibilizou 13 porcos – com direito a animação musical por parte de
Quim Barreiros.
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