Leão Rochemback na perseguição a um jogador do Brugge |
A minha primeira memória de um
jogo entre o Club Brugge e uma equipa portuguesa remonta ao verão de 2003,
quando a equipa belga veio até Portugal para defrontar o Sporting
num encontro de pré-época na Marinha Grande em que esteve em jogo o troféu Euro-Lusa
Cup. Confesso que já não me lembrava do pormenor da taça nem do local da
partida e nem sequer do resultado, mas tinha ideia de o Brugge ter jogado
frente aos leões
numa pré-temporada no início do século XXI e que os verde
e brancos não saíram derrotados. Felizmente que informações disponíveis na
Internet me avivaram a memória.
A 29 de julho de 2003, numa
altura em que Fernando Santos procurava o melhor onze para o Sporting
e ainda testava o 4x3x3 em vez do 4x4x2 losango que haveria de implementar, apresentou
uma equipa que tinha Ricardo na baliza, Beto e Hugo no eixo da defesa (mas com
Polga à espreita), Mário Sérgio e Rui Jorge nas laterais, Fábio Rochemback como
médio mais recuado, Pedro Barbosa e João Vieira Pinto como médios interiores e Cristiano
Ronaldo e Rodrigo Tello no apoio ao ponta de lança Elpídio
Silva. Embora Santos seja rotulado de ser um treinador defensivo, refira-se
que um meio-campo com Rochemback, João Pinto e Pedro Barbosa era bastante
ousado – de tal forma ousado que Custódio acabou por ganhar o lugar nas costas
desse trio ainda no início da temporada.
Quanto ao Club Brugge, comandado
pelo norueguês Trond Sollied, não tinha nomes muito sonantes no plantel. Apenas
alguns modestos internacionais belgas como o guarda-redes Dany Verlinden, o
central Philippe Clément, o lateral esquerdo Peter Van der Heyden, o médio
defensivo Timmy Simons, o médio Gaëtan Englebert e o extremo Gert Verheyen, assim
como internacionais por outros países como o central checo David Rozehnal, o
médio jugoslavo Ivan Gvozdenovic, o médio ofensivo romeno Alin Stoica e o ponta
de lança peruano Andrés Mendoza.
O primeiro golo do encontro
surgiu pouco depois da meia hora, num lance de contra-ataque dos belgas, com
Mendonza a servir Verheyen de bandeja (34’). Já no segundo tempo, à passagem da
hora de jogo, João Pinto igualou a partida através de um cabeceamento certeiro
ao primeiro poste na sequência de um livre de Rodrigo Tello a partir da direita
(61’).
O 1-1 manteve-se até ao apito final,
mas como havia um troféu em disputa, teve lugar um desempate por penáltis. Aí o
Sporting
venceu por 3-2, com golos de Ricardo, Tello e Cristiano
Ronaldo para os leões
e de Simons e Bengt Sæternes para os belgas.
“Os leões
de Fernando Santos entraram de forma fulgurante na partida, dominaram
claramente a primeira meia-hora, mas voltaram a manifestar muita dificuldade em
colocar a bola na baliza adversária. Rochemback deixou claro que é reforço e Ronaldo
animou todo o jogo com uma mão cheia de truques”, começou por escrever o Maisfutebol
na crónica do jogo, assinada pelo jornalista Ricardo Gouveia.
“Fernando Santos voltou a
apresentar um 4x3x3 muito ofensivo, com Ricardo na baliza, um quarteto
defensivo composto por Mário Sérgio, Hugo, Beto e Rui Jorge, apoiado por
Rochemback, um pouco mais adiantado. João Pinto e Pedro Barbosa jogaram soltos
no meio-campo, enquanto Ronaldo
(direita) e Tello (esquerda) apoiaram Silva
pelos extremos. Os leões
entraram de forma fulgurante, com Ronaldo
a transbordar de imaginação no lado direito. Em poucos minutos, o jovem
avançado pôs o público a bater palmas com os seus dribles recheados de pequenos
pormenores de que os adeptos tanto gostam. Com Rochemback a assumir um papel
determinante na distribuição do jogo, fazendo a bola rolar para os extremos, os
leões
jogaram em velocidade, trocaram bem a bola, com Pedro Barbosa e João Pinto a
explorar muito bem os espaços concedidos pelo adversário”, pode ler-se.
“Os jogadores do Sporting
souberam tirar proveito da técnica mais evoluída para bater um adversário mais
alto (os dez jogadores de campo tinham mais de 1,80m). Ronaldo
foi uma permanente dor de cabeça para Van der Heyden. O jovem avançado chegou
sempre à linha de fundo, passando pelo lateral belga com facilidade, mas depois
nem sempre conseguiu dar à bola o melhor destino. Aliás, todos os leões
criaram toneladas de jogo na área belga, mas raramente conseguiram atirar com
perigo à baliza do veterano Verlinden. Um defeito que Fernando Santos tarda em
corrigir. Em cinco jogos, os leões
contam apenas com três golos marcados”, prosseguiu a crónica.
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