Estados Unidos foram eliminados pelos Países Baixos nos oitavos de final |
Após o humilhante interregno de
2018, a seleção
norte-americana de futebol voltou a marcar presença no Campeonato do Mundo,
tendo-se comportado condignamente. Agora que as cabeças já estão mais frias depois
da custosa eliminação às mãos dos Países Baixos, é altura de avaliar
francamente o que se passou, sempre com os olhos postos em 2026, pois é lá que
reside o grande sonho futebolístico dos Estados
Unidos. O Soccer em
Português achou por bem dar o seu parecer acerca da performance da
equipa no Qatar, e destapar um pouco o véu daquilo que poderá ser este grupo
daqui a quatro anos.
Os Estados
Unidos chegaram a este Campeonato do Mundo na condição indiscutível de
maior potência futebolística da América do Norte, uma posição talvez nunca
experienciada com tanta propriedade. A
conquista da Liga das Nações com a equipa mais jovem de sempre numa final e
depois da Gold Cup com um plantel secundário, tudo isto no espaço de dois
meses, são sinais que comprovam esta ideia. Ainda assim, competir no Mundial é
outro patamar para equipas da CONCACAF, tanto que as outras três representantes
(México, Canadá e Costa Rica) ficaram pelo caminho na fase de grupos. Os norte-americanos
conseguiram escalar esta montanha sozinhos, mas não se aguentaram na fase a
eliminar diante de uma seleção de elite como é a dos Países Baixos.
Nesse jogo dos oitavos-de-final,
por exemplo, notou-se uma incapacidade de conter lances de virtuosismo
individual dos neerlandeses, isto para além dos pequenos erros habitualmente
fatais para quem sai derrotado do encontro. Por outro lado, existiu uma falta
de profundidade no plantel evidente que necessita ser colmatada a tempo de
2026, caso os norte-americanos
queiram dar um salto competitivo. Individualmente falando, destaque para o
guarda-redes Matt Turner que agarrou meritoriamente a titularidade, e que
precisa de deixar o Arsenal
em breve, para que o possamos ver em ação mais vezes.
Pese embora a penosa
eliminação, podemos afirmar que a prestação da seleção
dos Estados Unidos no Campeonato do Mundo revelou-se bastante razoável e
satisfatória. O grupo sempre pareceu focado e unido na sua missão
futebolística, com destaque para o jovem trio do meio-campo composto por
McKennie, Musah e Adams, que demonstraram personalidade e capacidade ao longo
do torneio, despertando certamente algum interesse no mercado de
transferências. O selecionador Gregg Berhalter continua igual a si próprio,
autor de um trabalho minucioso de observação do adversário e adaptação do seu
conjunto para explorar as fragilidades dos oponentes. A equipa parece estar com
o selecionador, mas Berhalter continua a ser contestado internamente, o que nos
leva ao próximo ponto: o futuro
Quando fazemos algum balanço
desta equipa no Qatar, temos obrigatoriamente de o contextualizar com o futuro,
pois estamos perante um grupo de jogadores muito jovens (e promissores), em
preparação para disputar o próximo Mundial no seu território. No entanto, quem
estará a comandar este futuro? Gregg Berhalter teima em não reunir
consenso dos norte-americanos,
e a possibilidade de um eventual afastamento ao primeiro falhanço pode
comprometer o seu contributo no ciclo para o Campeonato do Mundo, e dar lugar a
outro técnico. Os críticos falam habitualmente do seu conservadorismo face a
uma das melhores gerações de futebolistas do país, argumento comum em várias
nações. Existem igualmente críticas mais justas, como o facto de esta equipa
não demonstrar capacidade física para aguentar o tipo de jogo que Berhalter
quer imprimir durante os 90 minutos. Nas partidas da fase de grupos, a quebra
física no decorrer das segundas partes era bastante visível, sobretudo na
partida inicial frente ao País de Gales. Também as suas hierarquias de soluções
na hora das substituições levantaram alguns sobrolhos. Giovanni Reyna, por
exemplo, poderia ter acumulado mais minutos, ao invés de outros jogadores que
saltaram mais rapidamente do banco. No entanto, os resultados práticos de
Berhalter desde que assumiu o comando dos Estados
Unidos são inegáveis e suficientes para justificar a sua continuidade até
2026. Veremos qual será o desfecho desta novela.
Estando Berhalter ou não, o
mais importante de tudo isto é que a seleção
norte-americana chegará a 2026 com grande parte dos seus protagonistas no
seu auge futebolístico, e com muitas outras jovens promessas na manga. Entre
os principais nomes na calha para essa convocatória teremos Christian Pulisic à
cabeça, acompanhado de Giovanni Reyna, Jesus Ferreira, Sergiño Dest, Malik
Tillman, Weston McKennie, Gianluca Busio, Caden Clark, Yunus Musah, Brenden
Aaronson, Ricardo Pepi, Serge Ngoma, Cade Cowell, Chris Richards, Justin Che,
Joe Scally, Obed Vargas, Tyler Adams, Timothy Weah, Gabriel Slonina, Djordje
Mihailovic, John Tolkin, Matt Turner, entre muitos outros. O arranque deste
ciclo entusiasmante acontecerá já em janeiro, na habitual concentração anual da
seleção, pontuada por dois encontros amigáveis com a Sérvia e a Colômbia.
Seguem-se os primeiros compromissos oficiais pós-Mundial em março, referentes à
fase de grupos da Liga
das Nações. Depois teremos três anos de um processo evolutivo que valerá a
pena acompanhar, de modo que o brilho expectável dos Estados
Unidos em 2026 não seja tão surpreendente.
O Soccer em Português decide
fechar o presente artigo com um verdadeiro exercício especulativo, apresentando
um possível XI Base norte-americano para o próximo Campeonato do Mundo.
Link original: http://www.socceremportugues.pt/o-balanco-dos-estados-unidos-no-qatar-so-se-faz-apontando-para-2026/
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