Senegal e 'descavado' Camarões mediram forças na final |
Taça
das Nações Africanas (ou CAN,
sigla utilizada em Portugal) é futebol com perfume africano, ao som de
vuvuzelas e com bandeiras coloridas nas bancadas como pano de fundo. É futebol
físico, desinibido e nem sempre com rigor tático. Porém, recordo-me perfeitamente
que o meu primeiro contacto com um CAN
foi feito via rádio, a 10 de fevereiro de 2002, quando ouvi que Camarões tinha
acabado de conquistar o título continental após bater o Senegal no desempate
por grandes penalidades.
Na altura não tinha televisão por
cabo, mas creio que o torneio não foi transmitido pela Eurosport, canal que tem transmitido as últimas edições da
competição – e com direito a comentários do carismático Olivier Bonamici, uma
das vozes habituais da estação, em Portugal, também quando a matéria é ciclismo,
sobretudo o Tour de France.
Nessa edição, a seleção dos Camarões
apresentou uma novidade no futebol mundial: uma camisola sem mangas, ao estilo
do basquetebol. A moda durou pouco e nem chegou ao Mundial que se realizou
nesse ano, cerca de quatro meses depois na Coreia do Sul e no Japão. Rigobert
Song (Colónia), Geremi (Real
Madrid), Samuel Eto'o (Maiorca), Lauren (Arsenal),
o malogrado Marc-Vivien Foé (Lyon)
e Salomon Olembé (Marselha) eram algumas das principais figuras dos leões
indomáveis, que contavam ainda com um jogador a atuar em Portugal. Não, não era
Meyong.
Nem Douala.
Era sim Jean Dika Dika, defesa do União de Lamas que, juntamente com McCarthy (FC
Porto/África do Sul) e Duah (União
de Leiria/Gana), compunha o trio de 'portugueses' do CAN 2002.
Do lado do Senegal, que meses
depois causaria sensação no Campeonato do Mundo ao bater França no jogo
inaugural e chegar aos quartos de final, as estrelas eram o capitão Aliou
Cissé (Montpellier), Khalilou Fadiga (Auxerre) e El Hadji Diouf (Lens).
Após empate a zero no final do
prolongamento, no desempate por penáltis Suffo, Lauren e Geremi marcaram para
os camaroneses e Coly e Fadiga para os senegaleses. “A seleção dos Camarões
revalidou o título da Taça
das Nações Africanas ao derrotar, na final, em Bamako, capital do Mali, o
Senegal na transformação de pontapés da marca de grande penalidade (3-2). Como
em 2000, então frente à Nigéria, os leões indomáveis conseguiram impor-se
apenas nos penáltis. No Senegal falharam Faye, Cissé e Diouf, nomeado para
melhor jogador africano do ano. O guarda-redes senegalês defendeu remates dos
camaroneses Womé e Song", podia ler-se numa foto-legenda na edição do dia
seguinte do jornal O Jogo.
Nenhuma seleção dos PALOP
participou neste torneio, que teve a Nigéria como terceiro classificado e o
Mali na quarta posição. A ausência da lusofonia alastrou-se à edição de 2004,
vencida pela anfitriã Tunísia, orientada pelo francês Roger Lemerre, que poucos
anos antes tinha guiado França ao título europeu (2000) e à vitória na Taça das
Confederações (2001).
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