domingo, 9 de janeiro de 2022

A minha primeira memória de… uma Taça das Nações Africanas

Senegal e 'descavado' Camarões mediram forças na final
Taça das Nações Africanas (ou CAN, sigla utilizada em Portugal) é futebol com perfume africano, ao som de vuvuzelas e com bandeiras coloridas nas bancadas como pano de fundo. É futebol físico, desinibido e nem sempre com rigor tático. Porém, recordo-me perfeitamente que o meu primeiro contacto com um CAN foi feito via rádio, a 10 de fevereiro de 2002, quando ouvi que Camarões tinha acabado de conquistar o título continental após bater o Senegal no desempate por grandes penalidades.
 
Na altura não tinha televisão por cabo, mas creio que o torneio não foi transmitido pela Eurosport, canal que tem transmitido as últimas edições da competição – e com direito a comentários do carismático Olivier Bonamici, uma das vozes habituais da estação, em Portugal, também quando a matéria é ciclismo, sobretudo o Tour de France.
 
Nessa edição, a seleção dos Camarões apresentou uma novidade no futebol mundial: uma camisola sem mangas, ao estilo do basquetebol. A moda durou pouco e nem chegou ao Mundial que se realizou nesse ano, cerca de quatro meses depois na Coreia do Sul e no Japão. Rigobert Song (Colónia), Geremi (Real Madrid), Samuel Eto'o (Maiorca), Lauren (Arsenal), o malogrado Marc-Vivien Foé (Lyon) e Salomon Olembé (Marselha) eram algumas das principais figuras dos leões indomáveis, que contavam ainda com um jogador a atuar em Portugal. Não, não era Meyong. Nem Douala. Era sim Jean Dika Dika, defesa do União de Lamas que, juntamente com McCarthy (FC Porto/África do Sul) e Duah (União de Leiria/Gana), compunha o trio de 'portugueses' do CAN 2002.
 
Do lado do Senegal, que meses depois causaria sensação no Campeonato do Mundo ao bater França no jogo inaugural e chegar aos quartos de final, as estrelas eram o capitão Aliou Cissé (Montpellier), Khalilou Fadiga (Auxerre) e El Hadji Diouf (Lens).
 
Após empate a zero no final do prolongamento, no desempate por penáltis Suffo, Lauren e Geremi marcaram para os camaroneses e Coly e Fadiga para os senegaleses. “A seleção dos Camarões revalidou o título da Taça das Nações Africanas ao derrotar, na final, em Bamako, capital do Mali, o Senegal na transformação de pontapés da marca de grande penalidade (3-2). Como em 2000, então frente à Nigéria, os leões indomáveis conseguiram impor-se apenas nos penáltis. No Senegal falharam Faye, Cissé e Diouf, nomeado para melhor jogador africano do ano. O guarda-redes senegalês defendeu remates dos camaroneses Womé e Song", podia ler-se numa foto-legenda na edição do dia seguinte do jornal O Jogo.
 
 
Nenhuma seleção dos PALOP participou neste torneio, que teve a Nigéria como terceiro classificado e o Mali na quarta posição. A ausência da lusofonia alastrou-se à edição de 2004, vencida pela anfitriã Tunísia, orientada pelo francês Roger Lemerre, que poucos anos antes tinha guiado França ao título europeu (2000) e à vitória na Taça das Confederações (2001).














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