Avançado Paulo Lourenço estava no Os Bucelenses |
Reforço da Associação Murteirense
para a nova época após um namoro “antigo” que já levava “uns quatro anos”,
Paulo Lourenço espera ajudar o clube do concelho do Cadaval a alcançar pela primeira
vez a subida à I Divisão Distrital da AF
Lisboa.
Em entrevista, o avançado luso-angolano
que chegou a ser orientado por João Henriques no Fátima
fala do seu percurso no futebol, todo ele nos distritais da AF Leiria e AF
Lisboa e fala sobre antigo companheiro de equipa do médio internacional
canadiano Stephen Eustáquio na formação de União
de Leiria e Torreense,
com quem partilhava o quarto.
ROMILSON TEIXEIRA - Após ter passo o último ano e meio no Os
Bucelenses, o Paulo Lourenço comprometeu-se com a Associação Murteirense para
2021-22. O que o levou a assinar pelo clube do concelho do Cadaval?
PAULO LOURENÇO - O que me levou
assinar pela Associação Murteirense foi o grande interesse que tiveram por mim.
Este namoro já é antigo, já leva uns quatro anos, é um clube com uma excelente
direção, grandes adeptos e condições excelentes para competir e lutar sempre
pelos lugares cimeiros da tabela. Pode dizer-se que a Associação Murteirense na
AF
Lisboa é dos clubes que tem uma grande estrutura. Estou muito feliz.
Que projeto lhe foi apresentado e quais são os objetivos da próxima
época?
O que foi apresentado ainda não está
bem definido, mas certamente será entrar todos os jogos para ganhar e, como
todos os clubes desta divisão, alcançar a tão desejada subida, mas sempre
jogando jogo a jogo.
O que está a achar da construção do plantel? Certamente que conhece
muitos dos elementos que vão compor a equipa…
Bastante ansioso. Conheço alguns,
que já defrontei. Outros não conheço, mas a Associação Murteirense tem sempre
equipas muito fortes e certamente seremos uma equipa muito difícil de bater.
Para os adeptos da Associação Murteirense que não o conheçam e que
estejam a ler esta entrevista, o que lhes pode dizer em relação a quem é o Paulo
Lourenço e quais as suas características? É um avançado…
Bem, o que posso dizer é que sou
um jogador que acima de tudo adora futebol, dá tudo pelo futebol e darei tudo
por este clube. Posso descrever-me como um jogador rápido, bom tecnicamente e
com um pé esquerdo com muita boa colocação de remate e cruzamento.
O Paulo Lourenço nasceu em Portugal, mas é descendente de angolanos.
Quais são as suas raízes em Angola?
A minha mãe e o meu pai. A minha
mãe nasceu em Luanda e o meu pai em Malange. A maior parte da minha família
está em Angola,
onde já tive o prazer de ir. Foi fantástico estar com a minha avó e os meus
tios, já a família do meu pai está em Portugal e estou bastantes vezes com
eles.
“Só depois de alguns anos é que me estreei na formação do Fátima porque não tinha documentos”
Começou a jogar futebol nas camadas jovens do Fátima.
Que memórias guarda desses tempos?
Muitas, posso dizer que não foi
fácil. Comecei a jogar no Fátima
com seis ou sete anos e quando passei para o futebol de7 passaram-me me logo para equipa A do
escalão, que já competia a nível federado, mas eu não podia competir porque não
tinha documentos. Estou agradecido até hoje ao Fátima
por me ter ajudado bastante, porque, por fim, depois de uns três ou quatro anos,
consegui estrear-me como jogador federado nos infantis A e fomos campeões com
98% de vitórias e só duas derrotas. Éramos muito fortes, foi uma estreia
fantástica.
“Foi uma honra representar a União de Leiria”
Paulo Lourenço esteve dois anos em Leiria |
Entre 2012 e 2014 representou os juvenis e os juniores da União
de Leiria. Qual foi o sentimento de representar um clube histórico no
futebol português?
Para mim foi uma honra, como é
óbvio. Também já era um namoro antigo, lembro-me muito do Dr. Diogo, que na
altura era o responsável da formação, ir até minha casa falar com a minha mãe e
com o meu avô na altura em que tinha 13 anos, mas na altura decidi ficar no Fátima.
No entanto, passados três anos juntei-me à União
de Leiria e volto a dizer que foi uma honra. Evolui imenso.
“Eu e Eustáquio vivíamos no mesmo quarto no Torreense. Ele está preparado para jogar num grande”
Na União
de Leiria foi, durante época e meia, companheiro de equipa de Stephen
Eustáquio, que atualmente joga no Paços
de Ferreira e na seleção do Canadá. Como tem visto a carreira dele? O que
lhe falta para chegar a um grande do futebol português?
Fui companheiro do Stephen na União
de Leiria durante época e meia, porque depois ele entretanto saiu porque
queria jogar e hoje digo que foi a melhor decisão que tomou. Eu e Stephen fomos
mais que companheiros, éramos amigos, inclusivamente no nosso último ano de
juniores jogámos os dois no Torreense
e vivíamos no mesmo quarto, e só quem esteve com ele sabe que ele trabalhou
muito, mas mesmo muito para chegar onde está, ele tem todo o mérito, é um
jogador exemplar dentro e fora de campo. Acho que ele já está preparado para
estar num grande do futebol português. Vamos esperar, mas não muito, acreditem.
“A nossa equipa fez a melhor época de sempre dos juniores do Torreense”
Paulo Lourenço no Torreense |
No entanto, foi no Torreense
que concluiu a sua formação. Que balanço faz do ano que passou em Torres
Vedras?
Posso dizer que foi a melhor
época em toda a história dos juniores do Torreense,
lutámos até à última jornada para irmos ao apuramento de campeão, discutimos a
vaga com a União
de Leiria, mas infelizmente não conseguimos. Mas como mister João Paulo nos
disse, já estamos na história do clube. Éramos uma grande equipa.
“Fui muito bem-recebido no Alqueidão da Serra e comecei bem, mas rompi o tendão de Aquiles”
Entretanto iniciou o seu trajeto no futebol sénior ao serviço do
Alqueidão Serra, nos distritais da AF Leiria. Quais as principais dificuldades
que sentiu na transição de júnior para sénior?
No meu primeiro ano de sénior
talvez até poderia ter ficado no Torreense,
mas preferi voltar para perto de casa e assinei pelo Fátima,
que na altura estava com um projeto muito aliciante, onde me encontrei com
mister João Henriques que hoje em dia já está no patamar alto do futebol
português, tendo já treinado o Vitória
de Guimarães, encontrando-se agora no Moreirense.
Entretanto, fui emprestado ao Alqueidão
da Serra, onde fui bem-recebido e as coisas começaram logo a correr super bem
individualmente. Cheguei a ser chamado para os treinos para seleção da AF
Leiria para preparar a competição UEFA Regions League, mas em janeiro tive uma
lesão muito grave, rompi o tendão de Aquiles, mas felizmente agora estou
completamente recuperado.
“AF Lisboa é mais forte e competitiva do que a AF Leiria”
Paulo Lourenço com a camisola do Pinheiro de Loures |
Nos anos que se seguiram representou Mirense e União da Serra nos
distritais da AF Leiria e Pinheiro de Loures, Vialonga e Os Bucelenses nos
distritais da AF
Lisboa. Existe algum tipo de diferença no nível competitivo nas duas
associações?
Posso dizer que são ambas muito competitivas,
mas digo que a AF
Lisboa é mais forte na minha opinião, é muito mais competitiva, há mais
intensidade, vê-se jogadores que podiam estar a jogar em divisões muito
superiores aos quais só falta sorte. Temos o caso do Matheus Nunes, do Sporting,
que há dois ou três anos jogava nestas competições.
Aos 25 anos, quais são os seus objetivos no futebol?
Obviamente que o meu sonho é ser
profissional, mas agora com 25 a idade já é avançada, as oportunidades já são
menores e posso dizer que a covid-19
queimou logo duas épocas, mas neste momento penso em desfrutar do futebol,
jogar aquilo que sei, esperar pela oportunidade e não deixar de trabalhar.
Tem acompanhado o futebol
angolano? Que opinião tem e quais são os atletas angolanos
que mais admira?
Sim, acompanho de vez em quando,
por vezes vejo a TPA. Gosto de saber como está a seleção, os jogadores que
conheço da atualidade são Gelson Dala, Ary Papel e Bastos e obviamente as
lendas Akwá
e Mantorras.
Gostava de experimentar o Girabola? Que opinião tem sobre o futebol
angolano?
É algo em que já pensei, agora é
preciso ter uma porta aberta. Gostaria imenso. A minha opinião sobre o futebol
angolano é que tem muito bons jogadores, só que dentro campo ainda falta muito
e isso reflete-se na nossa seleção a nível tático, de intensidade e de disciplina,
mas certamente vão conseguir evoluir, como tem vindo a acontecer, e por isso muitos
jogadores angolanos
já assinam contratos profissionais com grandes equipas da Europa.
Entrevista realizada por Romilson Teixeira
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