Etapa da Volta a Portugal entre Palmela e Odivelas |
A minha ligação ao ciclismo é
familiar. O meu tio-avô Abilardo Lopes foi um ciclista importante no pelotão
nacional durante a década de 1960, tendo representado clubes como Salgueiros e
Costa do Sol, pelo que essa era, a seguir ao futebol, a modalidade mais seguida
em minha casa. Desde sempre que tenho memória de o meu pai, seu sobrinho e
afilhado, não perder uma etapa da Volta a Portugal e da Volta a França, que na
altura eram transmitidas pelos canais da RTP
em canal aberto.
No entanto, se me perguntarem
qual foi efetivamente a primeira edição da Volta a Portugal de que tenho
memória, digo que é a de 2000, pois recordo-me de Vítor Gamito ter sido o
grande vencedor e de ter visto o pelotão ao vivo a meio de uma das etapas, numa
zona mais rural do distrito de Setúbal. Com recurso à Internet, tudo me leva a
crer que terá sido a etapa 2, uma tirada de 191 quilómetros que ligou Palmela a
Odivelas a 25 de julho.
Para mim era uma seca – e continua
a ser – estar várias horas à frente da televisão a ver o pelotão a deslocar-se
ainda longe da meta, mas não perdia a emoção dos derradeiros quilómetros. Naquela
altura, se uma etapa fosse discutida ao sprint,
havia grandes possibilidades de ser Cândido
Barbosa a vencê-la. Por admirar a sua combatividade, sempre desejei que o foguete
da Rebordosa conseguisse vencer a Volta, mas esse sonho morria todos os
anos logo após as principais etapas de montanha. É que Cândido
Barbosa era um ótimo sprinter,
mas um mau trepador.
Paralelamente, também seguia com
igual entusiasmo a Volta a França. Naquela altura de viragem do milénio/início
do século XXI, o norte-americano Lance Armstrong não dava hipóteses à concorrência,
tendo vencido todas as edições entre 1999 e 2005. Paralelamente, os portugueses
José Azevedo e Sérgio Paulinho também davam um ar de sua graça no Tour.
O pior veio depois. Os sucessivos
escândalos de doping, principalmente o que envolveu Armstrong, retirou-me todo
o meu fascínio pelo ciclismo. Afinal, tinha vibrado com sprints, fugas na
montanha, ultrapassagens em contrarrelógio para depois tudo isso ser rasurado. Afinal,
não tinha valido, tinha sido batota. Era como uma espécie de VAR, mas com um delay bastante maior.
Depois disso, recordo-me de ter
ido assistir a alguns prólogos da Volta com o meu pai em Portimão e Lisboa, mas
sem o entusiasmo que gostaria de ter por uma modalidade que tinha tudo para ser
das mais belas.
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