quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A minha primeira memória de… uma Volta a Portugal

Etapa da Volta a Portugal entre Palmela e Odivelas
A minha ligação ao ciclismo é familiar. O meu tio-avô Abilardo Lopes foi um ciclista importante no pelotão nacional durante a década de 1960, tendo representado clubes como Salgueiros e Costa do Sol, pelo que essa era, a seguir ao futebol, a modalidade mais seguida em minha casa. Desde sempre que tenho memória de o meu pai, seu sobrinho e afilhado, não perder uma etapa da Volta a Portugal e da Volta a França, que na altura eram transmitidas pelos canais da RTP em canal aberto.
 
No entanto, se me perguntarem qual foi efetivamente a primeira edição da Volta a Portugal de que tenho memória, digo que é a de 2000, pois recordo-me de Vítor Gamito ter sido o grande vencedor e de ter visto o pelotão ao vivo a meio de uma das etapas, numa zona mais rural do distrito de Setúbal. Com recurso à Internet, tudo me leva a crer que terá sido a etapa 2, uma tirada de 191 quilómetros que ligou Palmela a Odivelas a 25 de julho.

 

Para mim era uma seca – e continua a ser – estar várias horas à frente da televisão a ver o pelotão a deslocar-se ainda longe da meta, mas não perdia a emoção dos derradeiros quilómetros. Naquela altura, se uma etapa fosse discutida ao sprint, havia grandes possibilidades de ser Cândido Barbosa a vencê-la. Por admirar a sua combatividade, sempre desejei que o foguete da Rebordosa conseguisse vencer a Volta, mas esse sonho morria todos os anos logo após as principais etapas de montanha. É que Cândido Barbosa era um ótimo sprinter, mas um mau trepador.
 
Paralelamente, também seguia com igual entusiasmo a Volta a França. Naquela altura de viragem do milénio/início do século XXI, o norte-americano Lance Armstrong não dava hipóteses à concorrência, tendo vencido todas as edições entre 1999 e 2005. Paralelamente, os portugueses José Azevedo e Sérgio Paulinho também davam um ar de sua graça no Tour.
 
O pior veio depois. Os sucessivos escândalos de doping, principalmente o que envolveu Armstrong, retirou-me todo o meu fascínio pelo ciclismo. Afinal, tinha vibrado com sprints, fugas na montanha, ultrapassagens em contrarrelógio para depois tudo isso ser rasurado. Afinal, não tinha valido, tinha sido batota. Era como uma espécie de VAR, mas com um delay bastante maior.
 
Depois disso, recordo-me de ter ido assistir a alguns prólogos da Volta com o meu pai em Portimão e Lisboa, mas sem o entusiasmo que gostaria de ter por uma modalidade que tinha tudo para ser das mais belas.



 







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