Meio-campo do Varzim ganha talento e dinâmica com Zé Tiago

Zé Tiago é um médio canhoto e com baixo centro de gravidade

Anunciado esta terça-feira como reforço do Varzim, o experiente médio ofensivo Zé Tiago, 32 anos, vai procurar replicar o excelente desempenho ao longo do Mafra entre 2018 e 2020 – sobretudo em 2019-20, quando apontou sete golos –, depois de uma época menos conseguida no Desp. Chaves.

 

O centrocampista formado no Boavista é um daqueles casos de um jogador com grande talento, mas que não consegue aparecer na I Liga. Chegou aos 26 anos ao segundo escalão pela porta do Sp. Covilhã, passou por Desp. Aves e Académica, mas foi no Mafra que desfrutou e fez desfrutar do seu futebol.

 

Canhoto dotado de baixo centro de gravidade (1,67 m), qualidade técnica apurada e visão de jogo periférica, assumiu o papel de organizador de jogo dos mafrenses em 2019-20. Depois de ter atuado quase sempre a extremo às ordens de Filipe Martins na época anterior, ainda que com grande tendência para aparecer por dentro, com Vasco Seabra passou definitivamente para a zona central, onde gozou de grande liberdade de movimentos.

 

Com um toque de bola açucarado e grande critério na tomada de decisão, aparecia muito no chamado espaço entrelinhas, a zona cinzenta entre a linha defensiva e a linha média do adversário, onde não precisava de muito tempo para definir com qualidade numa fase já adiantada das jogadas de ataque. Porém, o seu raio de ação não se esgotava nos últimos 40 metros da faixa central. Bem pelo contrário. Também recuava para procurar a bola, tocá-la, ganhar confiança e começar a organizar o jogo a partir de uma zona mais recuada. Mas também aparecia nos flancos a criar superioridade numérica junto do lateral e do extremo, assim como na área a dar uma alternativa às movimentações do ponta de lança em plena zona de finalização. No fundo, dava a ideia de estar em todo o lado, como se fosse omnipresente.

 

Embora se sinta bastante confortável em ataque posicional, contexto que lhe permite desfrutar mais do talento e cultura tática que possui, também tinha uma participação importante nas saídas rápidas da equipa mafrense para o ataque, conduzindo a bola com qualidade e entregando-a no timing ideal ao companheiro mais adequado com grande precisão.

 

Por o Mafra precisar dele com as ideias e as pernas frescas, Vasco Seabra poupou-o um pouco das tarefas defensivas, colocando-o ao lado do ponta de lança no sistema de 4x4x2 que adotou para o processo defensivo, não o obrigando a correrias desenfreadas, ainda que Zé Tiago não se alheasse completamente da missão coletiva de defender. É o que acontece com os craques.

 

Na temporada passada, no Desp. Chaves, começou como titular no onze de Carlos Pinto, mas como segundo (e não terceiro) médio, com mais responsabilidade na fase inicial da construção de jogo e menos presença na zona de definição. No entanto, no final da primeira volta começou a perder espaço de forma repentina, uma vez que nas primeiras 16 jornadas disputou 11 encontros e todos como titular, enquanto nas 18 rondas que se seguiram foi dez vezes a jogo, mas nove das quais como suplente utilizado.