Os primeiros confrontos oficiais
entre os dois clubes remontam a 1970, quando os algarvios
se estrearam na I
Divisão, e nas décadas que se seguiram tornaram-se um hábito no primeiro
escalão. Não era fácil para o FC
Porto passar no Estádio de São Luís, de onde chegou a sair derrotado mesmo
em algumas das épocas mais conseguidas da sua história. Por outro lado, os portistas
também brindaram algumas vezes os leões
de Faro com goleadas à moda antiga.
Entre tantos duelos, vale a pena
ver aqui a nossa seleção dos dez mais marcantes, por ordem cronológica.
13 de setembro de 1970 – I
Divisão (1.ª jornada)
O Farense
estreou-se na I
Divisão em 1970-71 e o sorteio do calendário quis que os algarvios
recebessem o FC
Porto, então comandado pelo escocês Tommy Docherty, no São Luís.
Só pela receção a um
dos grandes clubes portugueses o dia já seria de festa para as gentes de
Faro, mas a formação
do sul do país, orientada por Manuel de Oliveira, colocou a cereja no topo
do bolo ao vencer por 1-0, com um golo solitário de Carlos Correia aos 23 minutos.
6 de maio de 1973 – Taça
de Portugal (quartos de final)
Depois de sair derrotado na
primeira visita ao São Luís, o FC
Porto não foi além de empates nas duas deslocações seguintes a Faro. Em
1973, os dois conjuntos defrontaram-se pela primeira vez num encontro da Taça
de Portugal, mas os azuis
e brancos voltaram a sair cabisbaixos do Algarve.
Em partida dos quartos de final,
o Farense
orientado por Manuel de Oliveira venceu por 1-0, com um golo solitário de
Manuel Fernandes aos 20 minutos, e apurou-se pela segunda vez para as
meias-finais da prova.
25 de março de 1984 – I
Divisão (23.ª jornada)
O resultado mais desnivelado de
sempre nos jogos entre os dois clubes.
De regresso à I
Divisão após sete épocas de ausência, o Farense
estava a sentir dificuldades para se manter longe da zona de despromoção. Dias
antes da visita às Antas, o búlgaro Hristo Mladenov deixou o comando técnico
dos algarvios,
tendo sido promovido o então adjunto Manuel Cajuda, que dava assim início a uma
longa carreira de treinador principal.
Se Fernando Gomes inaugurou o
marcador para os portistas
logo aos cinco minutos, Gil empatou logo a seguir, aos 9’. No entanto, esse
golo dos leões
de Faro não inibiu os dragões,
que construíram uma volumosa goleada por 7-1. Mikey Walsh (31’ e 48’), Eurico
Gomes (37’), novamente Fernando Gomes (67’), António Sousa (75’) e Jacques (79’)
marcaram os restantes golos.
Manuel Cajuda confessou em 2021
que essa pesada derrota foi o melhor que lhe “poderia ter acontecido”. “Percebi
que tinha de trabalhar muito”, escreveu no Facebook.
13 de dezembro de 1986 – I
Divisão (14.ª jornada)
Não, não houve qualquer engano.
Não decidimos trazer também jogos de hóquei em patins para esta lista.
Aconteceu mesmo: onze golos numa noite de futebol nas Antas, numa temporada em
que o FC
Porto de Artur Jorge viria a sagrar-se campeão europeu.
Aos três minutos, Paulo
Futre já tinha bisado. No entanto, essa façanha acabou por ser ofuscada
pela de Fernando Gomes, que apontou cinco golos nesse encontro (14’, 40’, 44’,
47’ e 77’ g.p.). João Pinto fez o outro golo dos dragões
(24’), enquanto Joaquim Pereirinha (27), Ciro (39’) e Jorge Andrade (90’, g.p.)
marcaram para os algarvios.
Apesar do elevado número de
golos, houve um brusco abrandamento na segunda parte, uma vez que ao intervalo já
se registava um incrível 6-2.
19 de maio de 1993 – I
Liga (26.ª jornada)
Cada vez mais consolidado na I
Liga, já sob a orientação do mítico treinador espanhol Paco Fortes, o Farense
vinha a fazer um campeonato
muito tranquilo, inclusivamente a morder os calcanhares aos lugares europeus.
Numa tarde de sol em Faro, o
0-0 arrastou-se até bem perto do final, quando Djukic cruzou a partir da
esquerda para o interior da área, onde apareceu Hugo Santos a cabecear
certeiro, batendo Vítor Baía (88’). “O golo ao FC
Porto marcou a minha carreira”, afirmou o antigo médio ao Record
em janeiro de 2021.
“Em 1993 não havia ainda a proibição
de os clubes oferecerem dinheiro a outras equipas, para motivar e ajudar a
ganhar. Não era proibido como hoje. Lembro-me que tínhamos um valor incrível
para ganhar ao FC
Porto aqui em casa. Mas o Benfica
jogava contra o Beira-Mar [três dias antes] e perdeu com um golo do Dino. Nós
ganhámos ao FC
Porto, mas já não recebemos o prémio. Perdemos um bom premiozinho de jogo”,
recordou Pitico ao Maisfutebol.
9 de janeiro de 1994 – I
Liga (15.ª jornada)
Campeão em título, o FC
Porto de Tomislav Ivić estava a sentir dificuldades para acompanhar o ritmo
de Benfica
e Sporting.
Também o Farense
se apresentava uns furos abaixo do nível patenteado na época anterior, entrando
para a receção aos dragões
em zona de despromoção.
Tal como no anterior, os algarvios
voltaram a vencer pela margem mínima, com mais um golo de cabeça apontado já
nos últimos minutos por intermédio de Goran Stevanovic, que até nem se dava
muito bem com o futebol aéreo, na resposta a um livre lateral de Portela.
“O Jorge Costa veio para fazer
falta, eu usei o corpo e ele acabou por cair mal junto ao muro e aleijar-se. No
livre batido da direita acabámos por marcar num bom cabeceamento do Stevanovic,
recordou Pitico ao Maisfutebol.
9 de abril de 1995 – I
Liga (28.ª jornada)
Se na época anterior FC
Porto e Farense
andavam na mó de baixo, em 1994-95 voltaram a estar em grande nível. Os dragões
lideravam o campeonato
com três pontos de avanço sobre o Sporting,
enquanto o Farense
estava a poucos pontos dos lugares europeus e vinha de uma goleada por 4-1 ao Benfica
no São Luís.
Na partida das Antas, imperou a
lei do mais forte, mas também a lei da… sobrevivência. Aos 33 minutos, quando Domingos
se preparava para executar uma grande penalidade, caiu um very-light junto a um dos postes da baliza do Farense.
O guarda-redes dos algarvios,
o nigeriano Peter Rufai, decidiu então atirar-se para o lado oposto, mas a bola
entrou na zona da fumaça. Apesar dos protestos, o árbitro Cunha Antunes não
quis mandar repetir o penálti e validou o golo.
Nos derradeiros minutos, Folha
fez o 2-0 na recarga a um remate de Drulovic defendido por Rufai.
20 de dezembro de 1999 – I
Liga (15.ª jornada)
Pentacampeão, líder da I
Liga e a fazer uma boa campanha na Liga
dos Campeões, o FC
Porto de Fernando Santos atropelou o Farense
de Nicolau Vaqueiro, então nos últimos lugares da tabela classificativa, com um
expressivo 5-0.
A primeira parte foi um massacre,
registando-se uma goleada por 4-0 ao intervalo, com os algarvios
a revelarem enorme passividade defensiva. O segundo tempo decorreu mais em
ritmo de descompressão, até porque o resultado foi sentenciado logo aos 51
minutos.
Esquerdinha inaugurou o marcador
de livre direto (7’), Mário Jardel apontou um hat trick (18’, 42’ e 51’) e, pelo meio, Capucho também faturou
(36’).
29 de abril de 2000 – I
Liga (32.ª jornada)
Se em dezembro o FC
Porto liderava e goleava, nos meses seguintes acumulou alguns resultados
consecutivos, também fruto do desgaste provocado pela Liga
dos Campeões, uma vez que os dragões
chegaram aos quartos de final após ultrapassarem duas fases de grupos. Entretanto,
o Sporting
aproveitou para subir à liderança.
À entrada para o jogo do São
Luís, os portistas
estavam a dois pontos do segundo lugar, quando faltavam disputar três jornadas.
Ganhando, os azuis
e brancos colocariam pressão sobre os leões, que no dia seguinte iam jogar
nos Barreiros e que na jornada a seguir iam receber o Benfica.
Um remate fantástico e de ângulo
complicado do romeno Marinescu adiantou o Farense,
que procurava fugir aos últimos lugares, logo aos cinco minutos. Porém, os
homens de Fernando Santos responderam de forma fantástica, com dois golos de
Jardel (16’ e 26’, g.p.) e um de Drulovic (31’). Ou seja, à passagem da meia
hora já venciam por 3-1.
No entanto, os espanhóis então
comandados pelo espanhol Ismael Díaz reduziram ainda na primeira parte,
novamente por Marinescu (44’), e chegou ao empate já na reta final do segundo
tempo, por intermédio do brasileiro Everson (81’).
O guarda-redes portista
Hilário, com algumas responsabilidades nos golos do Farense,
foi considerado um dos culpados pelo empate que deixou os azuis
e brancos mais longe do hexacampeonato.
6 de abril de 2002 – I
Liga (30.ª jornada)
Lanterna vermelha na I
Liga e a seis pontos da primeira equipa acima da zona de despromoção, o Farense
de Paco Fortes recebia um FC
Porto que não estava a fazer um grande campeonato,
uma vez que ocupava o 4.º lugar à entrada para o jogo do São Luís, mas que já
começava a dar alguns sinais de retoma, numa altura em que José
Mourinho já tinha sucedido a Octávio Machado como treinador.
Depois de Clayton
ter inaugurado o marcador para os dragões
logo aos 12 minutos, Hassan foi expulso aos 18’ por palavras dirigidas ao
árbitro Bruno Paixão. Perto do intervalo, Mijanovic travou o isolado Deco ainda
fora da área e também viu o cartão vermelho direto.
A jogar com mais duas unidades,
os azuis
e brancos dilataram a vantagem na segunda parte, com golos de Clayton
(50’) e Alenichev (63’).
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