Arsenal de Henry passou 90 minutos complicados no El Madrigal |
Uma das meias-finais mais improváveis
de sempre da Liga
dos Campeões. Afinal, nem Arsenal
nem Villarreal tinham atingido fase tão adiantada na competição. Mais: os gunners
começavam a perder fulgor mesmo em Inglaterra
e o submarino amarelo estava em estreia na Champions
e praticamente a dar os primeiros passos na elite
do futebol espanhol e nas competições europeias.
Dois anos após ter vencido a Premier
League sem derrotas, o Arsenal
já não contava com figuras dessa inesquecível temporada, com o médio francês
Patrick Vieira à cabeça. Por outro lado, o avançado holandês Dennis Bergkamp
estava já em final de carreira e outros como o central inglês Sol Campbell, o
lateral camaronês Lauren e o extremo francês Robert Pirès começavam a perder
fulgor. Por outro lado, o jovem médio espanhol Cesc Fàbregas parecia dar alguma
esperança quanto à renovação da equipa.
Já o Villarreal vinha numa imparável
trajetória ascendente. Em 1998-99 estreou-se na I
Liga Espanhola, em 2000-01 voltou para ficar, em 2003 e 2004 chegou à Taça
UEFA via Intertoto e em 2004-05 alcançou um brilhante 3.º lugar no campeonato
que lhe valeu o acesso à Liga
dos Campeões. E na Champions
de 2005-06 ultrapassou o Everton na 3.ª pré-eliminatória, venceu um grupo que
incluía Benfica,
Manchester United e Lille e na fase a eliminar afastou Rangers
e Inter de Milão.
O plantel do submarino amarelo
era composto por muitos jogadores quase anónimos, que nunca chegaram a uma
seleção nacional, mas também por enormes talentos como o lateral esquerdo
argentino Juan Pablo Sorín, o médio defensivo italiano Alessio Tacchinardi, o
médio brasileiro naturalizado espanhol Marcos Senna, o médio ofensivo argentino
Juan Román Riquelme, o avançado uruguaio Diego Forlán e o avançado espanhol
José Mari. O homem do leme era o chileno Manuel Pellegrini, então a dar os
primeiros passos no futebol europeu.
Embora o favoritismo fosse do Arsenal,
o Villarreal foi sempre bastante competitivo e sonhou com a presença na final
até ao derradeiro segundo da eliminatória. Em Highbury, os gunners
venceram por 1-0, com um golo solitário do central costa-marfinense Kolo Touré,
que ficou na área espanhol após um pontapé de campo e aproveitou uma assistência
de Hleb para faturar aos 41 minutos.
“O Arsenal
deu um passo importante rumo à final da Liga
dos Campeões, ao vencer em Highbury Park, Londres, o Villarreal, por 1-0,
em jogo da primeira mão das meias-finais da prova. Num encontro entre duas
equipas que atingiram pela primeira vez as meias-finais da Champions,
os ingleses ganharam com justiça, perante uma formação espanhola que apenas
conseguiu incomodar os visitados na marcação de livres. Com uma entrada
determinada em campo, o Arsenal
mostrou, desde cedo, que queria triunfar. O defesa Touré, que ao minuto 40
apontou o golo solitário, após assistência de Hleb, foi o autor do primeiro
aviso logo no início do desafio. Aos 11 minutos, o francês Thierry Henry
introduziu mesmo a bola na baliza de Barbosa, mas um dos auxiliares de Konrad
Plautz invalidou o golo. Um lance que deixou algumas dúvidas. Ao intervalo, os
donos da casa já justificavam a vantagem. O Arsenal
dominou e criou mais oportunidades de golo. Na segunda parte, o Villarreal
nunca conseguiu ultrapassar a defesa da casa, que somou o nono jogo consecutivo
sem sofrer golos na prova”, escreveu o Diário
de Notícias.
Seis dias depois, no El Madrigal,
registou-se um empate a zero. No entanto, a equipa espanhola esteve por várias
vezes bastante perto do golo que empataria a eliminatória. Aos 89 minutos,
Riquelme dispôs mesmo de uma grande penalidade, mas o guarda-redes alemão Jens
Lehmann respondeu com uma fantástica defesa.
“Terminou o sonho do Villarreal!
A formação espanhola fez tudo o que estava ao seu alcance para corrigir o
resultado negativo trazido da primeira-mão (0-1), mas não foi capaz de bater
por uma única vez Jens Lehmann e acabou injustamente eliminada da Liga
dos Campeões. O guarda-redes alemão do Arsenal
foi o grande herói de um encontro despido de emoção, ao defender, a um minuto
dos noventa, uma grande penalidade (mal) cobrada por Riquelme. Confirmou-se
assim a regra desta temporada do conjunto de Manuel Pellegrini de não marcar
golos a equipas inglesas, tal como se verificou no primeiro jogo com os gunners
e nos encontros da fase de grupos, frente ao Manchester United. Não foi por
falta de tentativas, porém, que isso aconteceu. O submarino amarelo teve
algumas possibilidades de desfazer o nulo, mas os seus dianteiros nunca deram a
melhor direção aos remates. Na primeira parte, por exemplo, Franco cabeceou no
interior da pequena-área para defesa apertada do guarda-redes forasteiro, que
no período de descontos impediu, a dois tempos, que um livre de Riquelme fosse
parar ao interior da baliza. Com o tempo como seu maior aliado, o Arsenal
procurou não entrar em riscos desnecessários e resguardou-se no seu meio-campo
durante o segundo tempo. Os locais tiveram, por isso, maior tempo de posse de bola
e mais oportunidades para marcar, mas tanto Franco, como Forlán - este de forma
inacreditável -, remataram ao lado”, resumiu o jornal O Jogo.
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