quinta-feira, 6 de maio de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre Arsenal e Villarreal

Arsenal de Henry passou 90 minutos complicados no El Madrigal
Uma das meias-finais mais improváveis de sempre da Liga dos Campeões. Afinal, nem Arsenal nem Villarreal tinham atingido fase tão adiantada na competição. Mais: os gunners começavam a perder fulgor mesmo em Inglaterra e o submarino amarelo estava em estreia na Champions e praticamente a dar os primeiros passos na elite do futebol espanhol e nas competições europeias.
 
Dois anos após ter vencido a Premier League sem derrotas, o Arsenal já não contava com figuras dessa inesquecível temporada, com o médio francês Patrick Vieira à cabeça. Por outro lado, o avançado holandês Dennis Bergkamp estava já em final de carreira e outros como o central inglês Sol Campbell, o lateral camaronês Lauren e o extremo francês Robert Pirès começavam a perder fulgor. Por outro lado, o jovem médio espanhol Cesc Fàbregas parecia dar alguma esperança quanto à renovação da equipa.
 
Já o Villarreal vinha numa imparável trajetória ascendente. Em 1998-99 estreou-se na I Liga Espanhola, em 2000-01 voltou para ficar, em 2003 e 2004 chegou à Taça UEFA via Intertoto e em 2004-05 alcançou um brilhante 3.º lugar no campeonato que lhe valeu o acesso à Liga dos Campeões. E na Champions de 2005-06 ultrapassou o Everton na 3.ª pré-eliminatória, venceu um grupo que incluía Benfica, Manchester United e Lille e na fase a eliminar afastou Rangers e Inter de Milão.
 
O plantel do submarino amarelo era composto por muitos jogadores quase anónimos, que nunca chegaram a uma seleção nacional, mas também por enormes talentos como o lateral esquerdo argentino Juan Pablo Sorín, o médio defensivo italiano Alessio Tacchinardi, o médio brasileiro naturalizado espanhol Marcos Senna, o médio ofensivo argentino Juan Román Riquelme, o avançado uruguaio Diego Forlán e o avançado espanhol José Mari. O homem do leme era o chileno Manuel Pellegrini, então a dar os primeiros passos no futebol europeu.
 
Embora o favoritismo fosse do Arsenal, o Villarreal foi sempre bastante competitivo e sonhou com a presença na final até ao derradeiro segundo da eliminatória. Em Highbury, os gunners venceram por 1-0, com um golo solitário do central costa-marfinense Kolo Touré, que ficou na área espanhol após um pontapé de campo e aproveitou uma assistência de Hleb para faturar aos 41 minutos.
 
“O Arsenal deu um passo importante rumo à final da Liga dos Campeões, ao vencer em Highbury Park, Londres, o Villarreal, por 1-0, em jogo da primeira mão das meias-finais da prova. Num encontro entre duas equipas que atingiram pela primeira vez as meias-finais da Champions, os ingleses ganharam com justiça, perante uma formação espanhola que apenas conseguiu incomodar os visitados na marcação de livres. Com uma entrada determinada em campo, o Arsenal mostrou, desde cedo, que queria triunfar. O defesa Touré, que ao minuto 40 apontou o golo solitário, após assistência de Hleb, foi o autor do primeiro aviso logo no início do desafio. Aos 11 minutos, o francês Thierry Henry introduziu mesmo a bola na baliza de Barbosa, mas um dos auxiliares de Konrad Plautz invalidou o golo. Um lance que deixou algumas dúvidas. Ao intervalo, os donos da casa já justificavam a vantagem. O Arsenal dominou e criou mais oportunidades de golo. Na segunda parte, o Villarreal nunca conseguiu ultrapassar a defesa da casa, que somou o nono jogo consecutivo sem sofrer golos na prova”, escreveu o Diário de Notícias.
 
 
Seis dias depois, no El Madrigal, registou-se um empate a zero. No entanto, a equipa espanhola esteve por várias vezes bastante perto do golo que empataria a eliminatória. Aos 89 minutos, Riquelme dispôs mesmo de uma grande penalidade, mas o guarda-redes alemão Jens Lehmann respondeu com uma fantástica defesa.
 
“Terminou o sonho do Villarreal! A formação espanhola fez tudo o que estava ao seu alcance para corrigir o resultado negativo trazido da primeira-mão (0-1), mas não foi capaz de bater por uma única vez Jens Lehmann e acabou injustamente eliminada da Liga dos Campeões. O guarda-redes alemão do Arsenal foi o grande herói de um encontro despido de emoção, ao defender, a um minuto dos noventa, uma grande penalidade (mal) cobrada por Riquelme. Confirmou-se assim a regra desta temporada do conjunto de Manuel Pellegrini de não marcar golos a equipas inglesas, tal como se verificou no primeiro jogo com os gunners e nos encontros da fase de grupos, frente ao Manchester United. Não foi por falta de tentativas, porém, que isso aconteceu. O submarino amarelo teve algumas possibilidades de desfazer o nulo, mas os seus dianteiros nunca deram a melhor direção aos remates. Na primeira parte, por exemplo, Franco cabeceou no interior da pequena-área para defesa apertada do guarda-redes forasteiro, que no período de descontos impediu, a dois tempos, que um livre de Riquelme fosse parar ao interior da baliza. Com o tempo como seu maior aliado, o Arsenal procurou não entrar em riscos desnecessários e resguardou-se no seu meio-campo durante o segundo tempo. Os locais tiveram, por isso, maior tempo de posse de bola e mais oportunidades para marcar, mas tanto Franco, como Forlán - este de forma inacreditável -, remataram ao lado”, resumiu o jornal O Jogo.








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