Jogo nos Açores marcou a estreia de Pedro Henriques na I Liga |
A minha primeira memória
de um jogo entre Sp.
Braga e Santa
Clara está relacionada com... o árbitro. E não, não foi
devido a decisões polémicas. É que esse jogo marcou a estreia de
Pedro Henriques como árbitro principal da I Liga, depois de por lá
ter passado enquanto assistente de Jorge Coroado no início da década
de 1990.
Não assisti ao jogo, mas
recordo-me de o desempenho do juiz lisboeta, então com 36 anos, ter
sido elogiado no resumo pelo jornalista responsável por elaborar o
resumo para a RTP 1, naquele
que foi o primeiro de 97 jogos dele no campeonato português.
“Pouco 'Oficial' nos
foras-de-jogo. Disciplinarmente, Pedro Henriques esteve bem, pois
conseguiu controlar os ânimos exaltados, embora pontuais, dos
jogadores e dos dois técnicos. E este oficial do Exército até
poderia ter brilhado a outros níveis, não fossem as sucessivas
distrações dos seus auxiliares, que deram cobertura a uma série de
ataques do Santa
Clara, construídos em posições de fora-de-jogo, que só não
resultaram em golos, porque o guardião arsenalista
Marco foi chegando para as encomendas... Curiosamente, o golo de
Toñito foi conseguido na sequência de um lance legal, pelo que os
minhotos
não se podem queixar. Acerta da também parece ter sido o penálti
assinalado contra o Braga,
pois Puma tocou com a mão na bola, quando tentava esconjurar a
situação”, escreveu o jornal O Jogo sobre a atuação do
homem do apito.
De facto, foi o arranque
de um trajeto bonito na elite, onde permaneceria até 2009-10. Não
chegou a internacional, mas ficou conhecido pela competência e pelo
critério largo. Com ele, era “canela até ao pescoço”, como diz
o povo. Apitou a final da Taça
de Portugal em 2003, entre FC Porto e União
de Leiria, e dirigiu vários clássicos nos anos seguintes.
Tenente Coronel do Exército, dava nas vistas também pelo penteado
muito característico, com poupa e rapado de lado e atrás, um físico
bem tratado e facilidade na comunicação, o que lhe valeu um convite
para desempenhar as funções de comentador televisivo após terminar
a carreira de árbitro.
Relativamente ao jogo em
si, o Santa
Clara bateu o Sp.
Braga por 1-0 no Estádio São Miguel durante a tarde de 17 de
fevereiro de 2002. O único golo do encontro foi apontado pelo médio
ofensivo espanhol emprestado pelo Sporting, Toñito, aos 55 minutos,
após uma arrancada em velocidade pelo corredor central, já depois
de Brandão, melhor marcador da II Liga na temporada anterior, ter
desperdiçado um penálti a meio do primeiro tempo.
“O masoquismo tem
limites. Apesar de muito suado, soube bem o triunfo aos açorianos
que, de certo modo, conseguiram vingar-se da goleada sofrida em
Braga. O golo de Toñito pode sugerir pouca superioridade, mas é um
dado enganador. Até abundaram os ataques, só não houve pontaria
afinada”, resumiu o jornal O Jogo.
No Santa
Clara atuavam ainda jogadores como o guarda-redes internacional
português Jorge Silva, que tinha passado várias épocas no
Salgueiros; o antigo central benfiquista
Sérgio Nunes; o central/lateral esquerdo internacional português
Leal; o médio defensivo internacional português Paiva; o médio
ofensivo internacional
angolano Figueiredo; e o médio ofensivo argentino Hanuch, cedido
pelo Sporting. Manuel
Fernandes era o treinador.
Manuel Cajuda estava no
banco dos bracarenses
e tinha à sua disposição futebolistas como o central Ricardo
Rocha, que já tinha tudo acertado para rumar ao Benfica;
o eterno lateral direito José Nuno Azevedo; o médio internacional
português e pontapé-canhão Barroso; o eterno médio ofensivo
Castanheira; e o avançado internacional
angolano emprestado pelo Benfica,
Mawete Júnior; e o avançado brasileiro Barata, que nessa temporada
apontou 20 golos em todas as competições mas que na deslocação
aos Açores foi suplente utilizado. Quem não estava disponível era
o guarda-redes internacional português Quim, que tinha acusado
positivo num controlo antidoping.
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