sexta-feira, 5 de junho de 2020

A minha primeira memória de…um jogo entre Sp. Braga e Santa Clara

Jogo nos Açores marcou a estreia de Pedro Henriques na I Liga
A minha primeira memória de um jogo entre Sp. Braga e Santa Clara está relacionada com... o árbitro. E não, não foi devido a decisões polémicas. É que esse jogo marcou a estreia de Pedro Henriques como árbitro principal da I Liga, depois de por lá ter passado enquanto assistente de Jorge Coroado no início da década de 1990.


Não assisti ao jogo, mas recordo-me de o desempenho do juiz lisboeta, então com 36 anos, ter sido elogiado no resumo pelo jornalista responsável por elaborar o resumo para a RTP 1, naquele que foi o primeiro de 97 jogos dele no campeonato português.

“Pouco 'Oficial' nos foras-de-jogo. Disciplinarmente, Pedro Henriques esteve bem, pois conseguiu controlar os ânimos exaltados, embora pontuais, dos jogadores e dos dois técnicos. E este oficial do Exército até poderia ter brilhado a outros níveis, não fossem as sucessivas distrações dos seus auxiliares, que deram cobertura a uma série de ataques do Santa Clara, construídos em posições de fora-de-jogo, que só não resultaram em golos, porque o guardião arsenalista Marco foi chegando para as encomendas... Curiosamente, o golo de Toñito foi conseguido na sequência de um lance legal, pelo que os minhotos não se podem queixar. Acerta da também parece ter sido o penálti assinalado contra o Braga, pois Puma tocou com a mão na bola, quando tentava esconjurar a situação”, escreveu o jornal O Jogo sobre a atuação do homem do apito.

De facto, foi o arranque de um trajeto bonito na elite, onde permaneceria até 2009-10. Não chegou a internacional, mas ficou conhecido pela competência e pelo critério largo. Com ele, era “canela até ao pescoço”, como diz o povo. Apitou a final da Taça de Portugal em 2003, entre FC Porto e União de Leiria, e dirigiu vários clássicos nos anos seguintes. Tenente Coronel do Exército, dava nas vistas também pelo penteado muito característico, com poupa e rapado de lado e atrás, um físico bem tratado e facilidade na comunicação, o que lhe valeu um convite para desempenhar as funções de comentador televisivo após terminar a carreira de árbitro.


Relativamente ao jogo em si, o Santa Clara bateu o Sp. Braga por 1-0 no Estádio São Miguel durante a tarde de 17 de fevereiro de 2002. O único golo do encontro foi apontado pelo médio ofensivo espanhol emprestado pelo Sporting, Toñito, aos 55 minutos, após uma arrancada em velocidade pelo corredor central, já depois de Brandão, melhor marcador da II Liga na temporada anterior, ter desperdiçado um penálti a meio do primeiro tempo.


“O masoquismo tem limites. Apesar de muito suado, soube bem o triunfo aos açorianos que, de certo modo, conseguiram vingar-se da goleada sofrida em Braga. O golo de Toñito pode sugerir pouca superioridade, mas é um dado enganador. Até abundaram os ataques, só não houve pontaria afinada”, resumiu o jornal O Jogo.

No Santa Clara atuavam ainda jogadores como o guarda-redes internacional português Jorge Silva, que tinha passado várias épocas no Salgueiros; o antigo central benfiquista Sérgio Nunes; o central/lateral esquerdo internacional português Leal; o médio defensivo internacional português Paiva; o médio ofensivo internacional angolano Figueiredo; e o médio ofensivo argentino Hanuch, cedido pelo Sporting. Manuel Fernandes era o treinador.

Manuel Cajuda estava no banco dos bracarenses e tinha à sua disposição futebolistas como o central Ricardo Rocha, que já tinha tudo acertado para rumar ao Benfica; o eterno lateral direito José Nuno Azevedo; o médio internacional português e pontapé-canhão Barroso; o eterno médio ofensivo Castanheira; e o avançado internacional angolano emprestado pelo Benfica, Mawete Júnior; e o avançado brasileiro Barata, que nessa temporada apontou 20 golos em todas as competições mas que na deslocação aos Açores foi suplente utilizado. Quem não estava disponível era o guarda-redes internacional português Quim, que tinha acusado positivo num controlo antidoping.  













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