João Amaral emprestado ao Paços de Ferreira até final da época |
O percurso de João
Amaral no futebol desafia toda a lógica: 1) Natural de Vila Nova
de Gaia, não passou nem pela formação de um grandes nem pela de um
dos principais clubes da Área Metropolitana do Porto; 2) Quando
subiu a sénior, passou sete temporadas nos escalões inferiores,
tendo estado emprestado pelo Pedras Rubras há apenas três anos; 3)
Nem sempre o futebol foi a sua única atividade, tendo trabalhado
enquanto jogava; 4) Chegou à I Liga à beira dos 25 anos e não
precisou de muitos jogos para se tornar numa das principais figuras
do Vitória
de Setúbal; 5) Emigrou aos 27 anos para os polacos do Lech
Poznan após duas semanas de treinos no Benfica;
6) Regressa agora a Portugal pela porta de uma equipa que está com
dificuldades para sair da zona de despromoção [Paços de Ferreira]
depois de ano e meio de bom nível na Polónia.
Acompanhei de bem perto
os primeiros tempos de João
Amaral no emblema sadino, no verão de 2016. Um perfeito
desconhecido, foi talvez o menos sonante dos reforços de um defeso
em que o conjunto setubalense pescou Edinho,
Bruno
Varela, Ryan
Gauld, André Geraldes, Fábio Cardoso, Vasco Fernandes, Zé
Manuel ou Mikel.
No dia em que assinou contrato, disse que se tratava do “concretizar
de um sonho” e “o culminar de um longo percurso desportivo”.
Mal sabia que ainda havia mais montanha para escalar.
Irreverência temperada com disciplina
As boas indicações
começaram logo a ser dadas na pré-época. O extremo não deu
qualquer sinal de timidez apesar de estar pela primeira vez num clube
de I Liga e longe do norte do país. Bem pelo contrário. Desde o
primeiro dia que mostrou a sua irreverência dentro de campo, sem
medo de ir para cima dos adversários ou de uma ação mais arrojada.
Uma irreverência, porém, sempre temperada com disciplina e entrega.
Arrisco mesmo dizer que terá conquistado os exigentes adeptos
sadinos tanto pelo talento como pelo brio profissional. Criou
boa impressão no primeiro jogo da fase preparatória, frente ao…
Benfica, obrigando Fejsa a recorrer várias vezes à falta para o
travar.
No
jogo de apresentação aos sócios, na estreia no Bonfim, diante do…
Benfica B, apontou um grande golo, de pé esquerdo, que levou o
próprio a levar as mãos à cabeça e o público a gritar o seu
nome. Na
mesma noite, entusiasmou pelas suas incursões pelo corredor direito
e ainda fez uma assistência.
Contudo, no jogo
inaugural do campeonato, ficou no banco. A
estreia oficial só ocorreu à 2.ª jornada, no Estádio… da Luz.
Amaral aproveitou a ausência de Nuno Santos, que estava inelegível
por se encontrar emprestado pelo Benfica, para somar os primeiros
minutos na I Liga. Não esteve mal, mas haveria de estar melhor
uma
semana depois, na receção ao Arouca, quando se estreou a marcar no
patamar maior do futebol português.
A excelente exibição
reforçou a empatia com os adeptos e aguçou o apetite dos
jornalistas sobre a origem de um jogador que, um par de meses antes,
era um autêntico desconhecido. Aí, revelou um pouco mais do seu
trajeto pessoal e profissional. “Estudei, mas entre os meus 17 e 18
anos tive de deixar de estudar durante um ano, porque precisava de
ajudar a minha mãe. Trabalhei numa fábrica de rótulos de garrafas
de vinho, em Vila Nova de Gaia. Depois, voltei a estudar e conclui o
12.º ano. Tenho um curso profissional de informática.
Posteriormente, deixei de estudar mais uma vez, mas para me focar no
futebol. Sentia que esses anos eram fulcrais para mim. Não se
consegue tirar o máximo aproveitamento ao trabalhar de dia e treinar
à noite, porque se vem cansado e não há a mesma vontade”,
afirmou, no dia seguinte.
O ídolo Ronaldo e o sonho Seleção Nacional
Nessa conversa, confessou
que até chegou “um pouco tímido” ao Vitória,
mas que achava “que o futebol nada tem a ver com isso”. Admitiu
ter “pena” de não ter chegado “mais cedo” à I Liga, mas que
“nunca é tarde para concretizar um sonho”, dividindo os louros
com a família e a namorada. A namorada, Ana, é mesmo a culpada pelo
número 24 que utilizou em Setúbal (e no Pedras Rubras), pois foi
num dia 24 [de junho de 2014] que iniciaram a relação. Também
nessa manhã de final de agosto, revelou igualmente que guardava
recortes de jornais, tanto de jogos que lhe corriam bem como daqueles
em que falhou “lances incríveis”. Questionado sobre ídolos,
mencionou Cristiano Ronaldo, e sobre sonhos, falou em “chegar à
Seleção Nacional”. “Jogar pelo meu país seria, com certeza, o
maior orgulho da minha vida”, atirou. Contudo, no início da
resposta, soltou um “Quem não gostaria de jogar no Real Madrid?”.
O bom momento de João
Amaral não se esgotou em poucos meses. Durou duas temporadas. Na
primeira, em que atuou mais como extremo direito, apontou cinco golos
em 37 jogos, e
venceu o prémio de melhor jogador do Vitória em 2016/17 para o
jornal O Setubalense – precisamente atribuído por mim.
Na segunda, apareceu muitas vezes como segundo avançado e elevou o
registo para nove remates certeiros, em 41 partidas. A forma como
serpenteia no último terço do terreno em velocidade e com a bola
controlada, a capacidade de decidir bem na zona de definição e a
generosidade no capítulo defensivo foram as principais qualidades
que mostrou.
Esses
atributos não foram suficientes para vingar no Benfica. Acabou
dispensado após duas semanas de trabalho na pré-época do verão de
2018 às ordens de Rui Vitória e foi prontamente transferido para os
polacos do Lech Poznan. 47 jogos e 13 golos depois, está de volta a
Portugal pela porta de uma equipa que está com bastantes
dificuldades em sair da zona de despromoção, o Paços de Ferreira
de Pepa. Uma transferência que desportivamente talvez não estivesse
nos programas do extremo, que aos 28 anos está prestes a ser pai e
quer estar junto da família quando a filha nascer.
este foi um dos 4 mil que se enganaram a assinar com o benfica e ainda hoje o meu vitoria de setubal nao sabe dos 3 milhoes . e a seguir sera o cadiz e mais uma vez o vitoria de setubal quem ganhou foi o clube mae e nao aquele que o foi buscar de volta a portugal . e esta semana jogadores grandes nesse enorme clube do sado estao a voltar .
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