Portista Ricardo Carvalho em luta com Paul Lambert |
O jogo mais memorável
entre o FC Porto e uma equipa escocesa aconteceu na final da Taça
UEFA de 2002-03, quando os dragões bateram o Celtic após
prolongamento, mas na época anterior as duas já se tinham
defrontado na fase de grupos da Liga dos Campeões.
Recordo-me de os jogos
terem existido, mas confesso que já não me lembrava dos resultados
nem de quaisqueres incidências. No primeiro encontro entre a
formação da Invicta e a de Glasgow, a 29 de setembro de 2001,
jogaram alguns dos intervenientes da final que se realizaria em
Sevilha mais de um ano e meio depois. Jorge Costa, Ricardo Carvalho,
Costinha, Deco e Capucho atuaram pelos dragões nas duas partidas, ao
passo que o conjunto orientado por Martin O'Neill repetiu dez (!)
titulares – a exceção foi a troca do holandês Bobby Petta pelo
inglês Alan Thompson.
O goleador sueco Henrik
Larsson era a grande estrela do Celtic, secundado pelo capitão Paul
Lambert (campeão europeu pelo Borussia Dortmund em 1996-97) e pelo
talentoso médio búlgaro Stiliyan Petrov.
Para o tal jogo de 25 de
setembro de 2001, relativo à 2.ª jornada da fase de grupos, o FC
Porto entrou no Celtic Park pelo conforto oferecido pela vitória
no terreno do Rosenborg na ronda inaugural, enquanto os escoceses
tinham perdido na visita à Juventus.
Embora mais pressionada,
a equipa da casa bateu os comandados por Octávio Machado por 1-0,
com golo de Larsson aos 36 minutos na sequência de um canto na
direita e de alguns ressaltos na área portista. Os dragões ainda
estiveram perto do empate, mas saíram mesmo com uma derrota de
Glasgow.
“Quando a bola não
quer... O FC Porto mudou de capitão e de tática, deu-se bem com o
esquema de três defesas e depois de ter passado tempo de mais a
controlar as ações do adversário, sofreu um golo e foi para cima
dele. Mas a bola não entrou de jeito nenhum. Fica apenas o amargo de
uma boa exibição desaproveitada”, escreveu o jornal O Jogo
na crónica da partida.
À entrada para o segundo
confronto, nas Antas, referente à 4.ª jornada, as situações
inverteram-se. Os escoceses estavam mais confortáveis, com seis
pontos, mais dois do que o FC Porto, que ficaria em situação
delicada caso fosse derrotado em casa. “O Estádio das Antas define
então a grande encruzilhada dos dragões na Liga dos Campeões e
poderá voltar a ser palco de decisões no jogo de encerramento desta
fase com a visita
do Rosenborg até para correção de um resultado negativo em
Turim”, antevia o Record.
Nessa partida Octávio
Machado apostou numa linha de quatro defesas, ao contrário do que
tinha feito no Celtic Park, enquanto Martin O'Neill voltou a manter a
espinha-dorsal, alterando apenas duas unidades em relação ao onze
que cerca de um mês antes tinha jogado em Glasgow, com Alan Thompson
e o avançado galês John Hartson a surgirem no onze, nos lugares de
Bobby Petta e Chris Sutton.
Sem tempo a perder, o FC
Porto inaugurou o marcador logo no primeiro minuto, por Clayton,
de cabeça, após grande cruzamento de Capucho. E depois de
praticamente 45 minutos em que se assistiu a um festival de golos
falhados junto da baliza Rab Douglas, Mário Silva ampliou finalmente
a vantagem à beira do intervalo, atráves de um forte remate de
ressaca de fora da área depois de um pontapé de canto. E já na
segunda parte, à passagem da hora de jogo, Clayton
tabelou com Deco e fez o 3-0, num bonito golo do qual tinha memória
visual.
“Bonito e sem mácula.
Foi assim o triunfo do FC Porto sobre o Celtic, por expressivos 3-0,
marca que (re)lança a equipa de Octávio Machado no bom caminho para
a passagem à fase seguinte da Liga dos Campeões. Foi, também,
selado novo tratado de paz com os adeptos, que nos últimos tempos
não só assobiavam como até exibiam lenços brancos. Desta vez,
porém, tudo foi diferente e os apupos deram lugar às palmas e aos
gritos de incitamento”, escreveu o Record.
Um ano e tal depois, a
tal final de Sevilha, um jogo memorável não só para os portistas
como para qualquer adepto de futebol que tenha assistido ao encontro.
Um jogo emocionante, com Henrik Larsson a responder praticamente de
imediato aos dois primeiros golos portistas e a atirar a decisão
para prolongamento, com Derlei a resolver a final aos 115 minutos,
num quente final de tarde/início de noite na Andaluzia. Ainda hoje,
não só o treinador José
Mourinho com vários jogadores consideram essa conquista mais
marcante do que a da Liga dos Campeões, um ano depois.
“Que noite! O FC Porto
levou de Sevilha a tão desejada Taça UEFA depois de 120 minutos
jogados nos limites da própria condição humana. Com um golo de
prata se pintou a oiro mais uma página da história de um clube que
é, desde há algum tempo, o melhor embaixador do futebol português.
Por isso, temos de lhe estar gratos. E mesmo se no escaldante
Olímpico de Sevilha não ficou todo o perfume do futebol que durante
uma época inteira nos encantou, que importa!, ficou uma imagem de
personalidade, de carácter e de capacidade de enfrentar as
contrariedades com a atitude e a fé dos homens que acreditam no seu
valor”, pode ler-se no Record.
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