quinta-feira, 7 de novembro de 2019

A minha primeira memória de... um jogo entre FC Porto e equipas escocesas

Portista Ricardo Carvalho em luta com Paul Lambert
O jogo mais memorável entre o FC Porto e uma equipa escocesa aconteceu na final da Taça UEFA de 2002-03, quando os dragões bateram o Celtic após prolongamento, mas na época anterior as duas já se tinham defrontado na fase de grupos da Liga dos Campeões.


Recordo-me de os jogos terem existido, mas confesso que já não me lembrava dos resultados nem de quaisqueres incidências. No primeiro encontro entre a formação da Invicta e a de Glasgow, a 29 de setembro de 2001, jogaram alguns dos intervenientes da final que se realizaria em Sevilha mais de um ano e meio depois. Jorge Costa, Ricardo Carvalho, Costinha, Deco e Capucho atuaram pelos dragões nas duas partidas, ao passo que o conjunto orientado por Martin O'Neill repetiu dez (!) titulares – a exceção foi a troca do holandês Bobby Petta pelo inglês Alan Thompson.

O goleador sueco Henrik Larsson era a grande estrela do Celtic, secundado pelo capitão Paul Lambert (campeão europeu pelo Borussia Dortmund em 1996-97) e pelo talentoso médio búlgaro Stiliyan Petrov.

Para o tal jogo de 25 de setembro de 2001, relativo à 2.ª jornada da fase de grupos, o FC Porto entrou no Celtic Park pelo conforto oferecido pela vitória no terreno do Rosenborg na ronda inaugural, enquanto os escoceses tinham perdido na visita à Juventus.

Embora mais pressionada, a equipa da casa bateu os comandados por Octávio Machado por 1-0, com golo de Larsson aos 36 minutos na sequência de um canto na direita e de alguns ressaltos na área portista. Os dragões ainda estiveram perto do empate, mas saíram mesmo com uma derrota de Glasgow.

“Quando a bola não quer... O FC Porto mudou de capitão e de tática, deu-se bem com o esquema de três defesas e depois de ter passado tempo de mais a controlar as ações do adversário, sofreu um golo e foi para cima dele. Mas a bola não entrou de jeito nenhum. Fica apenas o amargo de uma boa exibição desaproveitada”, escreveu o jornal O Jogo na crónica da partida.


À entrada para o segundo confronto, nas Antas, referente à 4.ª jornada, as situações inverteram-se. Os escoceses estavam mais confortáveis, com seis pontos, mais dois do que o FC Porto, que ficaria em situação delicada caso fosse derrotado em casa. “O Estádio das Antas define então a grande encruzilhada dos dragões na Liga dos Campeões e poderá voltar a ser palco de decisões no jogo de encerramento desta fase com a visita do Rosenborg até para correção de um resultado negativo em Turim”, antevia o Record.

Nessa partida Octávio Machado apostou numa linha de quatro defesas, ao contrário do que tinha feito no Celtic Park, enquanto Martin O'Neill voltou a manter a espinha-dorsal, alterando apenas duas unidades em relação ao onze que cerca de um mês antes tinha jogado em Glasgow, com Alan Thompson e o avançado galês John Hartson a surgirem no onze, nos lugares de Bobby Petta e Chris Sutton.

Sem tempo a perder, o FC Porto inaugurou o marcador logo no primeiro minuto, por Clayton, de cabeça, após grande cruzamento de Capucho. E depois de praticamente 45 minutos em que se assistiu a um festival de golos falhados junto da baliza Rab Douglas, Mário Silva ampliou finalmente a vantagem à beira do intervalo, atráves de um forte remate de ressaca de fora da área depois de um pontapé de canto. E já na segunda parte, à passagem da hora de jogo, Clayton tabelou com Deco e fez o 3-0, num bonito golo do qual tinha memória visual.

“Bonito e sem mácula. Foi assim o triunfo do FC Porto sobre o Celtic, por expressivos 3-0, marca que (re)lança a equipa de Octávio Machado no bom caminho para a passagem à fase seguinte da Liga dos Campeões. Foi, também, selado novo tratado de paz com os adeptos, que nos últimos tempos não só assobiavam como até exibiam lenços brancos. Desta vez, porém, tudo foi diferente e os apupos deram lugar às palmas e aos gritos de incitamento”, escreveu o Record.


Um ano e tal depois, a tal final de Sevilha, um jogo memorável não só para os portistas como para qualquer adepto de futebol que tenha assistido ao encontro. Um jogo emocionante, com Henrik Larsson a responder praticamente de imediato aos dois primeiros golos portistas e a atirar a decisão para prolongamento, com Derlei a resolver a final aos 115 minutos, num quente final de tarde/início de noite na Andaluzia. Ainda hoje, não só o treinador José Mourinho com vários jogadores consideram essa conquista mais marcante do que a da Liga dos Campeões, um ano depois.

“Que noite! O FC Porto levou de Sevilha a tão desejada Taça UEFA depois de 120 minutos jogados nos limites da própria condição humana. Com um golo de prata se pintou a oiro mais uma página da história de um clube que é, desde há algum tempo, o melhor embaixador do futebol português. Por isso, temos de lhe estar gratos. E mesmo se no escaldante Olímpico de Sevilha não ficou todo o perfume do futebol que durante uma época inteira nos encantou, que importa!, ficou uma imagem de personalidade, de carácter e de capacidade de enfrentar as contrariedades com a atitude e a fé dos homens que acreditam no seu valor”, pode ler-se no Record.





















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