Thierry Henry entre Fatih Sonkaya e Pedro Emanuel |
A minha primeira memória
de um jogo entre o Arsenal e equipa portuguesas remonta a um encontro
de caráter particular, ainda que no Torneio de Amesterdão, uma das
mais prestigiadas competições de pré-temporada, que tinha como
particularidade o facto de os golos contarem como pontos.
Na edição de 2005, o FC Porto foi um dos convidados do Ajax – tal como já tinha acontecido
em 1987 e com o Benfica em 1988 e o Sporting em 1989 -, a par de Boca
Juniors e do Arsenal, claro está.
Na altura, os gunners
atravessavam uma grande fase. É verdade que na época anterior
perderam a luta pelo título inglês para o Chelsea, mas venceram a
Taça de Inglaterra, em 2003-04 tinham sido campeões invictos e eram
presença assídua na Liga dos Campeões. No plantel tinham jogadores
de grande gabarito como o guarda-redes alemão Jens Lehmann, o
lateral esquerdo inglês Ashley Cole, os franceses Robert Pires e
Thierry Henry, o médio sueco Fredrik Ljungberg e o avançado
holandês Dennis Bergkamp, este último já em final de carreira.
Mas mais do que os nomes,
era a forma como o treinador gaulês Arsène
Wenger os colocava a jogar um futebol atrativo, marcado pela
progressão através da posse de bola. Lembro-me bem que estava de
férias no Algarve quando assisti a este jogo, transmitido na RTP
1, e de o Arsenal ter dado o chamado chocolate aos dragões então
orientados por Co Adriaanse e que atravessavam um processo de
renovação depois do desmoronamento da equipa que foi campeã
europeia.
Ainda assim, os azuis e
brancos foram os primeiros a marcar, com um golo construído por dois
reforços: cruzamento de Jorginho (ex-Vitória
de Setúbal) na direita e desvio ao segundo poste de Lisandro
López (ex-Racing), aos 36 minutos.
Logo no início do
segundo tempo, Ljungberg entrou e bisou logo no quarto de hora
inicial (48' e 58'), a passes dos franceses Henry e Pires, dando a
vitória à formação londrina.
"Duas partes de um jogo, dois Portos diferentes, um bom resultado e um amargo. O intervalo do jogo com o Arsenal fez muito mal aos dragões, ou muito bem aos ingleses, pois após uma primeira parte de excelente futebol, os portistas cederam frente aos gunners, que acabaram por vencer o encontro por 2-1. Co Adriaanse parecia ter ganho uma equipa e até o Torneio de Amesterdão, mas os portistas mostraram o seu melhor e o seu pior e desperdiçaram a oportunidade de conquistar um troféu que teria sido especial para o seu treinador holandês", resumiu o Diário de Notícias.
“Claro que gostaríamos
de ter ganho o Torneio. Estivemos muito perto de o ganhar. Mas, por
outro lado, seria demasiado rápido se já tivéssemos ganho este
Torneio com apenas quatro semanas de trabalho. Toda a gente em
Portugal ia pensar que o FC Porto já era uma equipa de topo na Europa
outra vez. Agora os adeptos e a imprensa sabem que ainda precisamos
de melhorar a equipa. Na parte final do jogo começámos a forçar o
ataque com uma formação muito ofensiva, e algumas vezes fomos muito
perigosos, com algumas ocasiões de golo. E nesta última, do
Jorginho, se ele tivesse feito golo teríamos ganho o Torneio”,
afirmou Co Adriaanse, que dois dias antes tinha vencido o Boca
Juniors por 2-0 e que nessa época acabaria por conquistar a
dobradinha.
“Faltou um bocadinho
assim para que o FC Porto trouxesse de Amesterdão o segundo troféu
da época. No último minuto do jogo com o Arsenal, Jorginho quase
empatou o jogo a duas bolas, o que garantiria a vitória neste
importante torneio de Verão. Não foi assim, o Arsenal somou nove
pontos e os dragões ficaram apenas com seis, no 2º lugar. Apesar da
derrota, o FC Porto mostrou qualidade de jogo e até esteve em
vantagem. A equipa portuguesa dominou na primeira parte, como
reconheceu o próprio Wenger, mas foi surpreendida pela entrada de
leão dos gunners na segunda”, escreveu o Record.
Ficha de jogo
Jogo no Estádio Arena,
em Amesterdão.
Árbitro: R. Bossen
(Holanda) assistido por A. Inia e P.Gerritsen.
Arsenal: Lehmann:
Lauren (Eboué, 67), Cygan, Senderos e Ashley Cole (Hoyte, 75); Reyes
(Bergkamp, 46), Hleb e Flamini; Robert Pires, Bentley (Ljungberg, 46)
e Thierry Henry.
Treinador: Arsène
Wenger
FC Porto: Vítor
Baía; Sonkaya (Pepe,
75), Ricardo Costa, Pedro Emanuel e Leandro (Ivanildo, 75); Raúl
Meireles, Postiga e Lucho
González (Paulo Assunção, 75); Jorginho, McCarthy (Sokota, 80)
e Lisandro (Hugo Almeida, 75).
Treinador: Co Adriaanse
Ao intervalo: 0-1
Marcadores: Lisandro (37
minutos) e Ljungberg (48 e 58).
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