Nuno Gomes em duelo com João Duarte no jogo de Braga |
A minha primeira memória
de um jogo entre Benfica e Moreirense foi precisamente relativa ao
primeiro jogo de sempre entre os dois clubes, a 14 de setembro de
2002, a contar para a 3.ª jornada da I Liga. Creio que até nem
terei assistido ao encontro através da televisão, mas lembro-me do
resultado e do local do encontro e tinha uma vaga ideia da marcha do
marcador.
À entrada para essa
ronda, o Benfica de Jesualdo Ferreira liderava o campeonato e ainda
não tinha sofrido golos. Já o Moreirense, orientado por Manuel
Machado, estava na época de estreia no patamar maior do futebol
português e ainda não tinha somado qualquer ponto.
Não se previa um final
de tarde muito complicado para as águias no Estádio Municipal 1.º
de Maio, em Braga, casa emprestada dos cónegos para esse encontro.
Porém, a formação axadrezada complicou muito a vida aos
encarnados, que tiveram de suar para sair do Minho com os três
pontos.
O jogo até começou bem
para os benfiquistas, que inauguraram o marcador logo aos 3 minutos,
por Nuno Gomes, que surgiu desmarcado pelo lado esquerdo a passe de
Zahovic e colocou a bola por baixo do corpo do guarda-redes
internacional angolano João Ricardo. Foi o primeiro golo do avançado
após o regresso ao clube da Luz, após duas temporadas na
Fiorentina.
Depois, só deu
Moreirense durante a primeira parte. Aos 17', o avançado brasileiro
Demétrius, que tinha sido campeão pelo Boavista em 2000-01,
baixou-se para cabecear para o fundo das redes na sequência de uma
série de ressaltos na área dos encarnados.
À beira do intervalo,
Armando deu a volta ao resultado através de mais um cabeceamento, ao
aproveitar da melhor maneira um cruzamento milimétrico de Afonso
Martins após Demétrius ter roubado a bola a João Manuel Pinto em
zona proibida (42').
A perder ao intervalo,
Jesualdo Ferreira retirou de campo o lateral brasileiro Éder,
contratado nesse verão ao Grêmio Anápolis, e o médio ofensivo
Roger, que prometeu sempre mais do que cumpriu de águia ao peito,
para lançar Miguel e Miki
Fehér, com o intuito de dar mais poder de fogo ao corredor
direito e reforçar a frente de ataque.
No entanto, só aos 70
minutos é que o Benfica chegou à igualdade, com Simão Sabrosa a
converter em golo numa grande penalidade a castigar falta de João
Duarte sobre Fehér
na área minhota e que valeu o segundo amarelo ao defesa do
Moreirense. Foi o terceiro golo do extremo em outros tantos jogos até
aí decorridos nesse campeonato, todos de penálti – e ainda
haveria de marcar da mesma forma na 4.ª jornada, à União de Leiria, em partida em que marcou também de bola corrida pela
primeira vez nessa época.
A grande penalidade foi
muito contestado por Manuel Machado, bastante nos comentários após
a partida. “Se dissesse o que me vai na alma, tinha o salário
hipotecado até ao final da época. Coisas como as que aconteceram
nesta partida, só se resolvem com pau de marmeleiro. O melhor é não
falar, porque não tenho dinheiro para pagar multas. O que interessa
é que o Benfica vai à frente. E por este andar, de certeza que vai
continuar...”, atirou o técnico.
Porém, o jogo ainda não
tinha acabado. A jogar com mais um e balanceado para o ataque, já
com Drulovic em campo no lugar de Ednilson, as águias chegaram ao
terceiro golo por intermédio do malogrado Fehér,
que saltou mais alto do que toda a gente na área dos minhotos após
grande cruzamento de Ricardo Rocha na esquerda (78').
“O minuto 69 marcou a
reviravolta num jogo em que o Benfica sentiu dificuldades inesperadas
para vencer o Moreirense quando parecia ter tudo a seu favor, desde
jogar num estádio repleto de benfiquistas a defrontar um adversário
sem traquejo no escalão principal, que somara duas derrotas em dois
jogos. Quando Nuno Gomes, logo aos 3', pôs o Benfica em vantagem
mais se acentuou a atmosfera de confiança no sentido em que tudo se
conjugava para uma vitória tranquila. O que não aconteceu por culpa
própria do Benfica”, escreveu o Record
na crónica do jogo.
No encontro da segunda
volta, houve empate a um golo no velhinho Estádio da Luz. Aliás, o
Moreirense saiu com 1-1 nas duas vezes em que visitou o Benfica.
Quantos clubes poderão dizer o mesmo?
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