sábado, 17 de agosto de 2019

Os 10 clássicos mais marcantes entre Flamengo e Vasco

Rivalidade entre Flamengo e Vasco ganhou força nos anos 1990
Chamam-lhe o Clássico dos Milhões porque é um dos clássicos dos que envolve um maior número de adeptos no Brasil. Flamengo e Vasco da Gama protagonizam uma das mais acesas rivalidades do futebol brasileiro e que vai além do futebol: começou no remo ainda no remo na década de 1910 e estende-se a outras modalidades como basquetebol, natação, voleibol, judo ou futebol americano.


Embora a existência dos dois clubes remonte ao século XIX, o primeiro duelo no desporto-rei foi em 1922, intensificando-se nos anos seguintes, com a subida dos vascaínos à primeira divisão carioca.

Além de vários clássicos emocionantes que decidiram vários troféus estaduais, os dois clubes do Rio de Janeiro já se defrontaram na final da Copa do Brasil e em meias-finais do Campeonato Brasileiro, somando mais de 400 confrontos entre eles.

Zico, Bebeto, Romário e Edmundo foram algumas das estrelas que brilharam naquele que é considerado um dos encontros mais eletrizantes do futebol sul-americano. Entre centenas, veja aqui a nossa seleção dos dez melhores, por ordem cronológica.


3 de dezembro de 1978 – Campeonato Carioca (última jornada da Taça Rio)
O jogo que marcou o início de uma série incrível de títulos conquistados pelo Flamengo, que durou até 1983, naquela que ficou conhecida como a “Era Zico”. O mengão já tinha vencido a primeira volta do Campeonato Carioca, a Taça Guanabara, o que no mínimo lhe garantia um lugar na final do campeonato, contra o vencedor da segunda volta, a Taça Rio de Janeiro.
Por coincidência do calendário, na última jornada da segunda volta houve um encontro entre os dois primeiros e que decidia o vencedor do torneio. O Vasco entrava em campo na liderança, invicto, com dez vitórias em outras tantas jornadas. O Flamengo estava um ponto atrás, numa altura em que o triunfo valia apenas dois pontos. O empate no Maracanã bastava ao Vasco, mas o Flamengo queria já sagrar-se campeão carioca perante 120 mil pessoas no seu estádio, sem ter necessidade de disputar a final.
A igualdade prevaleceu até bem perto do final, quando Rondinelli saltou mais alto do que toda a gente e cabeceou para o fundo das redes na sequência de um canto de Zico do lado direito (87’).



5 de outubro de 1996 – Campeonato Brasileiro (13.ª jornada da primeira fase)
O Vasco levava quatro jogos sem vencer o rival no Campeonato Brasileiro, enquanto o Flamengo apresentava um reforço de luxo: Bebeto. Porém, o atacante que tinha passado os quatro anos anteriores nos espanhóis do Deportivo da Corunha não teve uma receção fácil no regresso ao mengão, uma vez que a torcida não esqueceu que ele se tinha declarado vascaíno quando deixou o Flamengo para jogar no Vasco em 1989.
Logo no início do jogo, Bebeto viu um golo ser-lhe anulado. Entretanto, Edmundo bisou para o Vasco (7’ e 34’) e, quando o Flamengo teve a oportunidade de reduzir a desvantagem através de penálti, Bebeto atirou ao poste, para gáudio dos torcedores vascaínos, que entoaram em coro “Bebeto é vascaíno”. No segundo tempo, Macedo (50’) e Edmundo (66’) aumentaram a diferença e, já na reta final, Bebeto fez o golo de honra do Flamengo, de grande penalidade (81’), e viu novamente um golo ser-lhe anulado.



3 de dezembro de 1997 – Campeonato Brasileiro (5.ª jornada da segunda fase)
Numa altura em que o Brasileirão ainda não se decidia em pontos corridos, os oito primeiros classificados da primeira fase eram divididos em dois grupos de quatro, com os vencedores de cada grupo a apurarem-se para final. O Flamengo e o Vasco ficaram no mesmo agrupamento e, a duas jornadas do fim, eram as únicas equipas com hipóteses de chegar à final, estando separados por três pontos, com vantagem para os vascaínos, que já não perdiam para o rival há cinco anos.
O Maracanã estava lotado, mas nada que assustasse Edmundo, que voltou a ser protagonista. O “Animal”, como era conhecido, inaugurou o marcador aos 16 minutos, mas o emblema cruz-maltino ficou reduzido a dez ainda antes do intervalo, devido à expulsão de Nelson.
O Flamengo entrou confiante na segunda parte, mas Edmundo voltou a marcar aos 54’. O mengão reduziu a desvantagem a cerca de um quarto de hora do fim, através de um penálti convertido por Junior Baiano, mas na reta final Edmundo voltou a aparecer, assinando o hat trick. Já em tempo de compensação, Maricá sentenciou o resultado em 1-4.



6 de junho 1999 – Taça Rio (última jornada)
Mais uma vez por coincidência do calendário, Flamengo e Vasco eram as únicas equipas a poder lutar pelo título e jogavam entre eles na última jornada. Muitas vezes, este jogo é erradamente recordado como a final da Taça Rio, mas não. Foi apenas a partida que decidiu o título.
O emblema cruz-maltino entrou no Maracanã com mais dois pontos do que o rival, que tal como em 1978 pretendia juntar a Taça Rio à Taça Guanabara e sagrar-se imediatamente campeão carioca.  Porém, o Vasco não estava para aí virado e voltou a gelar o Maracanã com mais uma grande exibição de Edmundo que apontou os dois golos dos vascaínos já no decorrer da segunda parte (63’ e 90+3’) numa altura em que tinha regressado há pouco tempo ao clube após passagem pelos italianos da Fiorentina.
Ainda assim, duas semanas depois o Flamengo acabou por se sagrar campeão carioca, ao vencer a final a duas mãos com o rival: 1-1 em casa e 1-0 fora, embora ambos os jogos tivessem sido no Maracanã.



23 de abril de 2000 – Taça Guanabara (última jornada)
Virtualmente o Vasco tinha entrado como campeão para a última jornada, mas o Flamengo alimentava a esperança de obter dois pontos na secretaria devido a um jogo frente ao Cabo Frio, que tinha terminado empatado a zero, alegando que o guarda-redes adversário foi utilizado irregularmente.
A decisão da Federação Carioca em não atribuir os pontos ao mengão só foi atribuída depois, pelo que mais uma vez um clássico na última jornada ganhava contornos decisivos para a atribuição de um troféu. Isto apesar de o Vasco já se considerar campeão, conforme tinha frisado o presidente Eurico Miranda: “Nós não vamos fazer o Flamengo botar a faixa, porque se o Flamengo botar faixa no Vasco, estraga a faixa.”
Naquela que seria apelidada de final de chocolate, por acontecer em pleno domingo de Páscoa e por o presidente vascaíno ter distribuído 40 mil ovos de chocolate pelos adeptos, o Vasco deu chocolate em campo e goleou o rival por 5-1.
A equipa rubro-negra até inaugurou o marcador pelo ex-avançado sportinguista Leandro Machado, logo aos 6 minutos. Porém, Felipe empatou aos 14’, antes do hat trick de Romário (25’, 50’ e 56’). Pedrinho sentenciou o resultado aos 68 minutos, num encontro que teve seis expulsões, três para cada lado: Odvan, Viola e Alex Oliveira para o Vasco; Luís Alberto, Beto e Fábio Baiano para o Flamengo.
No final do jogo, os 40 mil torcedores vascaínos no Maracanã festejaram a confirmação do título e entoaram cânticos como “uh, é chocolate!” e “Urubu otário! Vem para o Maraca só para ver gol do Romário!”.



26 de maio de 2001 – Campeonato Carioca (segunda-mão da final)
Até quem não é brasileiro já deverá ter ouvido o famoso vídeo em que um locutor vascaíno narra o golo de livre direto que desvia o título do Vasco para o Flamengo nos últimos minutos. O vídeo é uma montagem, mas o desgosto dos torcedores cruzmaltinos foi bem real.
O Vasco tinha vencido fora por 2-1 na primeira-mão, no Maracanã, que também foi palco do segundo jogo do final. Segundo as regras da competição, os vascaínos até se poderiam dar ao luxo de perder pela diferença de um golo, por terem obtido mais pontos do que o rival nas duas primeiras fases, a Taça Guanabara (vencida pelo Flamengo) e a Taça Rio (conquistada pelo Vasco).
O Gigante da Colina teve quase sempre a situação controlada. Depois do flamenguista Edílson ter inaugurado o marcador aos 21 minutos de penálti, Juninho Paulista empatou aos 40’. Edílson voltou a marcar no início do segundo tempo (53’), mas o 1-2 servia as intenções do Vasco. Esse resultado persistiu até bem perto do final, quando uma execução magistral de um livre direto por parte de Petkovic não deu qualquer hipótese ao goleiro vascaíno Hélton (88’), que anos depois haveria de representar União de Leiria e FC Porto. Por falar em guarda-redes, na outra baliza esteve um muito inspirado Júlio César, que nessa tarde ajudou o Flamengo a sagrar-se tricampeão carioca e que mais tarde passou por Inter de Milão e Benfica.



26 de julho de 2006 – Copa do Brasil (segunda-mão da final)
Pela primeira vez (e para já única) na historia, os rivais cariocas defrontaram-se numa final nacional.
Renato Gaúcho estava invicto à frente do Vasco diante do Flamengo, mas na primeira-mão foi surpreendido pelo sistema de três centrais apresentado por Ney Franco, que guiou o mengão a uma vitória por 2-0 em casa, no Maracanã, com golos de Obina (59’) e Luizão (62’) já no decorrer da segunda parte.
No segundo jogo o Vasco estava obrigado a ganhar por dois golos para atirar a decisão para grandes penalidades ou por três para conquistar o troféu, mas quem acabou por vencer novamente foi o Flamengo, com um golo de Juan ainda na primeira parte (28’).



22 de abril de 2012 – Taça Rio (meia-final)
Um clássico emocionante no Engenhão, impróprio para cardíacos. Vagner Love inaugurou o marcador para o Flamengo logo aos dois minutos, mas o Vasco não acusou o golo e como resultado de uma pressão avassaladora deu a volta ainda no primeiro tempo, pelo antigo atacando benfiquista Éder Luís (13’) e o inspiradíssimo Felipe (40’), que se exibiu em grande nível.
Logo no arranque do segundo tempo, Felipe (47’) fez o terceiro para os vascaínos e Kleberson reduziu logo depois para o mengão (52’), que até ao final do encontro alimentou a esperança de se tornar bicampeão carioca.
Num jogo bom demais para apenas 20 mil pessoas presentes no estádio, a torcida do Vasco não perdoou o rival após o último apito do árbitro. “Eliminado” e “Adeus, Mengo!”, ouvia-se das bancadas. O emblema cruz maltino seguiu para o jogo de atribuição do troféu, onde foi derrotado pelo Botafogo (1-3).



24 de abril de 2016 – Campeonato Carioca (meia-final)
Num jogo quentinho, que valeu o cartão amarelo ao vascaíno Nenê e ao flamenguista Wallace logo aos três minutos, o Vasco mostrou-se superior ao rival em Manaus e traduziu essa superioridade numa vitória indiscutível. Andrezinho inaugurou o marcador aos 21’ para os cruzmaltinos, numa jogada de insistência. No segundo tempo, um autogolo de Wallace fez o segundo para o Vasco, depois de remate de Riascos defendido por Paulo Victor contra o capitão do mengão, que antes do jogo fincou a bandeira do clube no relvado.
Este foi o nono encontro consecutivo em que os vascaínos não perderam para o rival e serviu para carimbar o acesso a uma final onde se sagraram bicampeões cariocas pela primeira vez desde 1993.



21 de abril 2019 – Campeonato Carioca (segunda-mão da final)
Um jogo muito recente e que valeu um despedimento. O Vasco começou o Campeonato Carioca por vencer a Taça Guanabara e até chegou à final da Taça Rio, onde perdeu para o Flamengo apenas nas grandes penalidades.
Os rivais voltaram a encontrar-se na final do Campeonato Carioca, onde a superioridade do Flamengo foi clara nas duas mãos. Depois de triunfo por 2-0 fora (bis de Bruno Henrique), no Estádio Nilton Santos, o mengão foi novamente superior no Maracanã e repetiu o resultado, com golos de Willian Arão (15’) e Vitinho (83’).
Perante tal humilhação, de nada valeu ao treinador Alberto Valentim ter mantido os vascaínos na Série A do Brasileirão, ter conquistado a Taça Guanabara e ter perdido a Taça Rio apenas nos penáltis: foi demitido logo a seguir ao jogo.


















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