Se há coisa de que os vitorianos
se orgulham é quando veem filhos da terra a vestir a camisola da equipa
principal do clube.
Foi com uma espinha dorsal formada por setubalenses que o Vitória viveu os seus
momentos áureos nas décadas de 1960 e 1970. E também foi com vários sadinos na
equipa que em 2004-05 os verde
e brancos voltaram às grandes vitórias, com a conquista da Taça de
Portugal.
A esmagadora maioria dos
setubalenses que jogaram pela equipa principal do Vitória tiveram uma passagem
efémera, mas também houve os que deixaram uma grande marca, ao ponto de, em
alguns casos, terem feito praticamente toda a carreira no clube. Vale a pena
recordar os dez setubalenses com mais jogos pelo Vitória
na I Divisão.
Menção honrosa: Sandro (195 jogos)
Sandro |
Sandro tem jogos mais do que
suficientes não só para fazer parte desta lista como para integrar um ranking
geral de jogadores do Vitória
com mais encontros na I Divisão, o problema é que... não é setubalense. O
antigo médio até começou a dar os primeiros toques na bola no bairro da Bela
Vista, iniciou-se no futebol federado em “Os
Pelezinhos” e chegou ao Vitória
ainda como iniciado, em 1990-91, mas nasceu em Pinhal Novo, concelho de
Palmela.
Ainda assim, para a história
ficam 195 encontros na I Divisão (e 329 no total) pelos sadinos, o primeiro em
agosto de 1995 e o último em maio de 2010. Nesse período, conquistou uma Taça
de Portugal (2004-05) e foi o primeiro capitão de equipa a erguer a Taça da
Liga (2007-08). Depois de pendurar as botas continuou ligado ao clube: começou
por ser treinador na formação, foi team
manager da equipa principal e agora é ele o técnico principal dos sadinos.
Aníbal Rendas |
10. Aníbal Rendas (156 jogos)
Antes de mais, temos que assumir:
não possuímos nenhuma prova de que Aníbal Rendas seja, de facto, setubalense,
mas também não temos qualquer indicação relativamente à sua naturalidade. Ainda
assim, tendo em conta que em toda a carreira apenas jogou no Vitória e que após
pendurar as botas foi dirigente no clube, vamos dar o benefício da dúvida.
Aníbal Rendas estreou-se de verde e branco em 1934-35 e despediu-se 15 épocas
depois, ajudando o clube a consolidar-se na I Divisão durante a década de 1940.
Avançado de posição, marcou 35 golos em 156 jogos. Foi dele um hat trick que ajudou os sadinos a golear
o FC Porto por 7-0 nas meias-finais da Taça de Portugal de 1942-43.
António Fernandes |
9. António Fernandes (162 jogos)
Um caso muito idêntico ao de
Aníbal Rendas no que concerne às dúvidas quanto à naturalidade e à trajetória
na carreira. Curiosamente, o também avançado António Fernandes estreou-se pela
equipa principal em 1950-51, a primeira logo a seguir à retirada de Rendas.
Esteve nove temporadas no plantel vitoriano, todas na I Divisão, e em 1953-54
jogou a final da Taça de Portugal. Em 162 encontros com a camisola verde e
branca no primeiro escalão, apontou 82 golos que fazem dele o segundo melhor
marcador de sempre dos sadinos no campeonato.
Emídio Graça |
8. Emídio Graça (175 jogos)
Sobre este não existem dúvidas. O
irmão mais velho de Jaime Graça (que não foi além de 144 jogos pelos sadinos)
representou o Vitória
entre 1950-51 e 1964-65, tendo feito uma pausa em 1958-59 para jogar pelo
Sevilha. Antes desse interregno, tornou-se internacional português, tendo
somado 12 jogos pela seleção nacional entre 1955 e 1958. Com direito a avenida
com o seu nome, nas Manteigadas, esteve na equipa que em 1964-65 venceu a
primeira Taça de Portugal da história no clube, mas não realizou qualquer jogo
na prova nessa época, a última da carreira. Ainda assim, esteve nas finais
perdidas de 1953-54 e 1961-62.
7. Formosinho (177 jogos)
Formosinho |
Se Aníbal Rendas e António
Fernandes são anteriores ao período áureo do Vitória
e Emídio Graça ainda apanhou um pouco desse momento, Formosinho apareceu após
essa era dourada. Na primeira passagem pela equipa principal, entre 1974-75 e
1978-79, já não foi a tempo de disputar alguma final de Taça de Portugal nem de
jogar nas competições europeias. Na segunda, já após ter passado por Varzim e
Amora, esteve na época que carimbou o regresso dos sadinos à II Divisão 25 anos
depois. Médio formado no clube, foi internacional português pelas camadas
jovens e voltou ao Vitória
como treinador da equipa B em 2005-06.
Jacinto Forreta |
6. Jacinto Forreta (193 jogos)
Conhecido por Jacinto Forreta
para se distinguir de um outro Jacinto seu contemporâneo no Vitória,
atuou de verde e branco durante 12 temporadas, 11 delas na I Divisão, entre
1946-57 e 1957-58. Antigo defesa, esteve na final da Taça de Portugal perdida
de forma polémica para o Sporting em 1953-54, recompensada com a Taça
Recompensa, oferecida pela população de Setúbal. Carinhosamente apelidado de
Jacinto do Talho, faleceu em dezembro de 2018.
5. José Mendes (205 jogos)
José Mendes |
Mais um produto da formação
vitoriana, que teve duas passagens pelo clube (1966-67
a 1974-75 e 1977-78 a 1979-80), com dois anos no Sporting pelo meio, tendo
beneficiado do fim da lei da opção. Demorou alguns anos a assumir-se como peça
importante no Bonfim e só em 1970-71 passou a ser opção regular. Ainda assim,
este antigo central foi a tempo de integrar a história equipa que alcançou o
2.º lugar em 1971-72, de jogar a final da Taça de Portugal em 1973, perdida
ante o Sporting em Alvalade, e de participar em jogos históricos nas
competições europeias frente a Spartak Moscovo e Leeds, entre outros. Os bons
desempenhos pelo Vitória
levaram-no à seleção nacional, que representou por oito vezes. Viria a encerrar
a carreira noutro clube da cidade, o Comércio Indústria. Paralelamente, iniciou
o seu trajeto como treinador, tendo sido jogador-treinador dos sadinos em
1978-79 e adjunto durante a década de 1980.
Rebelo |
4. Rebelo (233 jogos)
Contemporâneo de José Mendes,
coincidiram na equipa principal do Vitória
em 11 temporadas. Somou os primeiros jogos em 1966-67,
mas só em 1969-70 voltou a jogar e em 1970-71 se estabeleceu na equipa. Também
esteve na histórica época do 2.º lugar, na final da Taça de 1973 e somou mais
de 30 encontros pelos sadinos nas competições europeias. Lateral direito que
chegou a internacional português (também por oito vezes), só conheceu outro
clube na reta final da carreira, quando representou Amora e Comércio e
Indústria.
3. Carlos Cardoso (267 jogos)
Cardoso |
Setubalense de gema, esteve no
clube entre 1964-65 e 1976-77, um período que coincide com a era dourada do
clube. Central de categoria e filho de operários na indústria das conservas na
cidade, chegou a internacional português, embora só tivesse participado num
jogo internacional. Pelo Vitória
disputou 46 jogos europeus, venceu uma Taça de Portugal logo no ano de estreia,
esteve na final perdida ante o FC Porto em 1967-68 e foi vice-campeão nacional
em 1971-72. Não conheceu outro clube na carreira.
Como treinador ficou conhecido
por “bombeiro”, por assumir a equipa na fase final da época, quando os sadinos
estavam em apuros na tabela classificativa. Salvou o Vitória
da despromoção por três vezes, em 1997-98, 2006-07 e 2008-09, tendo descido
apenas em 2002-03. Na única época completa à frente da equipa, em 1998-99,
colocou os vitorianos em 5.º lugar e devolveu a Europa a Setúbal 25 anos
depois. “Como treinador estive 15 anos. Por inteiro, residente, como adjunto,
fiz esses papéis todos”, resumiu numa entrevista ao jornal O Jogo.
“O Vitória
é um estado de alma. Quem nasce nesta terra fica agarrado para toda a vida ao Vitória.
Ainda me lembro da altura em que o Vitória
tinha potes de barro na praça e em várias lojas para os adeptos irem lá meter a
sua notazinha e a sua moedinha, para depois se construir o estádio”, afirmou na
tal entrevista.
2. Carriço (269 jogos)
Carriço |
Mais um jogador que atravessou
todo o período áureo do Vitória,
tendo vestido a camisola verde e brancas durante 13 temporadas, entre 1962-63 e
1974-75. Foi dele o golo inaugural na histórica goleada por 5-0 ao Lyon em
1968-69, num dos quase 50 encontros que disputou nas competições europeias. Fez
parte das equipas que venceram a Taça de Portugal em 1964-65 e 1966-67,
embora só tivesse sido utilizado a final da segunda, e esteve em três finais
perdidas. Foi um dos esteios do segundo lugar alcançado em 1971-72 e, numa
carreira passada integralmente no Vitória,
apenas vestiu outra camisola: a da seleção nacional, por três ocasiões.
1. Hélio (290 jogos)
O
eterno capitão. Entre camadas jovens e equipa principal como jogador e
treinador, esteve cerca de 25 anos no Vitória, depois de ter jogado pela
primeira vez como federado pelos Brejos de Azeitão. Das 18 temporadas que levou
como futebol sénior, 13 foram passadas na I Liga, sempre ao serviço do clube do
coração. Em 1995-96 chegou a estar emprestado ao Belenenses, mas não chegou a
estrear-se, já depois de se ter tornado internacional português. “Nunca foi do
meu interesse ficar lá. Nem cheguei a assinar. Acabei por regressar, recuperar
fisicamente, ser opção e subimos de divisão”, contou, em entrevista concedida
em setembro de 2016 ao jornal O Setubalense.
“Também cheguei a estar em Espanha para assinar por um clube, mas uma das
condições seria eu rescindir com o Vitória, até porque havia salários em
atraso. Era uma oportunidade muito boa, mas nunca o faria”, acrescentou.
Hélio despediu-se com a Taça de Portugal |
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