De verde e amarelo, Olímpico do Montijo caminha para o título distrital |
O concelho de onde são naturais os antigos internacionais Paulo Futre, Fernando Mendes e Ricardo viu-se sem o seu emblema mais representativo em 2007, devido a dificuldades financeiras.
Contudo, no seu lugar nasceu um
outro clube, uma espécie de ressurreição chamada Clube Olímpico do Montijo. Com
enorme pujança, alcançou a subida da II à I Distrital logo na temporada de
estreia, em 2007/08. Daí aos campeonatos nacionais foi um pulinho. Não foi à
primeira nem à segunda, mas à terceira tentativa os aldeanos lá foram
promovidos à antiga III Divisão e conquistaram o título distrital, em 2010/11.
No entanto, a experiência nos
nacionais não correu bem e registou-se nova queda a pique, com a II Distrital
como destino. Uma passagem rápida pelo último patamar do distrito, uma vez que os
montijenses foram campeões da II Distrital e consequentemente promovidos, em
2013/14. Daí para cá, uma trajetória ascendente na I Divisão da Associação de
Futebol de Setúbal: 13.º lugar em 2014/15, 9.º em 2015/16 e, salvo alguma
hecatombe, o título em 2016/17.
Duas a três centenas de adeptos,
incluindo uma ruidosa claque, apoiam a equipa nos jogos em casa, no funcional e
confortável Campo da Liberdade, dotado de uma bancada (do lado poente) com
bancos cómodos, relvado sintético e bar, e localizado numa zona periférica da
cidade.
Defesa de betão e ataque demolidor… com sotaque
O Olímpico do Montijo tem o melhor ataque e a melhor defesa da I Distrital, com 67 golos marcados e 21 sofridos, quando já se disputaram 24 jornadas – e tem oito pontos de avanço sobre o vice-líder Amora. Um mérito para o qual muito tem contribuído um trio
de brasileiros que vai dando cartas em três setores: Raul Rocha na defesa, Jean
Victor no meio-campo e Thiago no ataque.
Inicialmente, o treinador
escolhido para encabeçar o projeto foi o experientíssimo Carlos Lóia, que só
chegou a orientar a equipa num jogo. Depois, avançou para o comando técnico o até
então adjunto David Martins, 38 anos, a viver a segunda temporada nos
bancos depois de ter capitaneado os históricos Fabril e Barreirense. Em 2015/16,
esteve perto da promoção ao Campeonato de Portugal pelo Amora e ainda
conquistou a Taça AF Setúbal, mas não permaneceu na formação do concelho do
Seixal.
Ritmo e dinâmica
O onze-tipo de David Martins |
Nos jogos observados, dá para
descortinar um 4x3x3 que em muitos momentos aparenta ser um 4x4x2. Isto
porque o médio interior direito, Marcelo, sempre em alta rotação, aparece muito
no flanco, funcionando como um extremo. E o próprio trio de atacantes muitas
das vezes até aparenta ser um trio de pontas de lança, tal a forma como Cami,
João Monteiro e Thiago (ou Carlitos) aparecem (e bem!) em zona de finalização.
Caracterização individual
Na baliza mora um veterano. Após
muitos anos nas categorias nacionais, onde chegou a representar o Montijo
original, Carlos Miguel vai defendendo as últimas bolas da longa
carreira aos 42 anos. Acumula a defesa da baliza com a função de treinador de
guarda-redes, mas apesar da veterania não se livrou de cometer um erro infantil na recente receção ao Comércio e Indústria, tendo agredido um jovem adversário,o que motivou uma suspensão de duas partidas.
Bem mais jovens são os dois
centrais. O possante brasileiro Raul Rocha, 23 anos, é o típico
‘centralão’, muito alto (1,93 m) e fortíssimo no futebol aéreo (defensivo e
ofensivo), mas com alguma falta de velocidade e de qualidade no jogo de pés. Para
o complementar, o muito assertivo embora mais baixo (1,80 m) Mota, 28
anos. A alternativa é Nuno Cunha, um jovem de 21 anos, mas já com alguma
experiência em campeonatos nacionais, por Pinhalnovense e Barreirense, tendo
ainda passado pela formação do Vitória.
Nas laterais, dois homens da
casa. O capitão Paulinho, 31 anos, na equipa principal desde 2004/05,
ainda no Montijo original, é o dono e senhor do corredor direito, ao qual
oferece muita consistência. Bem mais ofensivo, habilidoso e jovem é Projecto,
23 anos, que dá imensa profundidade ao flanco esquerdo e tem o selo das
‘canteras’ de Benfica e Sporting.
Jean Victor segura a bola em embate diante do Moitense |
Como segundo médio, mais um homem
da casa, Queijinho, 24 anos, um especialista na execução de livres
diretos. Está no clube há 15 anos – com um hiato de três, passados no vizinho
Alcochetense -, onde já colabora enquanto treinador nas camadas jovens. Também
muito utilizado na posição ‘8’ é Iuri.
O mais ofensivo e híbrido do
habitual trio de centrocampistas é o jovem Marcelo, 20 anos, um dos atletas
mais promissores do conjunto montijense. Sempre em alta rotação, é um médio
interior que aparece muito por fora, aparentando tratar-se de um extremo em
muitos momentos. Outro conhecedor do sentimento aldeano, está no Olímpico há
uma década.
Mais adiante, no ataque, há
soluções para todos os gostos. E é precisamente essa abundância de recursos que
faz com que o treinador David Martins varie muito na escolha do tridente
ofensivo. Contudo, Cami, 26 anos, é quem mais se tem destacado. Bastante
rápido e ágil, é um extremo que aparece muito em zona de finalização. Tais
qualidades vão lhe valendo a vice-liderança da tabela de marcadores da I
Distrital, com 18 golos. Tem vindo a ganhar o seu espaço com o decorrer da
temporada num emblema que representa há cerca de 15 anos.
Cami a comemorar, numa imagem vista por 18 ocasiões |
As outras soluções passam por
três homens que têm alternado a titularidade nas restantes duas vagas do
tridente ofensivo e, curiosamente, têm todos oito golos apontados na I
Distrital. Carlitos diferencia-se por ser um extremo puro, o brasileiro Thiago
pode atuar em qualquer posição do ataque e João Monteiro fixa-se mais na
área adversária. O primeiro é mais um que conhece os cantos à casa, uma vez que
está no clube há década e meia, ainda que com um hiato de um ano e meio pelo
meio. O segundo foi dos que mais nos impressionou, por se tratar de um jogador
possante (1,86 m) mas simultaneamente muito veloz, com grande poder de aceleração,
capacidade de drible e remate forte. Por último, João Monteiro é um ponta de
lança que joga bem de costas para a baliza e tabela bem com os companheiros,
tendo passagens pelas formações de Benfica e Vitória de Setúbal no currículo. E
ainda há João Lagoa, João Castiço e Rúben Goiás.
Bom artigo, enquanto seguidor da equipa revejo a descrição feita está consentânea com a realidade!
ResponderEliminar"Arrinca Montije" - MOA 2008.
Falta de informação falta um defesa central..e vê quem trabalha nas camadas jovens
ResponderEliminarQual é o central que falta e quem mais trabalha nas camadas jovens?
EliminarÉ importante adicionar essa informação, mesmo que num comentário.
O central que falta é Gil Costa de 25 anos de idade e 16 anos de Montijo, mais um homem da terra que também é treinador na formação do clube perpetuando a mística aldeana.
EliminarAdenda após 1.ª volta do Campeonato de Portugal 2017/18:
ResponderEliminarHerdeiro do Montijo, o Olímpico foi criado em 2007, estreou-se nos Nacionais em
2011, então na III Divisão, voltando a sagrar-se campeão de Setúbal e
novamente a ingressar nos Nacionais, desta feita no terceiro escalão,
Campeonato de Portugal, Série E.
https://www.youtube.com/watch?v=Ug7V4P884Rc
David Martins, antigo médio que fechou a carreira nas areias, é o homem que
traz novamente o Montijo, terra de fama em termos de futebolistas e não só,
para o palco nacional, ele que apenas está no seu terceiro ano de banco depois
de se iniciar no Amora, acumulando com o apoio ao Sporting CP – Futebol Praia,
e se ter sagrado campeão sadino ao leme do Olímpico.
A equipa é bastante jovem, tem ambição e ousadia, procurando os montijenses
manter-se na Série E.
Nota para os jovens da casa como Marcelo Castro, figura do clube desde tenra
idade, que permanece ligado ao Olímpico, no entanto pode chegar mais longe.
https://www.youtube.com/watch?v=IhaGFPgbeOs
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O sadino Rui Dabó, presente na histórica estreia da Guiné-Bissau numa fase final
da Taça Africana das Nações, é uma das novidades e assegura a baliza.
Dabó com 23 anos, Bruno Saraiva de 20, Nuno Cunha de 22, Leonardo Ferreira
com 24 e o totalista Pedro Batista de 25 fazem uma linha defensiva bem jovem
no Olímpico. A idade média do plantel utilizado situa-se abaixo dos 23 anos,
subindo para 24,40 quando contabilizados somente os onze mais.