Cinco leões, três águias, dois dragões e uma revelação
João Mário e André Almeida integram esta equipa |
Terminou a I Liga versão 2015/16.
O Benfica foi o grande vencedor, mas o Sporting lutou pelo título até ao último
jogo do campeonato, naquela que foi uma batalha a dois pelo cetro nacional. Não
é, por isso, de estranhar, que ambos sejam os emblemas mais representados neste
Onze Ideal.
Guarda-redes:
Utilizando apenas dados
objetivos, a escolha Rui Patrício
ajusta-se por se tratar do guarda-redes da defesa menos batida do campeonato. O
guardião leonino somente falhou 61 minutos na I Liga, tendo sofrido 19 golos –
restantes dois que o Sporting encaixou foi após a expulsão de Patrício no
empate caseiro com o Tondela (2-2).
De qualquer forma, podem ser
adicionados alguns dados subjetivos a esta eleição. No início da época perdeu a
braçadeira de capitão por uma questão meramente logística, mas não perdeu
estatuto no balneário e voltou a revelar-se um gigante entre os postes, desta
feita com uma equipa à altura. Um autêntico monstro no um contra um, cada vez mais
seguro a jogar com os pés e elegante nas estiradas e nas saídas aos
cruzamentos. Raras foram as suas falhas ao longo da época.
Atualmente, é sem contestação um
dos melhores da Europa na sua posição.
Centrais:
De patinho feio a general da defesa
encarnada. Jardel há muito que
deixou de intranquilizar os adeptos do Benfica, passando a ser um central que
os deixe descansados. Já não é só o espírito guerreiro que o faz merecer
elogios. Também é o posicionamento, a velocidade e a capacidade de concentração
para marcar os atacantes adversários. É cada vez mais difícil de bater, deixou
Luisão no banco e fez os benfiquistas esquecerem definitivamente Garay.
Há muito que o Sporting procurava
um patrão da defesa, e há muito que Coates
procurava mostrar por que razão o Liverpool o trouxe para a Europa pela porta
grande. Foi o casamento perfeito. O central uruguaio chegou, viu, jogou e… não
mais deixou de jogar. Foi um dos esteios de uma ponta final de campeonato em
que os leões se apresentaram a muito bom nível, ainda que não tenham alcançado
o desejado título nacional.
Laterais:
Muitos foram os que já disseram
que André Almeida não tinha
argumentos para jogar num clube com a dimensão do Benfica, mas a verdade é que
o lateral foi silenciando os críticos, um a um, com os seus desempenhos em
2015/16.
Não só manteve a fama de
consistente e de bom defensor, como mostrou que tem qualidade ofensiva. Foi
autor de várias assistências e intérprete de inúmeras subidas pelo corredor
direito. Finalmente explodiu e fez esquecer o eufórico início de temporada de
Nélson Semedo.
Não teria chocado quem quer que
fosse se tivesse sido chamado ao Euro-2016.
Um dos poucos jogadores portistas
a agradar aos próprios adeptos em 2015/16 foi Miguel Layún. O mexicano chegou já com o campeonato a decorrer e
praticamente sem experiência nas principais ligas europeias, mas revelou-se uma
das melhores unidades dos dragões durante toda a temporada, se não mesmo a
melhor.
Embora seja destro, atuou
preferencialmente pelo lado esquerdo e não foi por isso que deixou de fazer
mossa ofensivamente. Prova disso foi o facto de ter sido o futebolista com mais
assistências na I Liga (15). Além de ter jogado nas duas laterais, também
chegou a desenrascar como central e extremo.
Médios:
Tem sido frequente, nos últimos
anos, jogadores oriundos de clubes de dimensão inferior não conseguirem agarrar
o lugar quando chegam a um grande. Mas não foi nada disso que aconteceu a Danilo Pereira. Impôs a qualidade que
já lhe era reconhecida no Marítimo e remeteu para segundo plano um Imbula que
tinha acabado de ser a contratação mais cara do Porto, e não deixou que Rúben
Neves se tornasse um titular indiscutível.
Fez alguns jogos na fase final da
temporada a central, para dar melhor saída de bola à equipa, e consolidou a sua
posição na Seleção Nacional. Prova disso foi a sua chamada ao Euro-2016, apesar
da forte concorrência para a posição de médio mais defensivo.
Após duas boas temporadas com
Leonardo Jardim e Marco Silva como treinadores, as exibições de Adrien deram um salto qualitativo nas
mãos de Jorge Jesus. O médio sportinguista apareceu transfigurado na época que
agora findou, com a braçadeira de capitão e uma alma imensa.
Mostrou-se irrepreensível no
papel de segundo médio, com profundidade ofensiva e bastante acerto e garra nas
missões defensivas. Marcou os mesmos oito golos na Liga que em 2013/14 e
2014/15, mas o nível dos seus desempenhos melhorou e prova disso foi a
convocatória para o Euro-2016.
Extremos:
Com Marco Silva, João Mário conquistou a titularidade no
Sporting. Mas com Jorge Jesus, explodiu. Começou a temporada como segundo
médio, mas o regresso de William Carvalho e a saída de Carrillo da equipa
empurraram-no para o flanco direito. Aparentemente, não tinha as características
mais adequadas para jogar ali, mas acabou por ser como extremo que sentiu a
liberdade para espalhar a sua classe e revelar-se crucial no último terço do
terreno.
Salvo qualquer hecatombe, tem
tudo para se tornar a maior venda de sempre dos leões por larga margem e ser
titular no Campeonato da Europa que se avizinha.
Já tinha dado nas vistas na
segunda metade da temporada passada, ainda como júnior de segundo ano, mas foi
nesta época que Diogo Jota mostrou
toda a sua qualidade. Tanto como extremo ou segundo avançado, tem na
irrequietude, velocidade e drible as grandes armas.
Com 12 golos, tornou-se o jogador
sub-20 com mais remates certeiros numa só edição do campeonato português,
batendo a marca que Simão tinha registado pelo Sporting em 1998/99. Dois
pormenores a salientar: joga numa equipa de média dimensão da I Liga e… é português.
Com naturalidade, despertou a
atenção dos olheiros internacionais, tendo já acordado a transferência para o
Atlético Madrid.
Avançados:
O grande artilheiro da I Liga,
com 32 golos. O melhor registo dos últimos 14 anos, superando os números de
Liedson (25 em 2004/05), Cardozo (26 em 2009/10) e Jackson Martínez (26 em
2012/13). Jonas já tinha sido um abono
de família para o Benfica em 2014/15, com 20 remates certeiros, mas na
caminhada para o tri revelou-se um
autêntico homem-golo.
A sua elegância e versatilidade e
eficácia na finalização estiveram perto de conquistar a Bota de Ouro. Não a
conseguiu, perdendo-a para Luis Suárez, mas como prémio de consolação regressou
à seleção brasileira, que vai representar na Copa América deste ano.
Islam Slimani era, até ao verão de 2015, considerado um avançado
bastante limitado tecnicamente e com o jogo aéreo como principal arma, embora
também já tivesse revelado enorme garra e capacidade para dar profundidade ao
ataque. Com Jorge Jesus, transfigurou-se. Começou a participar mais na
construção das manobras ofensivas, reforçou a agressividade e aperfeiçoou a
habilidade na finalização.
Marcou 27 golos na presente
edição da I Liga, alcançando melhor registo do que nas duas épocas anteriores…
somadas. Em 2013/14, tinha apenas apontado oito, e na temporada seguinte,
chegou aos 12. Superou a época mais goleadora de Liedson, que tantas saudades
tinha deixado em Alvalade.
Treinador:
Quando Rui Vitória foi anunciado como treinador do Benfica, muitos foram
os que levantaram dúvidas. Afinal, apesar do bom trabalho em Guimarães, as suas
equipas ainda não tinham mostrado um futebol ambicioso e clube grande. Também
se dizia que era demasiado humilde e que ia sentir a herança pesada deixada por
Jorge Jesus. Foi o que aparentou o início de época, marcado por inúmeras saídas
e uma pré-época pouco ortodoxa na América do Norte.
Somou várias derrotas no
arranque, chegando a estar a uma distância considerável dos líderes do
campeonato. Houve quem pedisse a sua demissão e Luís Filipe Vieira até se viu
obrigado a chamar à época que agora findou de ano zero.
Mas a poeira assentou. Quando Rui
Vitória finalmente encontrou o seu onze, a sua matriz, o Benfica tornou-se praticamente
imparável. Ganhou 20 dos últimos 21 jogos do campeonato e bateu o recorde de
pontos num só campeonato: 88.
E apesar do registo
impressionante, é injusto resumir o seu trabalho a meros números. Afinal, fez
aquilo que adeptos e treinadores também tanto gostam: potenciar e valorizar
jogadores. Ederson, Lindelof e Renato Sanches são os principais rostos de uma
aposta na formação encarnada, mas as evoluções exibicionais de jogadores como
André Almeida, Jardel e Pizzi também merecem rasgados elogios.
Onze Ideal GoalPoint:
ResponderEliminarStefanovic (6.38)
Maxi Pereira (5.87)
Diego Carlos (5.94)
Jardel (6.17)
Miguel Layún (5.99)
Lucas Souza (6.25)
Adrien Silva (6.26)
Otávio (6.35)
Pizzi (6.26)
Jonas (6.81)
Brahimi (6.31)