quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Campeonato Argentino: Diferentes ideias de futebol

cronica.com.ar
Chegou ao fim o Torneo Inicial 2013 na Argentina, que coroou o San Lorenzo como campeão. No entanto, à entrada para a última jornada, Lanús, Vélez Sarsfield e Newell’s Old Boys ainda poderiam chegar ao título.

Assisti a diversos jogos, pela televisão, e fiquei impressionado pela competitividade, qualidade técnica de vários jogadores e capacidade tática de algumas equipas.

Também vi a vários encontros de formações brasileiras, tanto em provas internas como internacionais, e não me pareceram intensas e taticamente tão evoluídas.

Por norma, a maioria das equipas revela grande versatilidade tática, sabendo interpretar muito bem os quatro momentos diferentes de um encontro.

O campeão San Lorenzo (4x2x3x1 ou 4x4x2) é um exemplo. Treinado por Juan Antonio Pizzi (recentemente contratado pelo Valencia) e capitaneado pelo ex-sportinguista Leandro Romagnoli consegue praticar um futebol apoiado na maioria do encontro, mas também se sente confortável sem bola, na expetativa, e a contra-atacar, apresentando muita mobilidade nos homens da frente.


Com o mérito de galgar algumas posições nas últimas jornadas, o Vélez Sarsfield (4x4x2) de Ricardo Gareca também procurava jogar apoiado, tanto que os extremos do quarteto do meio-campo eram mais médios-interiores do que flanqueadores. Existia exploração dos três corredores, mas a equipa praticava um futebol algo denunciado. Defensivamente, defendia com todos os homens junto à sua área.

O futebol que mais me deliciou foi praticado pelo Newell’s Old Boys (4x3x3). Não admira que Tata Martino, seu antigo treinador, tenha sido o escolhido para orientar o Barcelona. São muitas as semelhanças no estilo praticado. A circulação e a posse de bola eram feitas com bastante fluidez e a partir do seu guarda-redes, Guzmán, que pela qualidade do seu jogo com os pés, não me admirava que fosse um dos candidatos a render Valdés nos blaugrana. Agora orientado por Alfredo Berti, os leprosos têm nas suas fileiras atletas conceituados como Gabriel Heinze, Maxi Rodríguez e David Trezeguet.

O Arsenal de Sarandí (4x4x2) ficou em 5º lugar e é um clube em ascensão no futebol argentino. O conjunto orientado por Gustavo Alfaro também se sente muito bem sem o esférico, e aposta no contra-ataque. Nos lances de bola parada ofensivos, tem um bónus chamado Nicolas Aguirre, um esquerdino com uma precisão fantástica, seja a cruzar ou a rematar, que vale muitos pontos.

Quanto aos dois emblemas mais conhecidos do país das Pampas, o Boca Juniors (4x4x2 ou 4x3x3) de Carlos Bianchi não foi além da 7ª posição. O sistema tático depende de quem está disponível e da dinâmica que o seu experiente técnico queira imprimir. Podem ou não existir extremos, e o meio-campo pode-se dispor em forma de losango ou ter um duplo pivot. Com Juan Roman Riquelme em campo, a bola tem de passar obrigatoriamente pelos seus pés. Fernando Gago é outro dos futebolistas mais conhecidos.

O River Plate (4x2x3x1) ficou nos últimos lugares, talvez por alguma imaturidade dos seus jogadores, porque existe qualidade. Ao serviço do treinador Ramón Díaz estava o jovem Manuel Lanzini, um playmaker em que reconheço grande talento. Existia até boa capacidade defensiva, e boas ideias no ataque, mas faltaram golos. Rodrigo Mora está emprestado pelo Benfica.



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