Na passada sexta-feira, 25 de Janeiro, João Ferreira esteve no Núcleo de Confraternização dos Árbitros de Futebol no Barreiro para conversar com todos os interessados, nomeadamente os juízes pertencentes a esse núcleo.
O homem que apitou o último
Benfica – FC Porto começou por se apresentar, referindo que tirou o seu curso
em 1987 na Associação de Futebol de Setúbal, depois de ter ganho gosto pela
atividade durante um torneio inter-turmas na sua escola secundária, em que por
falta de árbitros, ele próprio, presidente da Associação de Estudantes, tomou a
iniciativa.
O seu primeiro jogo foi entre as
reservas do Vitória de Setúbal e do Comércio e Indústria, numa noite fria, e a
partir daí, foi sempre a subir. João Ferreira afirmou que ficava chocado com o
ritmo de cada novo patamar, dando o exemplo da subida à III Divisão, em que as
equipas já se organizavam tacticamente, ao invés dos Distritais em que
procuravam sobretudo manter a bola longe da sua baliza. Como curiosidade, o
primeiro jogo que fez na então II Divisão terminou com 7-3, disputado a alto
ritmo, e o segundo… terminou ao intervalo por falta de jogadores de uma das
formações.
O juiz setubalense indicou que um
dos fatores mais entusiasmantes da sua subida à II Divisão, foi ter o
privilégio de poder viajar até às ilhas.
Está há catorze temporadas na 1ª
categoria, e desde 2003 que é árbitro internacional.
Posteriormente, apontou as suas
chaves do sucesso: progressão exigente, trabalho de equipa, preparação técnica
e física constante, e dedicação, esforço e determinação.
Miguel Jacob, também árbitro, que
treina com João Ferreira habitualmente, ao apresenta-lo evidenciou logo o facto
de treinar com o mesmo empenho como se tivesse a iniciar na atividade.
Quanto às dificuldades, referiu a
adaptação a cada patamar e ao futebol de cada divisão, as decisões que contrapõem
a vida pessoal à vida desportiva, a profissão (militar, neste caso) e o mediatismo,
dizendo que não saía à rua livremente dias após apitar um jogo grande.
Ainda durante a sua apresentação,
aludiu a aspetos relevantes como a família e capacidade de sofrimento, mencionando
os dois divórcios que teve e como em novembro de 2011, duas horas e meia depois
de cortar o cordão umbilical ao seu segundo filho, estava a apitar um encontro da
Taça de Portugal.
Os amigos foi outro dos aspetos referidos,
afirmando que a maioria dos que tem atualmente provém da arbitragem.
Por último, a relevância do prazer
pela arbitragem.
Após apontar como conclusões da sua
apresentação o trabalho, a determinação, o espírito de sacrifício e o gozo por cada
momento e cada experiência, respondeu a várias perguntas dos curiosos que se deslocaram
à sede do NCAFB.
A primeira questão estava relacionada
com o sentimento associado ao arbitrar um jogo do seu clube do coração. João Ferreira
afirmou que ao longo dos anos vai-se perdendo a paixão pelos clubes, e que o seu
objetivo era que a equipa de arbitragem fosse a melhor em campo, e comprometer-se
para um jogo sem erros.
Sem indicar por qual dos grandes era
adepto, pelo menos em juventude, afirmou-se simpatizante do Vitória de Setúbal.
Abordado sobre os incómodos lasers,
lamentou que em Portugal continuassem a deixar pessoas utilizar esses objetos, ao
passo que em jogos da Liga dos Campeões, nomeadamente um que ajuizou em Espanha,
quando foi detectado um laser, nunca mais o viu, provavelmente porque a pessoa que
o possuía tivesse sido obrigada a abandonar o recinto.
Sobre se se preparou especialmente
para o Benfica – FC Porto, referiu que fez uma preparação normal, que a nomeação
não lhe criou ansiedade, talvez por estar em fim de carreira, e que procurou fugir
da comunicação social. Falou com os seus assistentes para fazerem o scouting de
ambas as equipas, e apesar de um deles se ter lesionado três dias antes do encontro,
tudo correu bem.
Salientou o facto de ter descansado
imenso antes do jogo, e de a sua preparação mental ter sido a mesma que para outras
partidas, e que trata sempre todas as equipas por igual, sejam de que escalão forem,
“todas merecem o mesmo respeito”.
Questionado sobre se errou no clássico,
João Ferreira foi pragmático e afirmou que depois de ver o jogo, que decidiria de
igual forma, e que por isso deu os parabéns aos seus assistentes.
Apesar de se falar em possíveis expulsões
durante a semana que sucedeu ao jogo, referiu que tentou aplicar a lei do bom
senso, porque eram duas equipas a jogar com um ritmo alto, habituadas a poucas paragens
e a terminarem 11 vs. 11.
Para terminar a sua resposta, disse
que admitia quando errava, e que o jogo visto na TV é diferente do que no campo,
e que não percebe como alguns profissionais do futebol não conhecem algumas das
leis.
Quanto a episódios caricatos, referiu
um CRI – Palmelense, no seu início de carreira, em que para fugir à indignação dos
adeptos, ao tentar fechar a janela do seu balneário, acabou por atirá-la involuntariamente
para o lado de fora, atingindo os indignados.
Outro episódio, também ainda numa
fase inicial, foi quando Carlos Valente, grande nome na arbitragem na altura, entrou
no seu balneário para o elogiar, corrigindo apenas o modo como dava a lei da vantagem.
Ainda indicou um incidente em que
as linhas do terreno de jogo estavam tortas, alegadamente porque o homem que o marcava
era coxo.
Interrogado sobre o que o levou a
recusar apitar o Beira Mar – Sporting, de 2011/12, mostrou-se indignado com uma
reportagem publicada no Record, em que
dava contada da revolta leonina pela sua nomeação, devido aos seus antecedentes
como árbitro de jogos dos verde e brancos, nomeadamente o encontro da célebre “Mão de Ronny”, em 2006/07.
Após uma conferência de imprensa dos
dirigentes leoninos, no dia seguinte à reportagem, em que arrasaram toda a arbitragem,
disse que não se sentia em condições para ajuizar o encontro, alegando estar de
“baixa psicológica”.
Todos os árbitros de 1ª, 2ª e 3ª categoria
também se mostraram solidários e recusaram-se a arbitrar o jogo, naquele que foi,
segundo o próprio, o único momento em que a “arbitragem esteve totalmente unida”.
Chegou-se a colocar a hipótese de boicote aos jogos do Sporting, mas que felizmente,
não se decidiu fazer, e que Pedro Proença apitou o encontro seguinte.
Ainda assim, teve a preocupação em
dizer que não teve apenas conflitos com o emblema de Alvalade, referindo que também
na época passada, denunciou João Gabriel, diretor de comunicação do Benfica, por
este ter afirmado que o árbitro do Benfica – FC Porto (Pedro Proença) errou propositadamente,
beneficiando os dragões.
Quanto ao futuro, apesar de os atuais
regulamentos preverem que este seja o seu último ano de carreira, pode haver uma
alteração que permita que se arbitre jogos até aos 48 anos. O próprio João Ferreira
confessou que se sente em condições para apitar durante mais quatro ou cinco anos.
No final, recebeu uma lembrança do Núcleo de Confraternização dos Árbitros de Futebol no Barreiro.
No final, recebeu uma lembrança do Núcleo de Confraternização dos Árbitros de Futebol no Barreiro.
"A Culpa e do Hassan", um blogue novo criado por 6 estudantes onde todos os clubes estão representados e o projecto e a imparcialidade.
ResponderEliminarPedimos para nos adicionar ao blogroll, uma vez que sou seguidora desta blogue à algum tempo.
Obrigada
Eae cara! Que tal uma troca de links?? www.alcapaodosantista.blogspot.com
ResponderEliminarEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderEliminarQuero fazer sim a troca de Links! Adicione o meu na sua listagem .. http://acervosantosfc.blogspot.com.br/
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