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| Jorge Shéu representou o Castrense ao longo de 12 temporadas |
Um daqueles heróis anónimos do
futebol português, um fenómeno local desconhecido da maioria, mas recordado por
quem acompanhava as equipas do
distrito
de Beja na década de 1990 como um dos principais goleadores da região.
Jorge Martins, mais conhecido
como “Shéu”, era um ponta de lança de elevada estatura que nasceu em
Ervidel,
no concelho de Aljustrel, mas que dividiu a formação entre dois emblemas
bejenses, o
Zona Sul e
Os Tribunas.
Como sénior iniciou-se no clube
da terra natal, o
Alvorada de Ervidel, mas os pelados da
II Divisão Distrital rapidamente
se tornaram palcos pouco apelativos para quem marcava tantos golos.
Em 1987-88 teve uma primeira
experiência nos campeonatos nacionais ao serviço do
Vasco
da Gama de Sines, então a militar na III Divisão, mas acabou por voltar ao
Alvorada na época seguinte antes de representar pela primeira vez o clube em
que mais se notabilizou, o
Castrense,
em 1989-90.
“Vim para o
Castrense
pela mão do
Sr. Cartaxo, que era o treinador na altura. A equipa era muito
jovem, eu conhecia muito poucos companheiros, mas muitos deles acabaram por ser
muito importantes na caminhada para subida da equipa à III Divisão”, contou ao
jornal
O
Campaniço, boletim informativo da
Câmara Municipal de Castro Verde, em
2021.
Depois de uma passagem pelo
Mineiro
Aljustrelense, voltou ao
Castrense
em 1991-92 para ajudá-lo a conquistar o primeiro título distrital da sua
história e a alcançar, consequentemente, a primeira promoção de sempre aos campeonatos
nacionais.
Entre 1992 e 1999, Jorge Shéu foi
a referência ofensiva da
equipa
da zona do Campo Branco na III Divisão Nacional. Ao longo desse período, o
conjunto
alentejano permaneceu sete épocas consecutivas nos patamares nacionais, um
máximo que ainda hoje perdura.
Em 1996-97 obteve a melhor
classificação de sempre na
Série F da III Divisão, o quarto lugar, a cinco
pontos da zona de promoção à II Divisão B, e viveu um episódio especial, numa
deslocação à
Madeira para defrontar o
Santacruzense para a
Taça
de Portugal: “Assim que o jogo terminou, tínhamos que apanhar o avião.
Chegámos ao aeroporto e fomos apreciar a vista, quando nos deparámos com um
terraço com um bar, sem
barman e cheios de sede. Um de nós lembrou-se a ir
tirar uma imperial. Ao fim de cinco minutos, a malta estava toda a beber e
passou dos copos para canecas num instante! Felizmente correu tudo bem, porque não
fomos apanhados, e a viagem foi mais alegre.”
Após a despromoção do
Castrense
aos
distritais
da AF Beja, em 1999, mudou-se para o
União
de Santiago da Cacém, então a militar nos
distritais
da AF Setúbal, tendo ainda passado pelo
Ourique na III Divisão antes de uma
derradeira passagem pelo
emblema
de Castro Verde entre 2001 e 2004, sempre nos distritais.
Após pendurar as botas, aos 36
anos, teve curtas experiências como treinador, tendo sido adjunto no
Castrense
e técnico principal do
Mineiro
Aljustrelense e do Entradense.
Atualmente é supervisor na Sociedade
Mineira de Neves Corvo (SOMINCOR), enquanto desportivamente se dedica ao
cicloturismo.
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