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Luís Campos esteve nas descidas do Vitória e do Varzim à II Liga em 2003 |
Luís Campos é hoje uma figura
conceituadíssima no futebol mundial. É só consultor do presidente do
Paris
Saint-Germain, uma espécie de diretor desportivo oficioso, que se
especializou em
scouting desde que trabalhou como observador do
Real
Madrid então orientado por
José
Mourinho, construiu a equipa do
Mónaco
que haveria de conquistar o título francês em 2016-17 e render centenas de
milhões de euros em transferências e repetiu a façanha monegasca no Lille.
Hoje, é talvez a referência maior
do mundo do futebol quando o tema é
scouting. Tem uma base de dados
própria e um método de observação que visa reduzir o erro, com suporte tecnológico
e algoritmos gerados por dados estatísticos.
Mas antes deste sucesso foi um
treinador com uma carreira modesta e marcada pelo insucesso. O ponto mais baixo
desse trajeto aconteceu em 2002-03, quando começou a época no
Vitória
de Setúbal e acabou no
Varzim
e as duas equipas acabaram por descer à
II
Liga. À beira-Sado – na Póvoa não sei… – ainda há quem o recorde como “Luís
Campas”. A última aventura que teve como treinador foi ao serviço do
Beira-Mar,
em 2004-05, e adivinhem o que aconteceu: os
aveirenses
foram despromovidos.
Mas Luís Campos não se resumia a
essa espécie de toque de Midas invertido. Também chegou a ser divertido, mesmo
que se apresentasse nas conferências de imprensa com um discurso agressivo,
gritos e murros na mesa.
Dois desses episódios aconteceram
precisamente quando (des)orientava o
Beira-Mar.
A 3 de março de 2005, foi eliminado pelo
Benfica
na
Luz
nos quartos de final da
Taça
de Portugal e, sem o dizer diretamente, criticou o trabalho do árbitro. “Se
eu fosse dizer agora o que me apetecia, teria de pagar à Federação 1550 euros
de multa e as minhas filhas não merecem que o pai lhes tire o dinheiro”,
atirou, antes de se levantar e sair da sala de empresa.
Três dias depois, o mesmo
Beira-Mar
que se tinha batido valentemente na
Luz
foi goleado em Leiria pela
União
local por 5-1. “Num dia esta equipa toca na melhor orquestra de Berlim, no
outro toca pífaro na pior tasca”, comentou.
Na época anterior, porém, viveu o
maior momento de glória da carreira, quando guiou o
Gil
Vicente a uma vitória sobre o
FC
Porto de
José
Mourinho, que até então ainda não tinha perdido um jogo em Portugal nessa
época. Era, pois, caso para uma celebração eufórica: “Eu hoje até mandei um SMS
à minha mulher a dizer que era o meu dia, para ela ir jogar no Totoloto que ia
ser o meu dia.”
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