terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

Desceu duas equipas na mesma época, mas tinha boas tiradas. Quem se lembra do treinador Luís Campos?

Luís Campos esteve nas descidas do Vitória e do Varzim à II Liga em 2003
Luís Campos é hoje uma figura conceituadíssima no futebol mundial. É só consultor do presidente do Paris Saint-Germain, uma espécie de diretor desportivo oficioso, que se especializou em scouting desde que trabalhou como observador do Real Madrid então orientado por José Mourinho, construiu a equipa do Mónaco que haveria de conquistar o título francês em 2016-17 e render centenas de milhões de euros em transferências e repetiu a façanha monegasca no Lille.
 
Hoje, é talvez a referência maior do mundo do futebol quando o tema é scouting. Tem uma base de dados própria e um método de observação que visa reduzir o erro, com suporte tecnológico e algoritmos gerados por dados estatísticos.
 
Mas antes deste sucesso foi um treinador com uma carreira modesta e marcada pelo insucesso. O ponto mais baixo desse trajeto aconteceu em 2002-03, quando começou a época no Vitória de Setúbal e acabou no Varzim e as duas equipas acabaram por descer à II Liga. À beira-Sado – na Póvoa não sei… – ainda há quem o recorde como “Luís Campas”. A última aventura que teve como treinador foi ao serviço do Beira-Mar, em 2004-05, e adivinhem o que aconteceu: os aveirenses foram despromovidos.
 
Mas Luís Campos não se resumia a essa espécie de toque de Midas invertido. Também chegou a ser divertido, mesmo que se apresentasse nas conferências de imprensa com um discurso agressivo, gritos e murros na mesa.
 
Dois desses episódios aconteceram precisamente quando (des)orientava o Beira-Mar. A 3 de março de 2005, foi eliminado pelo Benfica na Luz nos quartos de final da Taça de Portugal e, sem o dizer diretamente, criticou o trabalho do árbitro. “Se eu fosse dizer agora o que me apetecia, teria de pagar à Federação 1550 euros de multa e as minhas filhas não merecem que o pai lhes tire o dinheiro”, atirou, antes de se levantar e sair da sala de empresa.
 
Três dias depois, o mesmo Beira-Mar que se tinha batido valentemente na Luz foi goleado em Leiria pela União local por 5-1. “Num dia esta equipa toca na melhor orquestra de Berlim, no outro toca pífaro na pior tasca”, comentou.
 
Na época anterior, porém, viveu o maior momento de glória da carreira, quando guiou o Gil Vicente a uma vitória sobre o FC Porto de José Mourinho, que até então ainda não tinha perdido um jogo em Portugal nessa época. Era, pois, caso para uma celebração eufórica: “Eu hoje até mandei um SMS à minha mulher a dizer que era o meu dia, para ela ir jogar no Totoloto que ia ser o meu dia.” 







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