sábado, 10 de julho de 2021

A nova geração dos EUA que venceu a Liga das Nações e bateu o México oito anos depois

Estados Unidos conquistaram a Liga das Nações da CONCACAF
Desde outubro de 2013 que a seleção dos Estados Unidos não conseguia triunfar sobre os eternos rivais mexicanos em encontros oficiais. Oitos anos volvidos e a equipa norte-americana mais jovem de sempre a alinhar numa final desfez esta sequência negativa, numa vitória épica que resultou na conquista da primeiríssima edição da Liga das Nações CONCACAF. Que geração promissora é esta que tem deixado o universo do soccer em polvorosa?
 
Questionado acerca do curto espaço de tempo de preparação para a fase decisiva da Liga das Nações disputada no início do mês, o selecionador Gregg Berhalter revelou que os jogadores não precisam de mais treinos, mas sim de mais jantares de grupo. Isto diz-nos bastante sobre a acelerada transformação que a seleção norte-americana tem vindo a atravessar nos últimos anos. Se a convocatória que perdeu o apuramento para o Campeonato do Mundo de 2018 já era profundamente distinta daquela que foi finalista vencida na Gold Cup de 2019, a verdade é que o conjunto campeão apresenta hoje uma nova mutação. A média de idades entre a equipa que acaba de se sagrar campeã e aquela que protagonizou um dos maiores vexames da história do futebol norte-americano em 2017 é cinco anos menor. Berhalter e os seus jogadores correm assim em busca das melhores soluções dentro e fora do campo para um grupo cuja maioria vai acumulando as suas primeiras internacionalizações.
 
A primeira prova de fogo da era Berhalter decorreu na última Gold Cup, e a derrota diante do México pela margem mínima na final não foi alarmante, tendo em conta o contexto evolutivo da seleção. Contudo, a qualidade de jogo demonstrada pela equipa em praticamente todos os amigáveis, bem como na Fase de Grupos da Liga das Nações ainda em 2019, pontuada por uma derrota embaraçosa por 2-0 imposta pelos vizinhos canadianos, gerou uma atmosfera de desconfiança sobre Berhalter e o verdadeiro potencial dos Estados Unidos nas suas mãos. Assim sendo, 2021 surge como um ano fundamental para aferir a qualidade do trabalho que está a ser desenvolvido no seio da seleção norte-americana, visto que na agenda cabem a Liga das Nações que agora terminou, a nova edição da Gold Cup que se avizinha, e a maioria dos encontros referentes à qualificação para o próximo Campeonato do Mundo. Ora o exame inaugural deste concorrido calendário acaba de ser concluído com distinção.
 
A fase final da Liga das Nações começou com uma vitória suada sobre as Honduras, obtida nos minutos finais, onde foram novamente evidentes as habituais dificuldades dos norte-americanos em desequilibrar no último terço, mesmo com Christian Pulisic em campo, menos influente do que na última Gold Cup, por exemplo. Uma performance coletiva pouco auspiciosa em vésperas da final contra o México fez com que Gregg Berhalter arriscasse uma mudança tática surpreendente, procedendo não só a algumas alterações ao onze inicial, mas também colocando em campo um esquema de três centrais. O selecionador dos Estados Unidos procurou equilibrar a equipa contra um adversário com muita imprevisibilidade nos corredores laterais, e tendo em consideração que o jovem lateral do Barcelona, Sergiño Dest, ainda compromete nas tarefas defensivas, ofereceu-lhe mais liberdade e resguardo ao colocá-lo no flanco esquerdo. Tornou-se bastante claro que o alinhamento que entrou no relvado estava devidamente construído com o objetivo de fazer sobressair o melhor de cada individualidade. Yedlin e Reyna do lado direito, Dest e Pulisic na esquerda, McKennie e Acosta no miolo do terreno.
 
Apesar de se tratar da equipa norte-americana mais jovem de sempre a jogar uma final, como já foi acima referido, estamos igualmente perante a turma mais galardoada de sempre. Entre a Liga dos Campeões de Pulisic, a Ligue 1 de Timothy Weah, a Premier League de Zack Steffen, e a Taça de Itália de Weston McKennie, só para citar alguns exemplos, o ano de 2021 coroou mais internacionais norte-americanos do que nunca, atestando a crescente pegada dos Estados Unidos nas grandes competições europeias. O adepto comum deseja apenas que todas estas conquistas se traduzam eventualmente na edificação de uma seleção forte, capaz de se bater com as melhores do mundo, e o triunfo sobre o México pode ter simbolizado o início de algo desse género.
 
A final da Liga das Nações pode ser brevemente descrita como um encontro imprevisível de contornos épicos, recheado de ocorrências dramáticas. Tivemos erros defensivos gritantes e fatais, decisões prolongadas do VAR, prolongamento, penalties convertidos e defendidos, contestação e ânimos exaltados entre os jogadores, e até a presença massiva de público no estádio, pontuada negativamente com arremessos de garrafas e copos por parte do público mexicano, e também com a invasão de campo de um adepto. Um jogo tradicionalmente complicado, ideal para testar a mentalidade desta equipa jovem e promissora. Pulisic pode carregar muita da responsabilidade nos seus ombros, mas à sua volta encontramos um conjunto de individualidades capacitadas para se entregarem em pleno, e aliviarem boa parte desse fardo. John Brooks, Zack Steffen, Tyler Adams, Weston McKennie ou Giovanni Reyna, são apenas alguns dos nomes na calha para ajudar à construção de uma das seleções mais fortes da história do soccerSe a seleção mais jovem de sempre é capaz de quebrar um enguiço com oito anos e arrecadar troféus, o que estará reservado para esta equipa quando os seus principais elementos atingirem o pináculo do seu futebol?
 
 
Artigo elaborado por António Ribeiro
 







1 comentário:

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