domingo, 10 de janeiro de 2021

A minha primeira memória de… um jogo entre Benfica e Estrela da Amadora

Benfiquista Roger tenta fugir ao estrelista Lázaro
Tinha presente de que, num sábado de manhã, numa ida à praça com o meu pai, fiquei a saber que o Benfica tinha vencido na véspera o Estrela da Amadora por 2-1 durante o campeonato de 2000-01. Passados cerca de 20 anos, até julgava que esse jogo era referente ao da primeira volta, disputado na Luz e que terminou com o mesmo resultado e a despedida de Jupp Heynckes do comando técnico encarnado, mas afinal era referente ao da segunda volta, na Reboleira.
 
Embora as águias tivessem concluído essa edição da I Liga na sexta posição, durante a viragem do ano (e do século) a formação então já orientada por Toni atravessou um momento bastante positivo, ao ponto de ter entrado no Estádio José Gomes em segundo lugar, após cinco vitórias consecutivas na prova, à frente dos rivais Sporting e FC Porto – o líder era o Boavista, com 20 jornadas já decorridas.
 
O Benfica até tinha acabado de perder o extremo checo Poborsky, mas contava com uma dupla de ponta de lanças em grande forma, entre os melhores marcadores do campeonato: o holandês Pierre van Hooijdonk (nove golos nos cinco jogos anteriores e 15 no total) e João Tomás (dois golos nos dois jogos anteriores e 12 no total).
 
Já o Estrela da Amadora, comandado por Carlos Brito, ocupava a lanterna vermelha do campeonato e estava em posição bastante delicada, a oito pontos da zona de salvação, tendo no plantel jogadores há muito tempo no clube, como Rui Neves, Rebelo, Kenedy, Raul Oliveira, Lázaro, Paulo Ferreira, Gaúcho e Pedro Simões.


Quanto ao jogo em si, os tricolores começaram melhor, abrindo o ativo por intermédio de um goleador que, inacreditavelmente, não chegou a um dos grandes do futebol português, o brasileiro Gaúcho. O passe foi de Paulo Ferreira, do lado esquerdo, ao minuto 14.
 
Aos 20’, deu-se a resposta do Benfica através de uma das especialidades de Van Hooijdonk: a execução de livres diretos. O guarda-redes Tiago (emprestado pelo Sporting) bem tentou, mas não chegou à bola.
 
A meio da segunda parte, João Tomás fez o segundo golos dos encarnados, de cabeça, após um belíssimo cruzamento de Van Hooijdonk (67’).
 
“Fustigada por uma semana demolidora no plano institucional, que culminou com a detenção judicial do ex-presidente Vale e Azevedo, a nação benfiquista expurgou todos os males que, de algum modo, lhe têm vindo a violentar a alma. Tudo por culpa de uma equipa de futebol em excecional período de forma, física e anímica, que conseguiu mobilizar nos últimos tempos até o mais descrente dos adeptos. A vitória na Reboleira, justa, justíssima, num jogo cheio, intenso desde o primeiro ao último minuto, é o paradigma da pujança de uma águia altaneira que mais uma vez provou ter asas para voar. Ali, na relva, porque é de futebol, e só de futebol, que estamos a falar, o Benfica, a equipa de futebol do Benfica, melhor dizendo, passou ao lado de todo o ruído que nos últimos dias se tem produzido. Mostrou raça, evidenciou crença, transmitiu confiança, ganhou o jogo. E isso é tudo o que os adeptos exigem. O resto... é conversa, pura conversa”, resumiu o jornal O Jogo.
 
 
O Estrela acabou mesmo por descer à II Liga, mas regressou à elite do futebol português em 2003-04, ainda que com mais um desempenho bastante abaixo das expetativas. Quando a formação então comandada por Miguel Quaresma recebeu o Benfica de José António Camacho à 15.ª jornada, ocupava o último lugar com apenas sete pontos, tendo já sofrido 37 golos – para se ter a noção, a segunda pior defesa era o Paços de Ferreira, com 25 golos sofridos.
 
Recordo-me de ter visto este jogo num café na aldeia alentejana de onde os meus pais são naturais quando lá passava as férias de Natal, depois de durante a tarde ter assistido a um escaldante Castrense-Amarelejense, e de estar no estabelecimento um homem que não parava de chamar “trator” ao médio benfiquista Fernando Aguiar.
 
Os encarnados, que vinham de três vitórias consecutivas, arrumaram o assunto na Reboleira em pouco mais de meia hora. Nuno Gomes, que na altura ainda não tinha marcado no campeonato, inaugurou o marcador aos dois minutos ao aproveitar uma bola rematada por Zahovic que caprichosamente sobrou para ele. Tiago, com um disparo de meia distância, aumentou para 0-2 aos 10’. E, por fim, o avançado croata Sokota sentenciou o resultado depois de uma bela jogada de entendimento com Nuno Gomes (32’).
 
“Fácil. Ou melhor, muito fácil. O Benfica venceu ontem tranquilamente o Estrela da Amadora por 3-0. E nem foi preciso carregar muito no acelerador, com as baterias a serem poupadas para o jogo contra o Sporting, no dia 4 de janeiro, para ultrapassar um adversário débil, sem ideias e sem o culto da vitória. Os encarnados tiveram a vida facilitada na Amadora, mas também fizeram por isso, é bem verdade, e José António Camacho, frente a um adversário deste calibre, até poderia ter inventado um pouco mais que não teria qualquer problema”, escreveu O Jogo.
 
  
 
Quando as duas equipas se defrontaram na segunda volta, na Luz, o Estrela já tinha descido de divisão, enquanto o Benfica ainda sonhava em roubar o segundo lugar e consequente apuramento para a 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões ao Sporting. Uma das poucas coisas de que me recordo é do tento de honra dos amadorenses, apontado por Davide, então uma jovem promessa do futebol português e quase meu homónimo. Do lado dos encarnados, marcaram Nuno Gomes, Sokota e Miguel.
 
“Com a discussão do segundo lugar ao rubro, tocou em sorte ao Benfica um Estrela da Amadora já despromovido e, como consequência, sem outro tipo de ambição que não fosse a natural defesa do prestígio e dignidade do emblema tricolor. Por isso, e também porque os estrelistas não apresentam de facto argumentos suficientes para merecer ficar na I Liga, acreditava-se na Luz na facilidade de um triunfo que colocaria o rival Sporting sob (ainda) maior pressão, uma vez que os leões só entrariam em campo uma hora mais tarde – só depois se soube que o Sporting acabou por não resistir a essa pressão... E assim se passou o jogo, apesar dos pupilos de José António Camacho terem optado por fazer uma... sesta durante grande parte do mesmo. Os escassos períodos de olhos bem abertos, no entanto, chegaram e sobraram para resolver a questão”, sintetizou O Jogo, que também fez alusão à derrota leonina em Leiria.
 
   











1 comentário:

  1. Aparentemente na MDCSDQT pelos vistos, ainda ninguém reparou que nos últimos 22 jogos, o F. C. Porto usufruiu de uma vantagem de 15 penaltis em relação ao Benfica! Essa é a cruz que, nem Jesus conseguirá carregar sozinho, sem ajuda dos que verdadeiramente querem o sucesso desportivo para o Benfica.

    Desde a 27ª jornada de 2019/20 até hoje, nos últimos 21 jogos para o campeonato (as 13 jornadas de 2020/21 juntamente com às últimas 8 jornadas de 2019/20), o F. C. Porto usufruiu de uma vantagem de 13 penaltis para o Benfica! Se acrescentarmos o jogo, entre as 2 equipas ocorrido na semana passada para a Supertaça, em que mais uma vez, com o jogo empatado, o F. C. Porto usufruiu de mais 1 penalti favorável e o Benfica sofreu mais 1 penalti desfavorável, então em Portugal tivemos, uma diferença de 15 penaltis entre as 2 principais equipas portuguesas, nos últimos 22 jogos! Como na 27ª jornada de 2019/20, o Benfica e o F. C. Porto partilhavam a liderança com 64 pontos, com uma ligeira vantagem de 4 golos para o Benfica em relação ao F. C. Porto, o Fontelas Gomes ou quem conseguir, que explique como o mesmo plantel do Benfica que, só conseguiu marcar mais 4 golos que o seu principal rival em 27 jogos, conseguiria anular uma desvantagem de 15 penaltis nos 22 jogos seguintes?

    O que seguramente, ninguém consegue escrever ou dizer publicamente, é o nome do treinador que encontrou, que já tivesse obtido sucesso desportivo, com uma desvantagem de 15 penaltis para o principal rival nos últimos 22 jogos! Se não encontram esse milagroso treinador, então qual é o objetivo de tentar destabilizar/despedir o atual treinador do Benfica (Jorge Jesus)?

    Veja os dados estatísticos detalhados em http://influenciaarbitral.blogspot.com/2021/01/sos-por-este-mundo-fora-alguem-pode.html

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