Falar da minha primeira memória
de um jogo entre Espanha e Alemanha é falar da final do Euro 2008. Desde que
comecei a acompanhar futebol até então, ambas as seleções apenas se tinham defrontado
em partidas de caráter particular.
Curiosamente, la roja e die mannschaft até nem tinham grandes estrelas do futebol mundial
na altura. Ao olhar para os 30 primeiros classificados da Bola
de Ouro do ano anterior, por exemplo, não havia um único jogador alemão na
lista, e havia apenas dois espanhóis: Cesc Fàbregas (8.º) e Iker
Casillas (27.º).
Nessa altura, Sergio Ramos ainda
era um lateral direito; Xavi e Iniesta eram apenas figuras secundárias no Barcelona
de Frank Rijkaard, que tinha Ronaldinho, Eto’o, Henry e Deco como principais
figuras; havia espaço no onze espanhol para dois jogadores do Valência, Marchena
e David Silva, e para dois do Villarreal, Capdevila e (o brasileiro) Marcos
Senna; e o malogrado Luis Aragonés era o selecionador. Na caminhada até à final
de Viena, Espanha tinha vencido um grupo que também incluía Rússia, Suécia e
Grécia e deixado para trás Itália e Rússia na fase a eliminar.
Espanha - Alemanha (Euro 2008) |
Do lado alemão, o homem do leme
era já Joachim Löw e o Bayern Munique estava bem representado na equipa titular:
Lahm, Schweinsteiger, Podolski e Klose. Poucas estrelas, mas um conjunto de
jogadores que oferecia garantias e um coletivo sólido. Depois de terem ficado
atrás da Croácia e à frente de Áustria e Polónia na fase de grupos, os
germânicos afastaram Portugal e Turquia na fase a eliminar.
Creio que não terei acompanhado a
transmissão do jogo, mas recordo-me perfeitamente do resultado e do autor do
único golo do encontro, que deu a Espanha o seu segundo título europeu, 44 anos
depois do primeiro: Fernando Torres. O então avançado do Liverpool, que já
tinha cabeceado ao poste, recebeu um passe em profundidade de Xavi, ganhou a
frente a Lahm e picou a bola sobre o guardião alemão Lehmann, aos 33 minutos.
“Excecional Espanha, claramente a
melhor seleção do Europeu. Mereceu o ouro. Pelo que fez na final, mas também na
fase de grupos e no mata-mata. Ainda há justiça no futebol. A Espanha volta a
mandar na Europa 44 anos depois; Aragonés torna-se no mais velho selecionador a
erguer a Taça Henri Delaunay; Marchena continua a dar sorte; El Niño marcou o golo decisivo; David
Villa, ausente na final, foi o melhor marcador; Casillas
foi um muro. Palavras para quê? Excecional Espanha, que dobrou, com clareza, uma
Alemanha cínica, mas demasiado rígida nos processos, que não conseguiu suster
as formigas do meio-campo adversário. Para ajudar, Podolski, Schweinsteiger e Ballack
jogaram pouco, quebraram fisicamente muito cedo”, escreveu o jornal O Jogo.
Espanha - Alemanha (Mundial 2010) |
Dois anos depois, uma Espanha
ligeiramente renovada com o efeito Guardiola que levou o tiki-taka para o Barcelona
e a consequente ascensão de Piqué, Busquets
e Pedro, bateu uma Alemanha rejuvenescida com Neuer,
Boateng, Khedira e Ozil
nas meias-finais do Mundial 2010.
Um golo de cabeça de Carles Puyol
aos 73 minutos, na resposta a um canto apontado por Xavi, garantiu o apuramento
para a final do Campeonato do Mundo, a primeira (e por enquanto única) de
Espanha, que assim marcou encontro com a Holanda.
“Espanha conquistou o direito a disputar
a sua primeira final de um Mundial, confirmando o seu estatuto de potência do futebol
e provando que a vitória no último Europeu não foi obra do acaso, mas resultado
de um projeto vencedor e com futuro. Aliás, a Roja, vai procurar repetir algo que apenas a RFA conseguiu até
hoje, ganhar o Mundial depois do título Europeu – França fez o inverso. A
Holanda irá tentar acabar com a maldição, pois perdeu as duas finais que jogou
(74 e 78)”, podia ler-se no jornal O Jogo.
E para o caro leitor, qual é o primeiro jogo entre Alemanha e Espanha de que tem memória? E quais foram as melhores e mais marcantes jogos de sempre entre as duas seleções?
Sem comentários:
Enviar um comentário