Anunciado recentemente como
reforço do Grandolense
para 2020-21, o médio ofensivo luso-angolano Leonardo Leiro vai procurar dar
sequência em Grândola
a um bom arranque no futebol sénior dado no Moitense,
clube pelo qual marcou sete golos na temporada passada.
Numa entrevista em que revelou
ambição, vontade em integrar-se da melhor forma com os novos companheiros e o
sonho de chegar a uma I Liga, o jovem centrocampista descreve-se como jogador,
fala do passado e das ambições que tem na carreira e opina sobre o que entende
ser racismo.
ROMILSON TEIXEIRA - O Leonardo Leiro foi recentemente anunciado como
reforço do Grandolense
para 2020-21. O que levou a rumar até Grândola
para prosseguir a carreira?
LEONARDO LEIRO - O treinador do Grandolense,
Vítor Pereira, manifestou interesse em mim, naquilo que eu podia oferecer à
equipa e ajudar a concretizar os objetivos do clube, portanto dessa forma foi
um ponto importante.
Com que objetivos individuais e coletivos vai entrar na próxima época?
Antes de mais quero conhecer os
meus novos colegas e começar a ganhar elos de ligação com eles, pois acho que
dessa forma é mais fácil depois tudo o que envolve os treinos, jogos, etc. A
nível individual quero sempre fazer melhor, é sempre esse o meu pensamento.
O que conhece do Grandolense
e que opinião tem sobre o seu novo clube?
Até ao ano passado não tinha
grande conhecimento, mas agora obviamente tenho de estar a par do assunto. Do
que já fui me informando, é um clube que está a crescer e talvez daqui por uns
anos esteja num campeonato superior.
O
Grandolense descreveu-o como um "médio ofensivo com faro de golo"
quando anunciou a contratação do Leonardo nas redes sociais. E o Leonardo, como
se descreve como jogador?
Penso que sou um jogador
inteligente. Procuro sempre ver os pontos menos fortes dos adversários para
dessa forma colocar-me em vantagem, sabendo das minhas limitações. Sou
perfeccionista, pois tento sempre fazer para ser melhor em cada treino ou jogo.
Tento errar o menor número de vezes possível, não tendo medo de o fazer.
Do que conhece e vai vendo neste mercado de transferências, quais são
os clubes favoritos à conquista do título da I
Distrital da AF Setúbal em 2020-21?
Penso que dentro das quatro
linhas é que se veem os favoritos, o resto é história.
“Moitense é um clube humilde e que faz imensa gente sair das suas casas para ir ao futebol”
Centrocampista luso-angolano atuou pelo Moitense na época passada |
Na época passada, a primeira do Leonardo como sénior, apontou sete
golos em 20 jogos pelo Moitense,
que estava a fazer um campeonato tranquilo. Era difícil esperar melhor começo
no futebol sénior, e logo no clube onde começou o seu trajeto na formação…
Vou ser sincero, a nível pessoal
foi um bom ano, mas não fiquei satisfeito com o que fiz, tinha objetivos
delineados que não consegui cumprir. Sobre o Moitense,
no ano passado acho que podíamos ter ficado uns lugares mais acima da tabela
devido à qualidade que tínhamos no plantel e certamente vai ser um clube que
vai marcar-me, pois foi lá onde comecei a dar os primeiros toques na bola e que
agora em sénior me deu a oportunidade de mostrar que tenho qualidade para andar
no mundo do futebol. Sempre vi o Moitense
como um clube humilde, da terrinha, que faz imensa gente sair das suas casas
para ir ver futebol. Isso foi das coisas que me fascinou mais, sem dúvida.
O Leonardo fez grande parte do seu trajeto no futebol juvenil na
conceituada formação do Barreirense.
O que a formação tem tão de especial?
A formação é importante. A meu
ver basicamente dá-te ferramentas para quando se chega ao patamar mais alto dos
escalões de futebol poderes mostrar a tua qualidade e tudo aquilo que
adquiriste durante a formação.
No Barreirense
foi companheiro de equipa de Tomás Azevedo, hoje nos sub-23 do Benfica.
Acredita que ele pode chegar brevemente à equipa principal?
Sim lembro-me bem de treinar e
jogar com o Tomás. Já na altura notava-se que tinha muita qualidade e um futuro
promissor, agora tudo depende dele, mas acho que, se esforçar-se e empenhar-se,
pode chegar ao plantel sénior.
“Há casos que não são de racismo, mas que são identificados como racismo”
Leonardo Leiro nos tempos em que atuava na formação do Barreirense |
Quais são as suas raízes em Angola?
Tenho família paterna angolana, mas nasci no Barreiro e cresci num bairro social na Moita, em Portugal. Tive uma infância boa, cresci numa família com educação, princípios e que nunca deixou faltar nada.
Sonha representar a seleção
angolana ou isso é algo que não lhe passa pela cabeça?
Nunca tinha pensado em
representar uma seleção
sequer porque acho que tenho muitos degraus para subir.
Acompanha o futebol
angolano? Que opinião tem e quais são os atletas angolanos que admira?
Não acompanho muito o futebol
fora da Europa, não porque os outros campeonatos não tenham qualidade e mérito
não devam ser igualmente respeitados, mas a meu ver é na Europa onde se
encontra o melhor futebol do mundo e daí se calhar não ter tanta necessidade em
ver outros campeonatos.
O que faz além do futebol?
Agora estou a acabar os estudos e
gostava ainda de poder jogar uma Primeira Liga, seria um sonho tornado
realidade.
Quais são os seus maiores sonhos no futebol e na vida?
Não sou uma pessoa que faz
grandes planos em termos de futuro. Tenho os meus para curto e médio prazo,
depois só o tempo o dirá.
Já́ alguma vez se sentiu vítima de racismo? O que é para si o racismo?
Não. Nunca me senti vítima de
racismo. Esse tema é bastante difícil de ser esclarecido porque decerto que
racismo é um indivíduo/grupo superiorizar-se a um outro baseando-se em preconceitos
de raça. Racismo existe de facto, mas por vezes devia ser levado de uma forma
diferente, às vezes é uma questão de como uma pessoa transmite uma mensagem e
por outro lado de como outra interpreta e resolve manifesta-la. Acho que há
casos que não são racismo, mas são identificados como racismo, mas ao mesmo
tempo para os casos claros de racismo devia haver punição e de certa maneira
uma justiça.
Entrevista realizada por Romilson Teixeira
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